Por Manuel Dias (*)
José Silvano não está sozinho. Afinal, quem mais falta no Parlamento?
Numa semana em que o Web Summit trouxe a Inteligência Artificial, o Blockchain e os Robots Inteligentes para o palco principal, interessa perceber como podemos colocar todas estas tecnologias ao serviço dos cidadãos e em prol de uma sociedade melhor. Como adepto incondicional de Analytics e Data Science, não foi difícil associar este hype tecnológico que vivemos com outro tema da atualidade - a partilha de passwords entre alguns deputados como confirmou a deputada Emília Cerqueira, para “picar o ponto” do seu colega de trabalho, o deputado e secretário-geral do PSD José Silvano.
Antes de mais importa deixar claro que este artigo não pretende efetuar qualquer juízo de valor sobre o funcionamento do Parlamento nem da classe política em geral, mas sim alertar para a importância da disponibilização de informação aberta, com qualidade e atualizada por forma a garantir uma maior transparência das instituições e do Estado.
Assim, tendo em conta as diversas iniciativas de open data que se multiplicam por várias instituições, este trabalho consistiu na recolha e tratamento de dados sobre a atividade parlamentar, com base na secção de dados abertos do Parlamento português, e em particular na assiduidade dos deputados às sessões plenárias do Parlamento desta legislatura que se iniciou em 2015.
Recorrendo ao Microsoft Power BI para toda a engenharia de dados e para a componenete de reporting, foi efetivamente possível efectuar uma análise mais avançada. O resultado final pode ser obtido acedendo a este dashboard aberto ao público, interativo e que permite a análise em diversas dimensões, nomeadamente:
- Análise global sobre o número de faltas ocorridas durante esta legislatura;
- Evolução temporal dos diversos indicadores de assiduidade dos partidos e deputados;
- Análise de assiduidade por círculo eleitoral e por deputado;
- Análise de assiduidade por tipo de faltas.
Há várias conclusões a retirar e estão detalhadas nos vários relatórios publicados, no entanto talvez valha a pena realçar alguns indicadores-chave:
- Num total de 324 sessões plenárias, houve 4.576 faltas, média acima dos 6%!
- Média de 15 faltas por deputado, com PSD a liderar;
- PSD e PAN apresentam o maior racio de faltas por deputado, acima de 18;
- Março é o mês com maior percentagem de faltas;
- Aumento gradual do número de faltas ao longo desta legislatura.
Mais do que os resultados obtidos, esta análise demonstra o quão importante é ter informação atualizada, com qualidade e acessível a todos nós. Só assim poderemos assegurar opiniões fundamentadas e contribuir para uma maior transparência das instituições para com os cidadãos.
Nota: O artigo foi publicado a 19 de novembro no perfil de LinkedIn de Manuel Dias
(*) Manuel Dias é colaborador da Microsoft Portugal mas os seus posts no LinkedIn refletem as opiniões pessoais.
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