Por: Sónia Seixas, Luís Fernandes e Tito de Morais, (*)
A problemática do cyberbullying, que em larga medida acompanha a rápida evolução e disseminação das tecnologias digitais, assume-se como uma preocupação atual de pais, professores, educadores e outros profissionais que lidam ou têm crianças e jovens a seu cargo ou sob sua responsabilidade. Caracteriza-se por uma série de comportamentos que utilizam as tecnologias para, de forma intencional agredir os outros, sendo a sua principal característica o facto das agressões ocorrerem no espaço digital (ciberespaço).
Do ponto de vista dos alunos, o cyberbullying provoca efeitos mais negativos sobre a vítima do que o bullying que ocorre em contextos presenciais, sendo que a maioria dos casos acontece fora do horário escolar, estando as vítimas sujeitas a serem agredidas 24h/24 horas, 7 dias por semana. Para além desta dificuldade em escapar ao cyberbullying, uma vez que o ambiente digital acompanha sempre a vítima, temos noção que os jovens se encontram pouco aptos e pouco cientes das estratégias para se protegerem online, assim como sobre quais as melhores formas de atuar enquanto observadores. Acresce o facto dos alunos cibervítimas, na maioria das vezes, optarem por não contar a ninguém sobre o cyberbullying, contribuindo deste modo, para que muitos dos adultos acabem por não estar conscientes da real incidência e gravidade destes comportamentos. Daqui resultam situações que, quando são detetadas, já se encontram bastante presentes na vida das vítimas e, naturalmente, com efeitos bastante significativos nos seus quotidianos.
Por outro lado, assistimos a imensas situações em que a ação inicial ocorreu de forma espontânea, impulsiva, e não intencional, mas que, devido a muitas particularidades que caracterizam este tipo de comunicação mediada pelos ecrãs (cada vez mais comum entre jovens), degenerou num fenómeno mais complexo, incontrolável e intencional como é o cyberbullying.
Por todos estes motivos, mas principalmente porque afeta os jovens em particular e de forma insidiosa, é fundamental sensibilizar e dotar crianças e jovens com competências de navegação segura na Internet, de modo a que algumas situações se possam de alguma forma evitar ou, pelo menos, conter.
Aproximando-se o National Day of Cyberbullying Awareness, no dia 21 de abril, foi esse o dia escolhido para o lançamento do nosso livro intitulado: “Cyberbullying - Um guia para pais e educadores”, com o principal intuito de se assumir como um instrumento para ajudar pais, educadores e outros profissionais a prevenir, identificar, intervir e combater o cyberbullying.
O livro é constituído por duas partes, uma primeira parte de natureza mais teórica e uma segunda parte de carácter mais prático.
Na primeira parte caracterizamos algumas especificidades da comunicação mediada pelos ecrãs que, por seu lado, ajudam a melhor esclarecer a diferenciação entre bullying e cyberbullying, assim como a compreender a maior ligeireza com que estes comportamentos ocorrem. São também identificadas as diversas formas de disseminação, as ações de cyberbullying mais frequentes e a multiplicidade de papéis que, direta ou indiretamente, os envolvidos em comportamentos de cyberbullying podem desempenhar. Para além destes aspetos, são apresentados alguns sinais que podem constituir um alerta a que nós, adultos, devemos estar particularmente atentos, designadamente em casos de vitimização.
Na segunda parte do livro, de natureza mais prática, procurámos fornecer orientações para a implementação de um plano para prevenir, intervir e combater o cyberbullying, designadamente através de quatro diferentes abordagens: regulamentar, educacional, parental e tecnológica. Nesse sentido, apresentamos uma variedade de estratégias, conselhos e recomendações que, suportadas por uma diversidade de apontadores, facilitam a compreensão não só desta problemática, como também o acesso a documentação, filmes, sites, guiões, entre outros, disponíveis na Internet.
Esta obra integra-se numa iniciativa mais vasta visando a informação, sensibilização e educação para prevenir, identificar, intervir e combater o cyberbullying, incluindo um site de apoio ao livro, presença nas redes sociais, ações de sensibilização e formação, seminários, workshops, cursos presenciais e online, e campanhas de sensibilização sobre o tema.
Ainda que o principal foco do livro sejam os comportamentos de cyberbullying, e o nosso principal intuito seja a sua prevenção, não podemos contudo ignorar os enormes benefícios da utilização da Internet, “uma enorme janela que se abre para um mundo de oportunidades”.
* Autores do livro “Cyberbullying. Um guia para pais e educadores” (Plátano Editora)
Pergunta do Dia
Em destaque
-
Multimédia
Imagens de satélite mostram impacto das cheias em Espanha e ajudam a salvar vidas -
App do dia
App Flying Calmy quer ajudar os mais receosos a lidarem com voos turbulentos -
Site do dia
Pare dois minutos para respirar com a ajuda deste website -
How to TEK
4 dicas rápidas para tirar partido do iPad e tornar-se mais produtivo
Comentários