Por Tiago Minchin (*)

As empresas estão a passar por um período especialmente intenso de disrupção tecnológica, independentemente da sua dimensão, do seu setor de atividade ou da sua localização. Aos gestores exige-se capacidade para antecipar as tendências do mercado, inovar e focar atenções na exploração do vasto potencial que as novas tecnologias oferecem aos negócios. Mas, se antecipar é premissa diferenciadora, acima de tudo é fundamental manter um ritmo acelerado de inovação e utilização das soluções tecnológicas que se encontram disponíveis.

Estudos recentemente publicados pela Avanade mencionam a estratégia de inúmeras organizações no sentido de investirem e adotarem tecnologias emergentes, tanto em programas de transformação já em curso, como, em estados mais iniciais, na sua inclusão em planos para os próximos três anos. Porém, são os próprios gestores a reconhecer que não se encontram a explorar na totalidade o potencial tecnológico que (inclusivamente) já possuem, para além de questionarem a cabal compreensão da estrutura quanto à complexidade dessas inovações.

Num estudo internacional que envolveu cerca de 1150 Executivos de todo o mundo, 40% dos inquiridos assegura que destina grande parte dos seus investimentos para evolução tecnológica; contudo, acabam por não a integrar de forma plena nos sistemas, ou seja, não retiram o máximo das vantagens inerentes. Este fenómeno decorre, por um lado, da potencial complexidade da integração de novas tecnologias nas arquiteturas (tanto técnicas, como de negócio) já existentes e, por outro, pela acelerada dinâmica de evolução e diversidade da tecnologia, levando a situações de exploração e adoção limitada das soluções instaladas ou a sobreposição e duplicidade de capacidades tecnológicas dentro da organização. Sendo aparentemente um tema exclusivamente tecnológico, estes constrangimentos resultam igualmente da velocidade de adaptação e absorção da organização aos processos de transformação e ao resultado efetivo de capacitação de recursos humanos, tanto em novos processos e metodologias de desenvolvimento de novas soluções, como na sua utilização e exploração.

O atual contexto de oferta e transformação tecnológica proporciona uma clara oportunidade para reavaliação (que deve fazer parte da cultura das empresas) do potencial não explorado da tecnologia já existente, bem como o exercício de otimização do investimento já realizado. Sendo hoje a tecnologia parte integrante das organizações de forma abrangente, o potencial de maximizar o retorno dos investimentos em tecnologia é extensível a todos os departamentos.

Os resultados da avaliação do potencial tecnológico poderão levar à redução de custos futuros de manutenção e à otimização de investimentos planeados para curto prazo, bem como a um impacto positivo pela disponibilização e consequente adoção de novas capacidades tecnológicas que podem servir o negócio, os clientes e os colaboradores.

A adoção de uma estratégia inovadora e abrangente que otimize a experiência no mercado pode gerar um retorno até 1.8 mil milhões euros para o setor empresarial à escala global. A modernização de plataformas tecnológicas, serviços e espaços de trabalho físicos, que aportem valor do ponto de vista de cultura e experiência dos colaboradores, bem como a otimização dos processos do dia a dia, é um fator diferencial face à concorrência.

Há ainda muito por fazer no caminho que visa uma maior rentabilidade das tecnologias emergentes, mesmo que seja evidente que estas ferramentas são estruturais para quem queira realmente ter sucesso. A maximização do retorno de cada investimento em tecnologia está dependente do nível de adoção das capacidades pela organização. E este é um desafio para toda a empresa: passa em grande medida pela tecnologia, mas depende igualmente da adaptação à mudança e da capacitação da organização.

(*) Country manager da Avanade em Portugal