O compra da divisão de telemóveis da Nokia pela Microsoft, hoje anunciada assinala a aposta estratégia que a empresa fundada por Bill Gates está a fazer na mobilidade, e marca o fim de uma era para as duas companhias. Mas a opinião de Francisco Jerónimo, Research Manager European Mobile Devices da IDC, é que as compras que sustentam esta estratégia podem não ficar por aqui.

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"Esta é uma grande aquisição mas admito que a área dos tablets possa ser outro negócio a fazer", refere. Entrevistado pelo TeK, o analista acredita que a Microsoft poderá avançar a breve prazo com a compra de uma fabricante de tablets. Sem querer arriscar nomes, Francisco Jerónimo lembra que a estratégia com o Surface não foi bem sucedida e que a Microsoft já provou que não domina a experiência de utilização.

Nos telemóveis a Microsoft estava pressionada pela aquisição da Motorola pela Google e o crescimento do Android e do iOS, sem que conseguisse que o Windows Phone se aproximasse dos números de quota de mercado da concorrência.

"Com esta compra, é muito claro que a Microsoft vai conseguir desenvolver uma estratégia muito diferente de integração na cadeia de valor que não pode fazer nos PCs", adianta. Mesmo arriscando o desagrado de outros fabricantes que tinham investido no Windows Phone, o impacto não será significativo, já que a Nokia detinha 80 a 90% do mercado de telemóveis Windows Phone.

Na área dos feature phones, os telemóveis de gama baixa, embora não tenham o sistema operativo Windows Phone, Francisco Jerónimo explica que a Microsoft tem todo o interesse em manter o investimento, já que representa uma oportunidade de ganhar presença em mercados emergentes, onde a médio prazo os utilizadores vão fazer a transição para smartphones.

"Nestes mercados é importante que a Microsoft consiga que o Windows Phone seja o primeiro smartphone da maioria dos utilizadores", justifica. "Este é um segmento que está a morrer mas que ainda se vai manter durante alguns anos, e a Microsoft tem todo o interesse em continuar a desenvolver uma linha de equipamentos e até os sistemas operativos mais básicos, como o Asha".

Francisco Jerónimo vê ainda vantagens no negócio para os operadores de telecomunicações, que conseguem balancear um mercado dominado pelos Android e iOS. "O Windows Phone tem todas as condições para desequilibrar o mercado mas faltava dinheiro para investir no financiamento de mais e melhores telefones que agora já existe", acrescenta.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico