Em 2014 a BitSight decidiu investir na portuguesa AnubisNetworks e instalou em Portugal o seu hub para a Europa, Médio Oriente e África, que tem vindo a crescer e que já conta com mais de 230 pessoas. Mas o objetivo é continuar a crescer o negócio, como foi perceptível na conferência BitSight Xperience, que se realizou em Lisboa e da qual o SAPO TEK foi media partner.

Em entrevista, Stephen Boyer, que se mudou recentemente para Portugal, detalha as razões que justificam o investimento e os planos de crescimento. “Encontrámos em Portugal pessoas com muita competência técnica, que falam bem inglês e o país está a uma distância relativamente pequena de Boston [a sede da BitSight], com 5 horas de diferença horária”, afirma o co-fundador da BitSight e CTO da empresa, lembrando também que o país é lindo e tem uma gastronomia incrível.

“Estamos cá há 8 anos e a Europa é a nossa geografia com maior crescimento, dada a procura que vemos há uma oportunidade para continuar o crescimento”, defende Stephen Boyer, admitindo que num espaço curto de tempo pode duplicar o número de recursos.

“Estamos a recrutar de forma muito agressiva”, afirma, apontando oportunidades não apenas nas áreas técnicas mas também de línguas, vendas e suporte.

A liderar o negócio da EMEA a partir de Portugal, Stephen Boyer admite que a região da África está ainda num nível muito reduzido de cibersegurança. “Trabalhamos com alguns países, mas têm poucos recursos e estão a começar”, admite, referindo porém que a África do Sul está mais avançada e já com algum potencial.

Num negócio baseado em informação, que permite a construção de ratings de cibersegurança que são instrumentos de decisão para as organizações mas também cada vez mais indicadores com reflexo económico, a BitSight está também a fazer evoluir o negócio com a Moody’s que investiu na empresa.

Stephen Boyer defende que a BitSight quer ter indicadores mas também explicá-los melhor para ajudar a tomar decisão. “Vamos dar informação para avaliação do risco e decisão de correção, e para as pessoas poderem ter dados que transformam em ações de correção”, afirma, mas garante que o objetivo não será implementar as soluções. “No futebol também é preciso ter um árbitro. Não pode estar a jogar para uma das equipas”, defende, lembrando que a Moody’s também tem esse modelo nos indicadores financeiros.

Prioridade para a cibersegurança

Nos últimos anos a cibersegurança ganhou maior importância na avaliação de risco das organizações. “O facto de estar no top 3 das prioridades das empresas é uma grande mudança. Há 10 anos nem estava no top 10, agora é uma prioridade e essa é uma das grandes mudanças a que assistimos”, justifica o CTO da BitSight.

Numa análise da maturidade das empresas perante a cibersegurança Stephen Boyer reconhece que não existe risco zero. “O que vemos é que as organizações que são muito boas a fazer os básicos bem têm menos possibilidade de se encontrarem em situações mais difíceis”, afirma, lembrando que para além das ferramentas e frameworks que existe também podem ter ajuda dos governos, que em alguns casos estão a tomar medidas mais proactivas, como acontece na Bélgica.

“Acho que vai haver diferentes modelos para a colaboração entre os governos e as empresas”, explica, admitindo que ao contrário do que diz respeito à segurança física, onde existem polícias e militares, na cibersegurança as empresas estão muito sozinhas a enfrentar estes desafios.

A questão de diferentes culturas e visões de ambientes de partilha mais ou menos abertura de informação foi também abordada, mas o co-fundador da BitSight admite que “sinto que precisamos de novas soluções. Cada país vai ter de decidir com o que está confortável, alguns têm mais desconfianças do governo, mas se as organizações conseguirem ter confiança no governo pode haver muito progresso”.