Por Rui Martins (*)
Visível desde a revolução industrial, a humanidade tem um objetivo, a meu ver, bastante claro: tornar as tarefas repetitivas e redundantes, obsoletas. Um bom exemplo disto é o ato de pesquisar e recolher informação, antigamente o ser humano gastava horas em bibliotecas, um pouco mais tarde passou a minutos em motores de busca, como o Google, e atualmente consegue obter uma resposta em segundos no ChatGPT. Devido à sua rapidez e eficácia, as ferramentas tecnológicas, fruto da inovação, são adotadas em massa, como é o caso da inteligência artificial generativa da OpenAI, que em apenas dois meses conquistou mais de 100 milhões de utilizadores, algo nunca antes visto.
A realidade empresarial não é exceção a esta regra. Contudo, a implementação massificada de modelos como o ChatGPT ou semelhante não é suficiente. Proponho colocar em foco outro método que tem vindo a tornar-se cada vez mais popular, associado à necessidade das empresas de implementar uma infraestrutura digital, criar novos processos e integrar profissionais no modelo de trabalho remoto. Uma combinação que levou a que as organizações tenham que aumentar a eficiência e reduzir custos.
Neste contexto, o RPA (Automatização de Processos Robóticos) está a tornar-se uma solução progressivamente mais popular.
Esta tecnologia permite redirecionar o tempo que é alocado a tarefas rotineiras e repetitivas para atividades mais complexas e de real valor acrescentado para as organizações. Estas soluções utilizam robots de software programados para imitar ações humanas, como clicar em botões, inserir dados em formulários ou extrair informações de sistemas diferentes. A tecnologia já é utilizada em empresas de diferentes setores e dimensões, com o objetivo de melhorar a eficiência e produtividade de negócios.
Em Portugal, as organizações ainda têm um longo caminho a percorrer na automatização e otimização dos seus processos. De acordo com o estudo “O futuro do trabalho em Portugal: o imperativo da requalificação”, conduzido pela Confederação Empresarial de Portugal, 50% do tempo passado em tarefas laborais é suscetível de ser automatizado recorrendo à tecnologia atual, podendo este valor aumentar para 67% em 2030. No contexto global, segundo o World Economic Forum, 74% das empresas já utilizam algum tipo de automação para impulsionar a eficiência e navegar os desafios que enfrentamos atualmente: os receios secundários contínuos de uma pandemia global, inflação e regulamentações cada vez mais complexas.
Ao analisar o estado da implementação de RPA, em Portugal e no mundo, a conclusão é que há uma tendência crescente na adoção destas tecnologias. Nomeadamente, devido à capacidade de, com os mesmos recursos, obter melhores e mais resultados, uma vez que o RPA ajuda a aumentar a velocidade da realização de tarefas. A consequência desta adoção crescente, é a valorização dos profissionais que podem agora desempenhar funções mais motivantes e mais críticas para o sucesso e performance das empresas.
Contudo, esta tecnologia não deve ser vista como uma solução única e “milagrosa” para todos os problemas. É fundamental que haja uma avaliação cuidadosa de todos os processos que serão automatizados, de modo a garantir que o RPA será integrado corretamente com outras tecnologias e processos de negócios existentes.
Não menos importante, deve-se garantir que as equipas recebem a formação adequada de forma a estarem preparadas para trabalhar com os robots de software. É fundamental que entendam como a tecnologia vai melhorar o seu dia-a-dia. A automação não deve ser vista como uma ameaça, mas sim como um forte aliado para a melhoria dos índices de produtividade e eficiência das equipas.
O RPA tem um enorme potencial para transformar a forma como as empresas gerem os seus processos de negócio, permitindo que exista uma concentração em tarefas complexas e estratégicas, e, assim, melhorar a sua produtividade. A tecnologia tem a capacidade de reduzir o erro humano e aumentar a eficiência, o que tornará os processos mais rápidos, precisos e otimizados. Assim, a automação robótica de processos é uma mais-valia para as organizações, permitindo reduzir custos operacionais e aumentar a competitividade.
(*) Head of Automation na Noesis
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