Por Alcindo Ramalho (*)
As apps não estão a chegar, nem vão chegar ao fim, mas a forma como o utilizador se relaciona com elas, sim. Durante muito tempo, prevaleceu a crença de que a aposta em apps seria obrigatória, já que era uma das formas mais imediatas de relacionamento com o consumidor. O resultado foi uma enchente de apps nas lojas dos diferentes sistemas operativos, provocando uma saturação enorme e dezenas de apps disponíveis (muitas vezes a fazer o mesmo).
Se pensarmos bem, é bom relacionarmos com uma marca que nos obriga a fazer download de uma aplicação que ocupa espaço e que mais tarde ou mais cedo vamos (pelo menos, pensar em) apagá-la? A resposta é depende.
Há casos de apps que atingem sucesso, basta olhar para as estatísticas da App Store em 2018: YouTube, Instagram, Snapchat e Messenger ocupam os lugares cimeiros. O que há em comum entre elas? As suas temáticas são entretenimento, redes sociais e instant messaging, que a par dos jogos, dominam os números de downloads de apps em todo o mundo.
Ora se o seu negócio não se enquadra em nenhuma destas temáticas, talvez investir numa app nativa (apps que são descarregadas a partir de uma loja e únicas para um determinado sistema operativo) implique um investimento de tempo e dinheiro que possivelmente não irá recuperar.
Por outro lado, há cada vez mais utilizadores que escolhem o dispositivo móvel como meio de acesso aos canais digitais, pelo que ter uma app continua a ser muito importante. Só não precisa de ser uma app nativa, há uma nova opção, as Progressive Web Apps (PWAs).
De uma forma simples, uma PWA é uma aplicação móvel que é executada a partir de um browser. O seu funcionamento assemelha-se a uma aplicação nativa na forma de interação, pode ser utilizada em modo off-line e permite utilizar recursos do dispositivo através do browser, incluindo a câmara fotográfica. As principais diferenças em relação a uma aplicação nativa é que não é necessário descarregar a app a partir de uma loja de aplicações e o seu acesso não depende de um sistema operativo.
Numa altura em que se pensa mobile first, ou seja, dá-se primazia ao design e à disposição de informação em ecrã de pequenas dimensões, optar pela PWA poder ser um bom complemento ao investimento feito nos canais digitais. A PWA é acedida como se fosse um site, mas como funciona através de uma app shell, o carregamento instantâneo das funcionalidades e recursos críticos são privilegiados, tornando tudo muito rápido, tal como nas aplicações nativas.
Apesar das diferenças entre apps nativas e PWAs serem muito ténues na forma de interação, quando o assunto é visibilidade as diferenças são substanciais. No caso de uma app nativa, esta só é pesquisável através das lojas de aplicações e é necessário percorrer um longo caminho para conseguir chegar ao top 20 da sua categoria, isto se conseguir lá chegar!
As PWAs podem ser pesquisadas através de um motor de busca tradicional, por isso usufruem das vantagens do SEO (search engine optimization) que, à partida, já estará bem trabalhado no site da organização.
Além disso, há outra vantagem, a da partilha. As PWAs têm um link associado, ou seja, é possível partilhar a aplicação através de email ou Instant Messaging e começá-la a utilizar sem ser necessário qualquer tipo de instalação. Mas, se o utilizador desejar, a aplicação pode adicionar um atalho e a PWA aparece no ecrã do utilizador com um link e imagem associados, tal qual uma app nativa.
E em relação a esse tópico tão importante hoje em dia, a segurança? Nas PWAs a segurança é garantida pelo navegador e pelo protocolo HTTPS, visto que as PWAs exigem que o acesso seja feito exclusivamente por este protocolo. Assim, site seguro, PWA automaticamente segura.
Ainda é cedo para afirmar que as PWAs vão ditar o futuro das apps, mas não há dúvida que o estão a revolucionar. O acesso à informação e aos serviços quer-se imediato e sem necessidade de fazer downloads, por isso as PWAs estão em vantagem em relação às apps nativas, especialmente se excluirmos as áreas dos jogos e do social.
(*) coordenador de projeto na Opensoft.
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