Por Vasco Mendes de Almeida (*)
O Dia Internacional da Gestão da Identidade é celebrado para reconhecer o impacto transformador da identidade digital como um catalisador para o desenvolvimento económico e a prosperidade. Um relatório do McKinsey Global Institute sugere que, até 2030, a cobertura total de identidade digital poderá gerar um valor económico equivalente a entre 3 e 13% do PIB.
A Identidade Digital é um conceito cada vez mais relevante no século XXI, onde a interação entre cidadãos, empresas e serviços públicos ocorre predominantemente em plataformas digitais. A Comissão Europeia propôs, recentemente, um regulamento para a identidade digital, visando a criação de carteiras europeias de identidade digital que permitirão aos cidadãos e às empresas da União Europeia provar a sua identidade e ter acesso a serviços online em toda a Europa, com a garantia de que a sua identificação digital nacional será reconhecida em todos os Estados-Membros. Esta iniciativa reflete a importância crescente da identidade digital e o compromisso em criar um ambiente digital seguro e de confiança para todos os cidadãos.
O Plano de Ação para a Transição Digital de Portugal, que detalha os pilares estratégicos e objetivos para a digitalização do país, reflete o compromisso em acelerar a transformação digital de pessoas, empresas e do próprio Estado. Portugal tem feito progressos significativos na área da identidade digital, estabelecendo-se como um dos países líderes na Europa neste campo.
Com a identificação digital, é possível aceder a um conjunto de portais públicos ou privados e assinar documentos digitais, sempre com as mesmas credenciais de acesso, eliminando a necessidade de memorizar múltiplas senhas ou transportar dispositivos físicos adicionais para autenticação. Este sistema de identificação digital é um avanço significativo na simplificação de processos e na proteção da identidade online e aqui Portugal tem marcado uma posição destacada.
De acordo com o Índice de Digitalidade da Economia e da Sociedade (IDES), Portugal ocupa a 16ª posição na União Europeia em termos de transição digital, com um desempenho acima da média da UE27 e em 2022 existiam na Administração Pública portuguesa, 490 entidades a utilizar os meios de Autenticação.gov, com mais de 85,6 milhões de autenticações realizadas, 5,7 milhões de adesões à Chave Móvel Digital e 3,2 milhões de Chaves Móveis Digitais ativas. Estes números refletem o sucesso desta iniciativa.
Com a introdução da carteira de identidade digital europeia, os cidadãos poderão autenticar-se de forma segura, realizar pagamentos e armazenar documentos digitais, marcando uma mudança substancial na interação entre indivíduos, instituições e empresas. Este avanço promete simplificar o acesso a serviços públicos e privados, mas também impõe a necessidade de superar obstáculos em áreas críticas como integração, autenticação e autorização.
É importante garantir que Portugal e a Europa, como um todo, possam aproveitar plenamente os benefícios de uma sociedade digital interconectada. Com esforços contínuos e colaboração entre as várias partes interessadas, a gestão da identidade digital pode alcançar novos patamares de eficiência e segurança, beneficiando cidadãos e instituições por igual.
A segurança cibernética é uma preocupação crescente na era digital, e a autenticação avançada oferecida pelas carteiras digitais é uma resposta eficaz a esta ameaça. Ao consolidar múltiplas camadas de segurança, as carteiras digitais não apenas facilitam o acesso a serviços, mas também asseguram a integridade e a confidencialidade das informações dos utilizadores.
Portugal tem demonstrado um compromisso significativo com a transformação digital, conforme evidenciado pelo plano de ação "Portugal Digital". Este plano visa acelerar o país através da capacitação digital das pessoas, da transformação digital das empresas e da digitalização do Estado. Com iniciativas como a formação contínua em competências digitais, a promoção de selos de cibersegurança e a implementação de serviços públicos digitais inclusivos, Portugal está a posicionar-se como uma nação inovadora no espaço digital.
A gestão da identidade está a tornar-se um elemento central na interação entre cidadãos e serviços, e a sua proteção é uma prioridade estratégica para a empresas e instituições, numa era digital, explorando novas possibilidades e criando valor num mercado em constante evolução.
(*) Diretor de Estratégia e Inovação da Minsait em Portugal, uma empresa da Indra
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