Por Fredrik Hagstroem (*)
Por muitos anos, o perfil mais valorizado no mundo da engenharia de software foi o de engenheiro full stack. Este profissional, com domínio de todas as camadas de uma solução — desde a interface do utilizador até ao banco de dados e sistema operacional — era considerado o “menino de ouro”.
Na verdade, os engenheiros full stack trazem inúmeras vantagens para as empresas: uma maior eficiência de custos, resolução rápida de problemas e coesão nas soluções desenvolvidas. No entanto, à medida que as tecnologias evoluem, este perfil está a tornar-se cada vez mais desafiante de encontrar e, possivelmente, irá tornar-se um conceito obsoleto.
A transformação tecnológica dos últimos anos alterou drasticamente o cenário do desenvolvimento de software. Há cinco anos, a escolha de stack tecnológico era limitada e as soluções restringiam-se a opções como o LAMP ou MEAN, o que permitia que os engenheiros dominassem todo o ciclo de desenvolvimento. No entanto, a crescente diversidade de linguagens, frameworks e plataformas, em conjunto com a ascensão de soluções nativas na Cloud, estão a mudar o jogo.
Hoje, os engenheiros têm de lidar com uma gama mais ampla de ferramentas, de linguagens, como Python, e até com plataformas de gigantes como Google, Amazon e Microsoft. Além disso, as novas formas para armazenar e organizar dados, como as Vector e Graph databases, também passaram a entrar na equação. O que antes era o domínio de uma única pessoa — o full stack engineer — agora dispersa-se entre um conjunto de competências muito mais vasto.
Além das mudanças tecnológicas, a composição das equipas de desenvolvimento também está a evoluir. Antes, as equipas eram formadas por grupos multifuncionais que entregavam o software à equipa de operações para gerir os releases. Hoje, as equipas são mais pequenas e autossuficientes, o que exige que os engenheiros dominem um conjunto mais amplo de habilidades, desde o desenvolvimento até à operação do software, incluindo a automação de infraestrutura e a monitorização. Esta situação torna a procura por engenheiros com conhecimento em qualidade, validação de requisitos e DevOps, cada vez maior.
Então, de volta à minha pergunta inicial: Os engenheiros full-stack têm os dias contados? Na minha opinião, o mercado exige engenheiros versáteis, prontos para aprender e adaptar-se rapidamente. O futuro do talento em engenharia de software já não está tão focado em criar engenheiros full stack, que dominam todas as áreas de uma solução. Existem competências poderosas — como a comunicação, empatia e trabalho em equipa— que serão tão importantes quanto as competências técnicas. Já a capacidade de especialização em áreas como analytics para otimizar experiências, ou lidar com infraestruturas de Cloud e edge computing, serão essenciais. O caminho será a especialização?
Assim, considero que o caminho a seguir não está em encontrar profissionais que tenham todas as competências necessárias, mas sim formar equipas onde o coletivo é maior que a soma das partes. O talento do futuro será medido pela capacidade de aprendizagem, adaptação e disposição para colaborar. E, com o apoio de ferramentas de inteligência artificial, os engenheiros vão ter o poder de acelerar a sua aprendizagem e acompanhar a procura crescente por novas habilidades no mercado de tecnologia. O conceito de full stack pode estar a desaparecer, mas o talento versátil e colaborativo está a emergir como o novo padrão.
(*) CTO da Emergn
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