O formato de consolas portáteis continua a expandir-se, num conceito semelhante ao que a Nintendo introduziu no mercado com a Switch. Enquanto se espera pela sua sucessora, muito provavelmente durante o próximo ano, outras fabricantes continuam a explorar este segmento no ecossistema PC: a Valve acaba de anunciar uma revisão da sua Steam Deck com ecrã OLED, mesmo que a sucessora ainda tenha anos pela frente; a Asus lançou a poderosa ROG Ally e a Lenovo também está a fazer chegar ao mercado a Legion Pro. E existem ainda as consolas da Ayaneo, talvez a fabricante com mais experiência no segmento PC.
Por outro lado, há fabricantes a explorar o segmento de cloud gaming, apresentando consolas portáteis para correr jogos em streaming, como a Logitech G Cloud e a Razer Edge. São consolas concebidas para tirar melhor partido da velocidade das redes e oferecer uma experiência dependente de serviços como o Xbox Cloud do Game Pass ou do GeForce Now da NVidia, por exemplo.
Veja na galeria imagens do PlayStation Portal:
A Sony não pretende entrar em nenhuma destas categorias, mas ainda assim oferecer uma proposta para os jogadores de PlayStation 5 usufruírem dos seus jogos em formato portátil. Trata-se do acessório PlayStation Portal, que o SAPO TEK tem vindo a testar em acesso antecipado, disponibilizado pela PlayStation. O periférico chega ao mercado no dia 15 de novembro por 220 euros, mas para o utilizar precisam obviamente de ter uma PlayStation 5.
Portal = DualSense + Ecrã + Remote Play
Tal como havia sido referido na sua revelação, não se trata de uma consola portátil. A Sony chama-lhe leitor remoto e a forma mais fácil de o descrever é dizer que o comando DualSense foi esticado no meio, sendo adicionado um ecrã LCD em cima do painel tátil. Sem qualquer capacidade de processamento, este acessório tem instalado de raiz a aplicação Remote Play, que serve para se sincronizar via Wi-Fi com a PlayStation 5 e jogar os títulos a correrem na consola e a serem transmitidos para o Portal.
O conceito é muito semelhante à Wii U, reduzido à transmissão direta da PlayStation 5 para o Portal via streaming, semelhante ao cloud gaming. E nesse sentido, não é mais que aquilo que já podíamos fazer com um tablet, smartphone ou computador portátil, através da instalação da aplicação Remote Play. Para usufruir dos jogos em formato portátil, apenas tem de ter uma ligação bastante estável de rede Wi-Fi, para que a resolução não se degrade e a latência afete a jogabilidade.
O acessório PlayStation Portal visa sobretudo a comodidade de não ter de usar outro equipamento emparelhado com o comando DualSense. É pegar no acessório, ligá-lo, acordar a PS5 e começar a jogar, com toda a ergonomia que o comando DualSense oferece. Todas as funcionalidades estão presentes no Portal, incluindo o feedback háptico das vibrações, os gatilhos adaptativos, etc. Mesmo o painel tátil do comando foi transferido para o ecrã do periférico, igualmente sensível ao toque.
Durante os testes, o Portal demonstrou-se capaz de oferecer uma experiência portátil de PlayStation 5 semelhante a outras consolas. E foi um autêntico luxo jogar Alan Wake 2 e Marvel’s Spider-man 2 em formato portátil, sentado confortável no sofá. Mesmo que se pudesse fazer semelhante num tablet ou smartphone com comandos adquiridos à parte, que são igualmente uma experiência válida, caso não queira fazer o investimento no acessório oficial da PlayStation. Mas como referido, o periférico dá acesso instantâneo à consola via Wi-Fi, uma ergonomia semelhante à experiência DualSense, mas igualmente dependente de uma ligação Wi-Fi estável, esteja em casa ou em qualquer parte do mundo. A Sony recomenda uma ligação de pelo menos 15 Mbps de velocidade, mas um mínimo de 5 Mbps para funcionar.
Ecrã generoso, mas ligação de áudio wireless limitado
O PlayStation Portal apresenta um ecrã LCD de 8 polegadas, com uma resolução de 1080p a 60 FPS. A imagem é brilhante, colorida e detalhada com os jogos testados. E durante as sessões de jogo foi fácil esquecer que a imagem estava a ser transmitida por Wi-Fi, tal foi a resposta imediata dos comandos do jogo. Claro que ao levar a consola para divisões da casa onde o sinal do router diminuía, a experiência foi naturalmente se degradando, incluindo o WC.
O áudio da consola tem sido alvo de alguma controvérsia. Isto porque a Sony está a testar uma nova tecnologia de transmissão de áudio que recebeu o nome de PlayStation Link. Ou seja, o Portal não suporta Bluetooth, pelo que não é possível emparelhar os típicos auriculares ou mesmo os auscultadores oficiais da PlayStation 5, os Pulse, por ser dependente desta ligação.
Para já, apenas dois sistemas suportam a tecnologia e que ainda estão para ser lançados no mercado: os auriculares Pulse Explore e os auscultadores Pulse Elite. Os primeiros chegam ao mercado no dia 6 de dezembro, mas os auscultadores apenas no próximo ano, a 21 de fevereiro. E não são baratos, sendo os auriculares o mesmo preço do próprio periférico Pulse, enquanto que a nova versão dos Pulse custam 149,99 euros. Em alternativa à compra dos novos sistemas pode utilizar qualquer fonte de áudio com fio, através da habitual ligação jack de 3,5 mm. E os altifalantes embutidos na parte superior do periférico oferecem um som decente, mas sem ser surpreendente.
Veja na galeria imagens dos novos Pulse Explore e Pulse Elite:
Apesar do Portal replicar a navegação da PS5 no pequeno ecrã e correr os jogos, existem outras limitações a ter em conta. Não é possível ver filmes em streaming, a partir das aplicações instaladas na consola para o Netflix, Apple TV+ ou Twitch, por exemplo. Na nossa experiência deu um erro de incompatibilidade. E como a Sony também já tinha apontado, também não é compatível com o sistema de realidade virtual PS VR2.
Talvez a decisão mais estranha seja o facto de não ser possível jogar no formato portátil os jogos de cloud do serviço PS Plus. Por não ter mais aplicações dedicadas como o Plus, seria pouco provável ter uma PS5 a receber o sinal do processamento dos jogos em cloud e retransmiti-los via Remote Play para o Portal. A experiência provavelmente é insatisfatória, mas não deixa de ser uma oportunidade perdida pela Sony em responder às suas diferentes rivais.
Autonomia de 5 horas em jogo pouco exigente
E a Sony perdeu o fôlego no que diz respeito às consolas portáteis, lembrando que a primeira PSP já permitia emparelhar à PS3 via Remote Play para transmitir alguns dos seus jogos e depois a Vita em conjunto com a PS4 mostrou estar muito à frente do seu tempo, garantindo também cross-play. Talvez fosse uma ideia bastante interessante se a Sony recuperasse a Vita, pelo menos numa atualização de firmware que a compatibilizasse com o Remote Play da PS5, cumprindo o papel do Portal.
Relativamente à autonomia do Portal, considerando que um comando DualSense pode durar seis a 10 horas, dependendo dos jogos, se usam mais ou menos os motores internos de vibração; não seria de esperar que a autonomia do periférico surpreendesse, considerando que ainda tem um ecrã ligado durante as sessões de jogo.
Durante o nosso teste a jogar Alan Wake 2, que consideramos não ser um jogo muito ativo em termos de uso dos motores do comando, com a bateria totalmente carregada, o Portal durou 5 horas até dar sinal de baixa bateria, durando ainda mais alguns bons minutos na “reserva” até necessitar recarregar. Ainda assim, apresenta mais autonomia que a maioria das consolas portáteis, embora não se compare a utilidade de cada uma. O periférico carrega através de uma entrada USB-C, tendo sido fornecido um cabo com esta ligação em ambas as extremidades para poder carregar na consola, por exemplo.
A primeira vez que se pega no Portal terá de conectá-lo à rede Wi-Fi de casa, seguindo-se a autenticação na conta PlayStation, de forma a emparelhar com a PS5. É um processo simples e direto. Quando liga o periférico apenas necessita premir o botão PlayStation ou tocar no ecrã para acordar a PS5. De notar que precisa manter a consola em modo de repouso para poder interagir com ela, assim como nas suas definições ativar o modo Remote Play. Estabelecida a ligação pode aceder ao jogo que está a correr em suspenso, processo que deverá demorar breves segundos.
O Portal tem a mesma configuração de botões do DualSense, adicionado ainda os de volume, energia e um para emparelhar os acessórios de áudio PlayStation Link. Já nas opções de definições tem acesso ao botão de desconectar da PS5, com opção de colocar a consola em modo repouso e regular o brilho do ecrã. Tem um estranho modo Voo, que considerando que a única coisa que a consola faz é transmitir via Wi-Fi a imagem da consola, este parece redundante, uma vez que desliga o acesso à PS5 quando é ativado. Deverá ser apenas uma medida de segurança para quando viaja com o periférico.
Nas definições avançadas pode ainda aceder a opções da rede, informações do sistema, mudar a língua, data e hora e ainda verificar atualizações da consola. Também pode definir quando o Portal entra em modo de repouso por inatividade para poupar energia.
No geral, o periférico tem um design que dá continuidade à linha do comando DualSense. Como se este tivesse esticado a sua traseira para albergar o ecrã, numa peça única. É um periférico leve, pesando 510 gramas, embora obrigue a ter os braços um pouco mais abertos do que estar a segurar num DualSense normal. Mas pode sempre encostar a parte inferior do ecrã ao peito, caso precise de encontrar posições alternativas de conforto de utilização.
A parte superior do ecrã está envolvida no plástico do comando em geral, tornando-o mais firme e robusto, mas na zona inferior, senti que o ecrã estava mais exposto e desprotegido, o que poderá não ser muito amigo de quedas. Uma nota para o local onde se encontram as entradas de jack 3,5 mm e USB estarem escondidos na traseira, a meio do ecrã. Por um lado, evita que se vejam cabos a sair do topo do periférico, por outro senti que era de acesso difícil para introduzir os dedos e puxar a ficha dos auscultadores. Dei por mim a puxar pelo próprio fio, em vez do ponta, o que poderá danificar o fio a curto prazo.
De um modo geral, o PlayStation Portal é um periférico que ninguém pediu, mas que depois de alguma utilização é uma excelente forma de jogar em modo portátil. Considerando que tem uma ligação Wi-Fi rápida e estável, e tome a decisão de ter um acessório oficial que pode ser perfeitamente contornado por um smartphone ou tablet através da aplicação Remote Play.
E o preço poderá ser um pouco elevado para aquilo que o periférico se compromete fazer. Uma descida do preço ou até mesmo, ser vendido em bundle com um dos grandes títulos da PS5 poderá tornar esta proposta mais apetecível. Até porque não pode ser usado como um comando secundário, descartando a ideia de o adquirir como “desculpa” para ter um segundo controlador DualSense.
Pergunta do Dia
Em destaque
-
Multimédia
Indiana Jones regressa de chicote para nova aventura em videojogo. Qual é o enigma do grande círculo? -
App do dia
Google Maps torna-se guia local e indica "pérolas" escondidas nas suas viagens -
Site do dia
GOG tem novo programa de preservação de videojogos -
How to TEK
Saiba como definir o tempo limite que as crianças podem jogar Fortnite
Comentários