Por Hugo de Sousa

[caption]Hugo Sousa[/caption]
A Hays publicou recentemente o estudo "Trabalhar nas TI em Portugal - o desequilibro entre procura e oferta de competências" demonstrando o paradoxo entre as necessidades de um mercado com elevada procura de profissionais, o das tecnologias, e a objetiva falta dos mesmos.

O estudou demonstra que 78% dos empregadores considera que o mercado português tem escassez de profissionais qualificados em Tecnologias de Informação. É importante repetir: setenta e oito por cento! Impossível ficar indiferente a este número.

Como é que é possível existir um mercado que procura profissionais e os respetivos profissionais não existem em número suficiente? É uma luz [potente] ao fundo do túnel para salvar Portugal.

Os motivos da escassez são maioritariamente três:


  • 58% - Os profissionais disponíveis não têm experiencia suficiente
  • 56% - fuga de talentos para o estrangeiro
  • 42% - os cursos superiores de TI não se adequam

A área com maior procura continua a ser o desenvolvimento de software, com 42% dos empregadores a considerar como o top das intenções de recrutamento.
Parece mais do que evidente que está na hora de criar um novo desígnio Nacional, tal como o fizemos na época dos descobrimentos onde todo o País estava direcionado para a atividade naval e as descobertas propriamente ditas. Funcionou.

É preciso fazer algo, com elevado sentido de urgência, para tirar partido desta enorme e mais que evidente oportunidade que é aprender a programar.

Portugal tem ainda a vantagem do lag de alguns meses (ou anos) relativamente a Países mais desenvolvidos, como é o caso dos Estados Unidos. Podemos olhar (adaptar/copiar) para o exemplo da iniciativa Code.org onde Bill Clinton, Barack Obama, Steve Jobs, Bill gates, Black Eyed Peas, estrelas na NBA, entre outras figuras conhecidas, apelam a toda a nação para a importância de aprender a programar desde cedo na vida. Há mercado a pedir profissionais como nunca. Se há procura de mercado, há emprego. E, neste caso, emprego qualificado, de elevado valor acrescentado.

Sim, há tecnologia por todo o lado e a tendência é aumentar: relógios que são computadores, tablets de todas as formas e feitios, colunas de som Bluetooth com software embebido, sistemas de entretenimento, casas com domótica, smartphones, phablets, ténis de running, automóveis com software, pulseiras GPS para localização permanente de cães/gatos/crianças/…, e a lista podia continuar. Antigamente associávamos software e "informáticos" a computadores e agora já temos dificuldade em dizer o que é que tem e não tem software para além dos tradicionais equipamentos a que estávamos habituados.

Todos os que se encontram em situação de desemprego ou de atual emprego mas "desajustado para o nível de literacia adquirido", precisam de ter a iniciativa de aprender a desenvolver software. Não devem desistir nem ficar à espera. Por outro lado as empresas do setor das tecnologias precisam de proactivamente acelerar o processo de "produção" de profissionais: criando esta "fábrica" ou contratando uma "fábrica" para o efeito. E se as Universidade não estão a dar resposta, como diz o estudo da HAYS, é preciso criar alternativas. Relativamente ao Estado também há um papel, tal como no exemplo do Code.org: pelo menos o de passar a mensagem da importância das pessoas perceberem que é possível aprender tecnologia tal como é possível aprender qualquer outra área através de técnicas modernas, simplificadas, de aprendizagem. Incentivar.

Está aos olhos de todos nós a oportunidade de abraçar uma nova vida, uma nova carreira, no setor mais empolgante, talvez o mais universal, com uma das maiores procuras do momento: o setor das Tecnologias.

Se antigamente uma criança de 12 anos aprendia a programar num Spectrum, como foi o caso de muitos e, em particular, o meu, hoje em dia uma criança de 6 anos tem há sua disposição técnicas e meios muito mais simplificados, e economicamente acessíveis, para aprender a pensar de forma logica, com vista a estar habilitado a falar uma segunda língua: a língua dos "programadores".
Portugal foi exemplo de auto didatas, alguns com o 9º ano, que estudavam IT em casa, sozinhos, e que hoje têm um papel importante no setor. Formaram-se a si próprios, independentemente da idade ou da profissão que já tinham. Com os recursos que hoje existem na Internet esta tarefa fica ainda mais simples. É possível aprender praticamente tudo, num curto espaço de tempo e, na maioria dos casos, de forma gratuita.

Aprender a programar é um game changer. Ajuda a salvar Portugal.

Se tem necessidade, comece a mudar já hoje aprendendo a programar. Tudo é possível, só depende de si tornar-se programador (software developer).

Há um emprego, uma carreira e uma nova vida à sua espera.

Comece agora a liderar o seu futuro.