Por Mafalda Garcês (*)

Cibersegurança é uma palavra que apenas recentemente começou a entrar verdadeiramente nos dicionários das pessoas e das empresas. Com o aumento de ataques, quer a nível de quantidade quer a nível de sofisticação, não há como não nos preocuparmos e reavaliarmos uma série de ações que acabávamos por tomar, sem grande reflexão, no mundo online.

É imediato pensarmos em ciberataques como ações que se destinam a aceder a dados sensíveis, a roubar as nossas credenciais e/ou a nossa identidade, mas há outra vertente dos mesmos - e tão ou mais assustadora: a manipulação/redirecionamento da opinião pública. Quer estes ataques se encontrem alicerçados em interesses políticos ou económicos, as consequências podem ser devastadoras.

Esta vertente tem vindo a ser mais notória nos últimos tempos e tivemos, ao longo de 2020 e 2021, muitas fake news a serem disseminadas acerca da pandemia da Covid-19. Neste novo ano, campanhas de notícias falsas continuarão a ser utilizadas para executar, por exemplo, ataques de phishing, levando as pessoas a clicar em links maliciosos.

Mas este não é o único recurso ao dispor dos hackers. A tecnologia deepfake tem ganho terreno e é uma arma extremamente poderosa quando falamos de manipulação de opinião, na medida em que imita de forma extremamente insuspeita vídeos e áudios de personalidades com influência no panorama global, manifestando opiniões cujo conteúdo é especificamente direcionado para manipular a opinião pública, influenciar preços de ações ou, até, justificar intervenções militares.

Se tivermos em mente um exemplo em que as fake news ou a tecnologia deepfake são utilizadas para veicular que determinada empresa criou a primeira vacina contra a Covid-19, esta informação (falsa) pode levar a um aumento do interesse por ações dessa empresa, levando a um ganho económico especulativo. Claro que a especulação existe sempre mas, quando é baseada em dados verdadeiros, pelo menos há mais probabilidade de se materializar. O mesmo podemos dizer de opiniões que são comummente associadas à esquerda ou à direita, com conteúdos disseminados por falsos especialistas em diversas áreas e que vão, inevitavelmente, manipular parte da opinião pública.

A pandemia foi e está a ser o cenário ideal para a evolução deste tipo de ações manipuladoras por parte de quem se esconde atrás de um ecrã - e isto acontece porque, infelizmente, as fontes fidedignas não conseguem acompanhar a velocidade das fontes falsas (que não passam obviamente pela etapa número um e regra de ouro no jornalismo: a validação da informação). Os ataques a que temos recentemente assistido aos meios de comunicação social em Portugal mostram, de facto, que estes hackers encontraram uma rampa de lançamento e não vão parar por aqui.

No meio de tudo isto, as fontes duvidosas de informação vão ganhando mais e mais expressão. E, sabendo da importância basilar que os meios de comunicação social têm na nossa sociedade, para que informação relevante e fidedigna chegue a todas as pessoas, isto é algo que nos devia assustar. A todos.

(*) Country Leader & People Director da Dashlane

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