Por Vasco Afonso (*)
Dizer que a quarta revolução industrial começou, pode parecer precoce, mas quando olhamos de perto para o rápido ritmo de digitalização na indústria de hoje, a ideia não parece assim tão exagerada.
O termo Indústria 4.0 refere-se à combinação de várias inovações importantes na tecnologia digital, algumas delas estão agora a atingir o seu ponto de maturidade. O seu maior impulsionador tem sido as tecnologias disponibilizadas na Cloud que possibilitam o acesso a recursos de computação praticamente ilimitados, serviços de Internet of Things (IoT) que potenciam a interligação de equipamentos industriais e robots com sensores sofisticados que chegam a gerar mais de 5000 informações por segundo, plataformas de BigData e Advanced Analytics que armazenam e processam esta informação sem pestanejar, e serviços de Machine Learning e Inteligência Artificial que permitem atingir novos patamares de eficiência, produtividade e qualidade. Estas tecnologias são muitas vezes pensadas separadamente, mas quando as unimos, conseguimos integrar o mundo físico e virtual e introduzir novas formas de gerir e organizar operações locais ou globais.
As empresas que abraçam a Indústria 4.0 estão a começar a rastrear tudo o que produzem desde a fase de concepção e desenvolvimento até à utilização e destruição do produto, enviando actualizações para produtos complexos mesmo depois de estes serem vendidos (tal como o software que hoje utilizamos é actualizado frequentemente). Este novo movimento está a impulsionar a evolução em muitos sectores da Indústria, sobretudo nas novas fábricas inteligentes com manutenção automatizada que atingem novos patamares de eficiência nos seus processos produtivos.
Independentemente do sector, as tecnologias disponibilizadas hoje na Cloud são um elemento crítico da próxima Revolução Industrial, fornecendo os meios para as empresas inovarem e aumentarem a sua vantagem competitiva. Os recursos de computação, armazenamento e rede fornecidos pela Cloud são o fundamento desta abordagem integrada. É aí que os dados - a matéria-prima para a inovação - residem e podem ser processados. Actualmente, os serviços Cloud são o equivalente à roda de água ou o motor a vapor na revolução industrial original.
Mas esta evolução requer mudanças importantes nas práticas e estruturas organizacionais. Essas mudanças incluem novas formas de desenvolver a arquitectura das TI e gestão de dados, novas abordagens para a conformidade regulatória e fiscal, novas estruturas organizacionais e, o mais importante, uma nova cultura digitalmente orientada, que deve abraçar a análise de dados como uma capacidade corporativa central. Muito mais do que ampliar o seu alcance digital ou vender novos tipos de produtos e serviços as empresas que abraçam esta nova era estabelecem uma nova filosofia e forma de estar que tem impacto também nos seus funcionários e em todo o seu ecossistema de fornecedores, parceiros, distribuidores e clientes, como uma rede digital totalmente integrada e interligada.
Existem, naturalmente, desafios associados à Industria 4.0, contudo dificilmente algum será de cariz técnico ou tecnológico, na maioria dos casos são desafios de natureza humana. Destaca-se habitualmente a (falsa) questão sobre a falta de segurança na Cloud. Qualquer um dos três principais fornecedores mundiais de serviços Cloud (Amazon Web Services, Microsoft Azure ou Google Cloud Platform) investem anualmente mais em segurança do que qualquer empresa portuguesa, contudo esta falsa preocupação é por vezes utilizada como uma forma de evitar a mudança para algo que alguns ainda terão dificuldade em entender. Felizmente, esta não é a visão partilhada pelos CxO’s que percebem que é absolutamente fundamental iniciar este processo de transformação/evolução para que as suas empresas possam não só crescer, mas sobretudo sobreviver.
Este passo deve ser iniciado hoje, apesar de muitos dos produtos e processos envolvidos nestas abordagens serem ainda desconhecidos. No entanto, as empresas que não fizerem este investimento e ficarem à espera do resultado de outras que o fazem, ficarão para trás. As capacidades tecnológicas e os recursos humanos necessários para dar este passo são escassos, mas é aqui que alguns Next Generation Managed Services Providers (NG-MSP), especializados em serviços Cloud poderão ajudar.
Contrariamente às revoluções industriais anteriores, esta está a evoluir a um ritmo exponencial e não linear. Não se trata apenas mudar o "como" fazer as coisas, mas também "quem somos". Para alguns poderá parecer quase imperceptível, mas a quarta Revolução Industrial está a acontecer e, como as três anteriores, será impulsionada pela integração de recursos e novas tecnologias. Ao integrar as tecnologias disponibilizadas pela Cloud, as empresas poderão desenvolver novas aplicações e serviços para prosperar no futuro e subir a um nível totalmente novo.
(*) Head of Public Cloud da Claranet Portugal
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