Por Lara Campos Tropa (*)

Não precisamos de olhar muito para trás na história para encontrar os eventos climáticos mais impactantes e devastadores. Este ano a Europa sofreu a onda de calor mais forte desde que existem registos, seguida de grandes episódios de inundações em várias regiões. E embora saibamos que a transição energética é uma importante tarefa que está nas nossas mãos para enfrentar a crise climática, acabou por tornar-se um desafio permanente para a humanidade. Os nossos governos e organizações europeias estão a ser obrigados a repensar a diversificação e a autonomia energética, sendo que temos assistido a passos significativos com a intenção de mudar. Todos concordamos que o momento de agir é agora - com responsabilidade, colaboração e foco em resultados.

De acordo com o programa ambiental das Nações Unidas, os edifícios em todo o mundo usam 40% da energia global, 25% da água global, 40% dos recursos globais e emitem 30% das emissões de gases com efeito de estufa (GEE).  Não há momento na COP27 em que não se tenha reconhecido a transformação energética necessária e o ambiente extremamente desafiante que todos vivemos atualmente, sobretudo na Europa. Os planos de sustentabilidade organizacional devem incluir tanto a eficiência energética como a redução das emissões do consumo de energia, o que, por conseguinte, exigirá investimentos em novas tecnologias.

E é bem verdade que as organizações têm assistido a um significativo aumento da produtividade, conseguindo que as suas instalações sejam mais eficientes em termos energéticos, reduzindo as emissões, atenuando o risco climático e prolongando o ciclo de vida dos seus ativos. No entanto, apenas abordámos superficialmente as mudanças que podem ser feitas.

Compreender a energia e a pegada de carbono dos ativos de uma empresa pode ser complexo. Requer agregação e análise de uma imensidão de dados de várias fontes e diversos locais.  A escala dos dados de sustentabilidade que as empresas precisam de recolher requer tecnologia mais sofisticada que permita a sua análise de forma mais automática e uma tomada de decisão mais informada. Estamos, por isso, a trabalhar com empresas para tornar a gestão dos imóveis e de instalações mais eficiente, o que se reflete em benefícios pela redução de carbono e de custos significativos. Por exemplo, a empresa dinamarquesa de infraestruturas Sund & Baelt prolongou a vida útil da sua infraestrutura crítica em 100 anos e evitou 750.000 toneladas de emissões digitalizando processos de manutenção e gestão de ativos.

Assistimos assim, a que cada vez mais organizações estejam a dedicar-se à construção de uma estratégia sustentável, incluindo áreas como ESG (Environmental, Social and Governance), onde eficiência climática, infraestruturas inteligentes, TI verdes, cadeias de abastecimento otimizadas e muito mais, estão na ordem do dia. Aqui, tecnologias como machine learning e IA, que permitem reunir, analisar e fazer inferências sobre os dados de forma mais automática, vêm possibilitar a tomada de decisão mais acertada e atempada. Também a tecnologia blockchain vem reduzir o desperdício de produtos e uma melhor gestão do processo de encomenda, diminuindo por sua vez a pegada de carbono. Estas soluções ajudam as organizações a construírem cadeias de fornecimento mais transparentes, rastreáveis e descarbonizadas através de fluxos de trabalho inteligentes e automação.

Temos também de reconhecer que a tecnologia não é livre de impactos. Computadores, centros de dados e redes consomem aproximadamente 10% da eletricidade mundial. Na IBM estamos a aumentar a adoção de fontes de energia renováveis para alimentar os nossos centros de dados Cloud a nível global. Queremos cumprir com o objetivo de até 2025 conseguirmos obter através de fontes de energia renováveis 75% de toda a eletricidade que a IBM consome em todo o mundo, e 90% até 2030.

Todas as organizações devem também procurar melhorar a eficiência energética dos seus centros de dados e modernizar as infraestruturas de TI para reduzir o seu consumo de energia. Esta redução também se traduzirá numa clara poupança de custos. Por exemplo, o BBVA realizou uma redução de 50% nas emissões de CO2 e no consumo de energia dos seus processadores de dados com tecnologia IBM.

Neste contexto, em setembro deste ano, anunciámos a nova geração do nosso servidor LinuxONE, uma plataforma concebida para oferecer escalabilidade e suportar milhares de cargas de trabalho e que conta com capacidades que podem reduzir o consumo de energia dos nossos clientes. Por exemplo, a consolidação de cargas de trabalho Linux em cinco sistemas IBM LinuxONE Emperor 4, quando comparada com a sua execução em servidores x86 em condições simulares, pode reduzir o consumo de energia em 75%, o espaço no centro de dados em 50%, e a pegada de CO2 em mais de 850 toneladas métricas anualmente.

Hoje, ambição e intenção não são suficientes. A regulamentação, a par e passo, com a responsabilidade de construirmos um mundo melhor no presente, e para as gerações vindouras, impõe ação imediata. Para além disso, as organizações que forem capazes de operar estar transição energética, através de ações concretas no âmbito do ESG, serão também as que terão maior destaque. O desafio é fazer da sustentabilidade um verdadeiro objetivo de negócio com visível retorno de investimento. A tecnologia permite isso mesmo, convertendo crenças em ações através de metas, compromissos e soluções com tradução em resultados mensuráveis.

(*) Cloud, Infrastructure and TSS, IBM Technology, IBM Portugal

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