Nos últimos anos a tendência das fabricantes de computadores foi tentar consolidar numa única máquina as principais utilizações dadas às máquinas. Fosse para produtividade nos estudos e trabalho ou para entretenimento, capazes de correr os mais recentes jogos, as marcas procuravam oferecer as características principais na mesma solução. Nos últimos meses começaram a chegar ao mercado os novos modelos equipados com chips de inteligência artificial (NPUs), preparados com Copilot+.
Abrem-se desta forma novas ferramentas de produtividade suportadas por inteligência artificial generativa. No caso deste Surface Laptop 7 da Microsoft abre portas ao novo processador Snapdragon X Elite da Qualcomm, um chip que pretende ganhar espaço entre o Intel Core Ultra e o AMD Ryzen AI. O processador é baseado na arquitetura ARM e um NPU dedicado a inteligência artificial com capacidade de 45 TOPS.
Veja as imagens do Microsoft Surface Laptop 7ª Edição:
Este processador criado para portáteis Windows mantém algumas das características pelo qual o Snapdragon mantém a liderança nos testes de benchmark nos smartphones. A capacidade de utilizá-lo no multitasking e nas tarefas de produtividade e criatividade permite ao portátil manter-se ligado horas a fio sem necessitar de energia. A sua autonomia destaca-se claramente, como se a Microsoft tivesse finalmente descoberto o secreto da Apple nos seus MacBooks. Obviamente que esse segredo é a arquitetura ARM que está na base dos chips Apple Silicon, a mesma fonte destes novos Snapdragon X Elite. A Microsoft refere que o portátil tem uma autonomia para 20 horas de reprodução de vídeo, mas durante o nosso teste, manteve-se realmente acordado durante todo o tempo do expediente, o que é uma melhoria significativa em relação a outros propostas.
Portátil com arquitetura não pensada para jogos AAA e ainda com incompatibilidades
Se procura um portátil que além da produtividade e uso nativo do Copilot+ ainda possa correr jogos AAA, esta não é a melhor solução. Este processador não foi criado para videojogos, sobretudo pela ausência de um GPU dedicado capaz de aguentar as exigências dos títulos atuais. Isso não significa que não possa correr jogos casuais ou menos exigentes, mas não é a prioridade da configuração desta linha. Afinal, estamos a falar de um GPU Adreno, semelhante aos smartphones.
Mas o principal ponto é mesmo a incompatibilidade dos jogos, maioritariamente criados nativamente para a arquitetura x86 para o Windows, havendo muitos poucos jogos baseados em Arm. Não se trata na dificuldade de adaptação, mas pela falta de suporte das principais plataformas de jogos, como o Steam, Epic Games ou GoG, em distribuir estas versões alternativas. E isso faz com que os developers se retraiam. E sim, esta é também uma das razões pelo qual são necessárias versões específicas para o MacOS, igualmente mais difíceis de obter.
Com os novos processadores da Snapdragon X Elite a chegarem a diversos fabricantes, pode ser que haja uma mudança de paradigma para se dar a mesma importância aos jogos baseados em arquiteturas Arm, que sempre foram historicamente dados à arquiteturas x86. A solução que a Microsoft encontrou foi criar o emulador Prism do Windows 11 utilizado para correr aplicações x86 em computadores Arm com o sistema operativo Windows 11, lançado para suportar os novos processadores da Qualcomm. Durante o teste instalei um jogo com alguns anos, Guild Wars 2, que correu de forma fluída, embora com algumas limitações gráficas.
Ainda no que diz respeito a incompatibilidades de aplicações, ainda há muito trabalho pela frente. Veja a Adobe, que apenas tem a correr nativamente o Photoshop e o Photoshop Lightroom, empurrando para a emulação o Illustrator, Premiere Pro ou inDesign, utilizáveis via web no portal da fabricante. A Adobe afirma que está a trabalhar para lançar o resto da sua suite para estes modelos Copilot+ baseados no Snapdragon X Elite.
Veja o vídeo:
O website Windows on Arm ajuda a ter uma ideia de quais as aplicações que já correm nativamente nestes novos computadores Arm e aquelas que são emuladas. A ferramenta de comunicação Discord é emulada, assim como o Apple Music, Audacity e outras aplicações populares. A lista é atualizada e as empresas continuam a trabalhar para converter as aplicações, o que poderá ser uma questão de tempo para este problema desaparecer.
Um design premium fino e “leve” para levar para todo o lado
O Surface Laptop 7 foi criado para profissionais em movimento, apresentando um design compacto, na direção do concorrente MacBook. O computador pesa 1,34 quilos, considerado leve, mas ainda assim mais pesado de muitos modelos deste segmento empresarial que tentam aproximar-se de 1 quilo.
Mas tem um design fino, com uma espessura da base sensivelmente da porta USB-A. A Microsoft diz que a sua estrutura foi fabricada a partir de 67,2% de materiais reciclados e a liga de alumínio é 100% reciclada. É possível levantar a tampa com apenas uma mão, graças à sua base mais pesada que se “fixa” na mesa.
Destaca-se o seu ecrã tátil de 15 polegadas de com uma resolução de 2496x1536, com uma taxa de refrescamento de 120 Hz. O ecrã mostra imagens com boa definição e detalhadas, tanto a nível das aplicações de trabalho, como a assistir a filmes ou vídeos, em imagens bastante fluídas e cristalinas.
No interior conta ainda com 16 GB de RAM LPDDR5x e um SSD com 512 GB de armazenamento interno. Quanto à conetividade, tem duas entradas USB-C e uma USB-A na lateral esquerda, juntamente com um jack 3,5 mm para auscultadores. Na direita tem o conector de energia proprietário da gama Surface e uma ranhura para cartões microSD.
O teclado retroiluminado é bastante simples, funcionando como uma evolução do tradicional teclado/tampa que completavam os tablets e depois evoluíram para portáteis fixos. Isso nota-se nas teclas demasiado rasas que podem ser preferência de muitos utilizadores, mas que requer habituação por quem utiliza “chicletes” mais elevadas. Devido às suas dimensões não tem o teclado numérico e o cursor está arrumado debaixo da tecla de Shift.
Em destaque está a nova tecla de Copilot que vai ser uma imagem de marca desta nova geração de computadores com suporte a inteligência artificial. Até agora estamos habituados a utilizar o Copilot a partir do Edge ou na aplicação dedicada. O botão serve de atalho imediato a essa aplicação, estando o portátil sempre pronto para responder a alguma questão, a resumir algum texto ou criar imagens.
A configuração do portátil permite executar as tarefas de IA mais rapidamente, com respostas praticamente imediatas, ainda que as ferramentas não sejam exclusivas do Copilot+. Por exemplo, o Paint que foi remodelado no ano passado com suporte em IA generativa, é uma evolução impressionante face à velhinha ferramenta, praticamente inútil aos dias de hoje. A nova versão tem o botão Cocriador onde pode dar prompts de texto para gerar imagens automaticamente que pode adicionar ao projeto que está a desenhar. Esta é uma função dos computadores Copilot+.
É ainda possível obter legendas ao vivo das aplicações de vídeo (premindo CRTL+Win+L) embora haja ainda margem para melhorar a sincronização. No caso do YouTube, o seu sistema de legendas parece melhor. Estas são algumas das ferramentas baseadas em IA que a Microsoft tem "vendido" com o Copilot+, estando para chegar em breve o polémico Recall, em que a IA regista todos os movimentos feitos no computador num histórico.
De um modo geral, este Surface Laptop 7ª Edição é computador portátil muito interessante para profissionais em movimento, que precisem de realizar tarefas que não sejam exigentes a nível gráfico. A autonomia da bateria é talvez o melhor ponto desta proposta e obviamente, as ferramentas de IA dedicadas Copilot+ para utilizadores que já as tenham adotado no seu dia-a-dia. Espera-se agora que a Qualcomm, Microsoft, fabricantes e developers olhem para esta nova classe de computadores Arm para ajustar todas as compatibilidades necessárias.
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