Desde 2006 que o Laboratório de Robótica do Departamento de Eletrónica Industrial da Universidade do Minho (UMinho) se dedica a adaptar brinquedos eletrónicos para crianças com paralisia cerebral, para transformar a quadra natalícia numa época ainda mais especial. Em 2020, devido à pandemia de COVID-19, não foi possível levar a cabo a campanha, mas ela está agora de regresso e traz novidades.
Ao SAPO TEK, Fernando Ribeiro, professor da UMinho responsável pela iniciativa, explica que, neste ano, os brinquedos que serão adaptados são novos, tendo sido oferecidos pela Câmara Municipal de Guimarães e a SalusLive – Centro Terapêutico.
Neste ano, há também a possibilidade de os pais inscreverem as suas crianças para receberem um brinquedo adaptado gratuito, enviando um email para geral@saluslive.pt. De acordo com Fernando Ribeiro, a equipa vai fazer a validação das candidaturas recebidas, de modo a verificar se as crianças em questão têm condições para receber este tipo de brinquedo, enviando-os depois, numa iniciativa que se aplica a todo o país.
A primeira fase da campanha, que decorre entre os dias 7 e 13 de dezembro, será dedicada à adaptação dos brinquedos eletrónicos. Durante esta semana, o Laboratório de Automação e Robótica será transformado numa autêntica fábrica natalícia, com um grupo de cerca de 25 voluntários, entre alunos, investigadores e docentes.
Tal como o responsável tinha explicado ao SAPO TEK em 2019, os brinquedos para crianças com paralisia cerebral têm custos elevados, muitas vezes incompatíveis com os orçamentos das famílias cujos filhos têm esta condição.
Assim, o processo de adaptação passa por mudar o funcionamento de brinquedos eletrónicos comuns, de modo a que as crianças possam acioná-los por si próprias, incluindo um interruptor externo que pode ser ativado com o pescoço, com o pé ou com a mão.
Recorde algumas imagens da edição de 2019 da campanha
“Normalmente, todos os anos, adaptamos entre 70 a 80 brinquedos”, indica Fernando Ribeiro. As modificações são feitas com componentes eletrónicos, neste caso oferecidos pela botnroll.com, e a equipa da iniciativa tem, por vezes, adaptar algumas das placas de eletrónicas que estão no interior dos brinquedos.
“Quando a comunidade se junta, uns trabalham, outros oferecem componentes, outros oferecem brinquedos e fazem com que tudo funcione” para trazer mais alegria ao Natal das crianças. “E é assim que deveria ser”, enfatiza Fernando Ribeiro.
Já a segunda fase da campanha, que decorre entre 14 a 17 de dezembro, consiste na entrega dos brinquedos adaptados às crianças. Neste ano, a equipa de ajudantes natalícios também vai participar no processo de entrega aos mais novos.
“Nos primeiros anos, nós enviávamos os brinquedos e havia uma entidade que os entregava, mas, depois, os meninos e as meninas começaram a pedir se podiam conhecer os «Pais Natal». Nós achamos a ideia engraçada e então vamos lá entregar os brinquedos e estar um bocadinho com as crianças”, afirma o responsável pela iniciativa.
Como recorda Fernando Ribeiro, a realização da campanha traz sempre momentos marcantes, tanto para as crianças que recebem os brinquedos, como para a equipa que os adapta. Um deles passou-se quando a equipa foi entregar brinquedos a uma instituição e as crianças receberam-na também com prendas.
“[As crianças] fizeram umas almofadas de cheiro pintadas por elas. Aquilo para nós foi absolutamente espetacular, não estávamos à espera daquilo: elas próprias acharam que deveriam agradecer de alguma maneira e para nós foi um momento muito, muito marcante”, relembra.
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