A integração da Nokia na Microsoft está finalizada e a fusão das equipas feita, também em Portugal. Luís Peixe, que foi nomeado General Manager da Microsoft Mobile Devices Sales para Portugal e Espanha há poucas semanas, garante que a organização está estabilizada. E prefere sublinhar as vantagens de um ecossistema de maior abrangência em vez de alinhar na perspetiva de um negócio subalternizado ao Windows ou ao Office.

Em conversa com o TeK o responsável pela área de negócio explica também a estratégia do Windows Phone em termos de plataforma e disponibilização de equipamentos em várias gamas de preços e fala do abandono da marca Nokia nos smartphones

[caption]Luís Peixe[/caption]

TeK: Este foi um ano de mudança, de integração da Nokia na Microsoft, como é que correu esta fusão e como reagiram os vossos parceiros?
Luís Peixe:
A integração correu muito bem. Eramos duas empresas necessariamente diferentes, com culturas diferentes mas com uma característica comum que é a forma como as pessoas são reconhecidas, e aí a Microsoft tem a cultura de reconhecer quem faz bem.
A integração em Portugal foi muito simples. No último evento [em junho] já falávamos disso. Mudámos para os escritórios da Microsoft, estamos lá, a trabalhar em conjunto e a identificar oportunidades de negócio em conjunto, e acho que agora já nem faz sentido falar em integração porque estamos perfeitamente integrados. Temos a organização estabilizada.

TeK: E como é que os parceiros, que eram parceiros da Nokia, encararam essa mudança?
Luís Peixe:
A mudança foi muito simples. Aquilo que era o modelo de negócio, o interface das pessoas, tudo se manteve sem alterações radicais. O produto teve a evolução esperada, que teria mesmo que a Nokia se mantivesse como empresa separada, portanto não houve qualquer tipo de percalço. Quer dizer, há os normais do negócio mas não teve a ver com a integração.

TeK: A mudança trouxe vantagens na ligação ao mercado empresarial?

Luís Peixe:
Sim, e não tem só a ver com o mercado empresarial. Quando eramos Nokia o negócio dos telemóveis era um negócio por si, era só aquilo e construíamos o ecossistema que tinha como foco o telemóvel. Aqui é algo mais vasto e abrangente.
Tem a componente empresarial que é muito forte e de facto conseguimos tirar sinergias e vantagens muito interessantes até porque a Microsoft a nível empresarial é enorme, como sabemos, mas tem também todo o mundo de serviços da Microsoft, como esta componente da cloud que é fundamental e traz muito valor à nossa oferat. O nosso negócio como Microsoft já não é o telemóvel por si, é uma componente muito forte de algo que é muito mais abrangente e que tem a ver com trazer a tecnologia para as pessoas de uma forma simples e garantir que têm a plataforma e serviços que permitem a produtividade em ambiente pessoal e profissional, e aí é uma mudança muito grande.

TeK: Não sente que de alguma forma o negócio dos telemóveis fica agora subalternizado face a outros negócios mais importantes em termos de diemnsão e valor?
Luís Peixe:
Eu não vejo como subalternidade, vejo como oportunidade. Acho que o negócio de telemóveis também traz à microsoft uma presença numa área onde não estava - estava só com a plataforma e não com o hardware - e acho que é estratégico construir a plataforma e garantir a massa crítica para garantir que o sistema operativo cresce e é abrangente para os vários ecrãs e nesse aspeto tem grande importância na Microsoft.

TeK: Em termos de portfólio abandonou-se a marca Nokia nos smartphones, não nos feature phones, também aqui está a prazo? 10 anos é o tempo definido para a utilização mas pode acabar antes?
Luís Peixe:
Dez anos nesta indústria é uma eternidade. O que é público é que está na base do acordo a utilização da marca Nokia durante mais 10 anos para o negócio dos feature phones. A decisão foi de transitar já os smartphones, a marca Lumia é a ligação dos dois mundos que vai permanecer e o primeiro equipamento será o Microsoft Lumia 535, nos feature phones continuam a ser Nokia e não temos indicação que vá mudar.

TeK: Em termos de portfólio a Microsoft está a alargar a gama e tem já produtos desde os 79 euros aos 600 euros. Qual o segmento que gera mais volume, é ainda o abaixo de 200 euros?
Luís Peixe:
Aí estamos alinhados com o mercado português, onde tendencialmente o preço médio de venda é mais baixo, e o crescimento está no segmento abaixo de 150 euros e é aí que geramos mais volume. E o foco neste Natal estará muito nestes preços.

TeK: E continua a estar também muito no canal de operador...
Luís Peixe:
O foco no operador é histórico e faz parte da nossa parceria com eles: nós crescemos com eles, eles cresceram connosco e continuamos a trabalhar em conjunto. Os operadores continuam a ser um veiculo de venda e promoção dos telemóveis muito importante e isso não muda, se bem que o mercado SIM free tem a sua importância e nós trabalhamos tanto com uns como com outros. Não há uma estratégia de trabalhar só com os operadores, o que há é o reconhecimento de uma realidade do mercado.

TeK: Vê de alguma forma uma evolução em relação às diferentes faixas de produtos, com a diferenciação entre os produtos de gama baixa, média e alta?
Luís Peixe:
A nossa plataforma tem uma característica engraçada e que é única. No mercado temos três plataformas e há uma que está muito direcionada a um segmento muito alto, temos a nossa e a que é líder de mercado, o Android, tem uma experiência que a meu ver não é uniforme. Se comprarmos um Android de topo de gama temos uma experiência completamente diferente de uma gama baixa. Isso é uma característica que a nossa plataforma tem, em que a experiência é uniforme. Eu se compro um telefone mais caro tenho um ecrã melhor, uma câmara melhor, mas a interação que tenho com o sistema operativo e a simplicidade é transversal.

Agora se quero um ecrã de qualidade, muita memória e uma excelente câmara temos de gastar mais dinheiro. Isso são as regras do mercado e as regras do consumo, sendo que a oferta continua a ser cada vez melhor e a preços mais baixos.

As nossas aplicações estão disponíveis em todos os telemóveis, independentemente do preço, seja o Cortana ou os mapas Here.

TeK: E a propósito do Cortana, quando estará disponível em Portugal? O Centro de Desenvolvimento de Linguagem Natural não ajuda a acelerar o processo?
Luís Peixe:
Não temos data ainda mas estamos a trabalhar nisso. O Centro de Desenvolvimento trabalha para todo o mundo, há a necessidade de nos focarmos nos mercados onde está o maior volume, sendo que estamos a trabalhar para que Portugal esteja no roadmap para breve porque queremos que é um valor acrescentado para os nossos terminais.


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Fátima Caçador