Por Rui Moura (*)

Num mundo totalmente conectado, a cibersegurança é essencial para qualquer organização, e o setor automóvel não é exceção. Neste, a cibersegurança tem ganho cada vez maior destaque com a mudança do paradigma da indústria – hoje, os veículos são cada vez mais sistemas de software e, portanto, estão continuamente ligados à rede.

Apesar de se investir cada vez mais na definição e adoção de padrões de segurança, costumo referir que esta é uma luta contínua entre o polícia e o ladrão, porque, na verdade, não há sistemas invioláveis. O único sistema de software seguro é aquele que está desligado e guardado dentro de um cofre e de preferência em que a chave está dividida, para ser necessário mais do que uma pessoa para o abrir. E é por isso que as equipas dos fabricantes automóveis contam agora com profissionais de cibersegurança.

Estes profissionais seguem as normas para assegurar a qualidade do produto e os modelos e níveis de segurança de informação - só com estes princípios é que se consegue desenvolver engenharia de excelência. Por exemplo, um caso em concreto dos veículos elétricos é o carregamento, em que a primeira funcionalidade da ficha que irá fornecer energia é estabelecer um protocolo de comunicação seguro entre o carro e o posto, de seguida são validadas informações que estão protocoladas e só depois é que fornece a eletricidade. Ou seja, este trabalho de compreensão, antecipação e constante realização de simulações são essenciais para estar um passo à frente dos atacantes e, caso surja uma vulnerabilidade, ter um sistema de deteção de intrusões e bons processos para dar resposta imediata.

Há ainda um importante tópico a abordar neste âmbito, que é a adoção de Inteligência Artificial (IA) na tecnologia dos veículos e que tem um papel crucial, especialmente na condução autónoma. Nos últimos anos, tivemos uma evolução muito grande neste sentido e a verdade é que, com estas novas ferramentas, é possível melhorar a deteção de vulnerabilidades, de maneira que os sistemas sejam mais robustos e suportem as equipas na proteção dos mesmos.

Atualmente, um carro moderno contém milhões de linhas de código, o que revela a quantidade de software que é desenvolvido para estes veículos do futuro, e por outro lado reforça também a importância da cibersegurança nesta transformação digital. Apesar de operarem nos bastidores, é caso para dizer que, estas equipas de gestão de vulnerabilidades que realizam uma validação de tudo aquilo que está ligado aos sistemas, são super-heróis encapuzados que garantem a segurança da infraestrutura das organizações e de todo o ecossistema em que estão envolvidos. Num mundo cada vez mais tecnológico, em que o setor automóvel teve de se adaptar para corresponder às soluções de mobilidade do futuro, estas equipas assumem um papel central, não só para garantir a segurança dos dados, mas também para que os utilizadores tenham uma experiência de condução positiva e diferenciadora.

(*) Chief Technical Titan na Critical TechWorks