Por Fernando Henrique Silva (*)

A inovação é fundamental para garantir uma vantagem competitiva no atual cenário tecnológico, cujo ritmo é muito acelerado. No entanto, não basta ter as ideias e as ferramentas certas: os líderes têm de navegar um caminho estratégico para o sucesso, evitando obstáculos que os possam deixar atrás da concorrência.

Nos últimos dois anos, a IA generativa apresentou-se como uma hipótese entusiasmante para os líderes e as equipas. No entanto, a sua implementação pode ser assustadora. Os desafios são vários, nomeadamente medir o ROI e impulsionar a adoção por parte dos colaboradores, e ao mesmo tempo gerir preocupações como a deslocação de postos de trabalho, a cibersegurança e as questões regulamentares. Embora esta tecnologia seja uma ferramenta poderosa para revolucionar os negócios, é crucial abordar a sua adoção de forma proativa.

Deixo abaixo cinco obstáculos comuns a evitar ao introduzir a IA Generativa na sua organização:

  1. A armadilha da perfeição

Sejamos honestos: esperar resultados sem falhas desde o princípio é irrealista. A IA Generativa ainda está a evoluir e os seus resultados podem ser imperfeitos. O segredo é abraçar a experimentação estratégica, tratando a IA Generativa como uma ferramenta para recolher dados, explorar possibilidades e aperfeiçoar as suas abordagens. Este processo iterativo vai gerar resultados muito mais impactantes do que a procura obstinada por um resultado perfeito, mas potencialmente inatingível.

  1. Paralisia do planeamento

Embora ter uma visão bem definida seja crucial, o ritmo acelerado do progresso tecnológico pode tornar obsoleto um planeamento demasiado meticuloso. Assim, não deve ficar preso ao planeamento excessivo; em vez disso, procure adotar uma abordagem flexível que permita fazer ajustes à medida que aprende e recolhe informações.

  1. Voar às cegas

Não embarque na sua jornada de IA sem compreender claramente as métricas de sucesso. Estabeleça KPIs claros e adaptados aos seus objetivos específicos, e monitorize continuamente as métricas ao longo do projeto, para corrigir o que for necessário. Este processo de feedback em tempo real permitirá identificar o que está a funcionar e o que precisa de ser melhorado, garantindo que as suas iniciativas de IA Generativa se mantêm no caminho certo.

  1. A lacuna de conhecimento

A integração de novas tecnologias requer uma força de trabalho bem informada. No entanto, construir uma compreensão abrangente sobre a IA não acontece de um dia para o outro, e a formação pontual não será suficiente. As empresas devem dar prioridade à formação e promover uma cultura de aprendizagem contínua e de confiança entre a equipa. Incentive a experimentação, a partilha de conhecimentos e a participação ativa no percurso da IA – isto vai permitir à sua equipa adaptar-se à IA Generativa e contribuir com ideias e soluções criativas.

  1. Não defina as suas próprias normas de segurança dos dados

O simples cumprimento dos requisitos de conformidade não é suficiente – no caso da IA Generativa, é necessário cultivar uma cultura de responsabilização pelos dados. Embora possam estar em vigor medidas de segurança básicas, à medida que as regulamentações estão a evoluir lentamente estas não devem ser o seu único guia. Desenvolver um quadro de governação de dados personalizado para a sua empresa é essencial para garantir proteção duradoura e uma gestão responsável dos dados, atenuando o risco de erros dispendiosos e violações de dados que prejudicam gravemente os negócios.

Evitar estes obstáculos pode garantir uma integração bem sucedida e sem problemas e da IA Generativa nas organizações. Esta poderosa tecnologia tem um imenso potencial para transformar as empresas, mas apenas com a adoção de uma mentalidade estratégica, flexível e orientada para o conhecimento.

(*) SVP Digital Solutions, EMEA da CI&T