Esqueça o HD ready, o Full HD e até mesmo as imagens em 3D: a grande tendência dos próximos meses - ou anos - será o vídeo em 4K. Para alguns utilizadores esta será apenas mais uma arma para a indústria da eletrónica de consumo vender equipamentos; para outros uma tecnologia que promete resoluções de imagem semelhantes às do cinema digital em sala, mas ao alcance de qualquer utilizador doméstico, usando um videoprojetor ou um televisor com grandes diagonais.

Mas o que é o Vídeo 4K? Basicamente, é o próximo passo no desenvolvimento das tecnologias de vídeo em alta resolução, que promete quadruplicar a qualidade das imagens que hoje já consumimos no formato Full HD. Este standard, já usado no cinema digital profissional e na computação gráfica desde meados de 2004, deve o seu nome à resolução horizontal das imagens que permite, na ordem dos oito milhões pixéis, contemplando tecnicamente vários tipos de resolução, de acordo com o contexto de utilização e o formato de ecrã: resolução de 4096x3112 pixéis (rácio de imagem de 1.32:1); 3656x2664 pixéis (rácio de 1.37:1); 3996x2160 pixéis (1.85:1 de rácio); e 4096x1714 pixéis (rácio de 2.39:1).

A estas quatro resoluções há ainda que juntar o chamado QFHD (acrónimo de QuadFull HD, também designado por Ultra FULL HD), que duplica a resolução vertical e horizontal das imagens Full HD. Ou seja, permite gravar e reproduzir vídeos com resolução de 3840x2160 pixéis.

No quadro que mostramos abaixo são comparadas as resoluções mais usadas face à tecnologia 4K

[caption]quadro comparativo[/caption]

Tal como noutras resoluções e tecnologias, para se poder utilizar vídeos em 4K são necessários dois componentes essenciais: conteúdos e equipamento de reprodução. A estes dois adicione-se ainda o equipamento disponível em quantidade para gravar vídeo em 4K, bem como suportes físicos que permitam tornar os conteúdos disponíveis ao consumidor.

Conteúdos 4K

Começando pelos conteúdos, são ainda raras as propostas comerciais em vídeo 4K ao alcance do consumidor, mas o surgimento dos primeiros filmes para uso doméstico provam exatamente o despontar desta tecnologia.


No início de Julho, o TimeScapes foi apresentado na Nova Zelândia como o primeiro filme em 4K a ser comercializado ao público. Realizado por Tom Lowe e com música do neo zelandês Nigel Stanford, é uma obra de 50 minutos com imagens noturnas, disponibilizado numa resolução de 4096 x 2304 pixéis. A imagem que mostramos a seguir, valeu a Tom Lowe o prémio de Fotografia de Astronomia do Ano em 2010.

[caption]Timescapes[/caption]

O filme é comercializado na sua melhor resolução dentro de um disco rígido, por 299 dólares, através de uma pen USB, com um preço a rondar os 100 dólares, ou no serviço iTunes, numa edição especial para Mac Retina Display.

Eis o trailer oficial do filme:





Outra fonte de filmes em resolução 4K é o próprio YouTube, que desde 2010 possui um canal próprio com cinco vídeos nesta resolução.

Onde visionar filmes e vídeos em 4K?

Mesmo com conteúdos em resolução 4K, será necessário possuir um televisor, monitor ou um projetor de vídeo compatível com esta tecnologia. As primeiras propostas para o mercado doméstico, disponibilizadas em quantidade, começaram a surgir sobretudo desde o início deste ano, existindo já cerca de duas dezenas de fabricantes com produtos compatíveis.


Marcas como a Sony, Barco, Mitsubishi, Panasonic, Viewsonic, Sharp e Eizo, por exemplo, comercializam já videoprojetores e monitores com suporte a resolução 4K, enquanto a Toshiba (modelo Toshiba 55ZL2) e a LG (modelo 84LM9600) assumem-se como os primeiros fabricantes de televisores domésticos compatíveis com esta resolução de vídeo.


Como em qualquer tecnologia que desponta, a esmagadora maioria destes equipamentos possuem ainda preços proibitivos para a maioria dos consumidores, podendo chegar facilmente a várias dezenas de milhar de euros.

[caption]videoprojetor Sony[/caption]

Se já existem filmes em 4K, bem como ecrãs, monitores e projetores para os visionar, o passo seguinte da indústria é disponibilizar equipamentos A/V para sistemas de cinema em casa, que garantam a reprodução de vídeos nesta resolução. O que tem acontecido com maior frequência nos últimos dois meses.

Eis alguns Recetores AV compatíveis 4K já disponíveis no mercado:


  • Denon AVR-2113

  • Denon AVR-2313

  • Denon AVR-3313

  • Onkyo TX-NR5009

  • Pioneer SC-1222

  • Pioneer SC-1522

  • Yamaha RX-A3020

  • Yamaha RX-A2020

  • Yamaha RX-A1020

  • Yamaha RX-A820

  • Yamaha RX-A720


Um Recetor AV não será propriamente essencial para conseguir reproduzir conteúdos 4K em casa, mas os vários modelos já disponíveis no mercado possuem uma característica que poderá tornar-se interessante: a capacidade de fazer upsampling de imagens em Full HD para resoluções 4K, permitindo ao utilizador usar os blu-rays que tem em casa e, dependendo do recetor usado, melhorar a resolução da imagem.

Outra alternativa a esta técnica de upsampling de imagem é também fornecida pelo novo leitor de Blu-ray Sony BDP-S790, que tem a capacidade de processar - e aumentar - a resolução Full HD de um filme para 4K.



Gravar vídeos em 4K

Enquanto a maioria dos fabricantes de máquinas fotográficas digitais usam a gravação de vídeos em Full HD como argumento de venda, e os 1080p começam a ser norma nas câmaras de vídeo domésticas, algumas marcas começam a disponibilizar câmaras com capacidade 4K para o mercado semi-profissional - já ao alcance de alguns consumidores mais abonados.



Por exemplo, JVC e Canon já têm em catálogo câmaras de vídeo compactas com gravação em resolução 4K e mesmo algumas máquinas fotográficas profissionais - como as novas Canon EOS C500 e EOS-1D C DSLR - já permitem gravar imagens em movimento até uma resolução de 4096x2160 pixéis.

[caption]câmara Canon EOS C500[/caption]

Embora seja o último elo da cadeia dos utilizadores que pretendem usufruir conteúdos em 4K, a disponibilização de câmaras de vídeo mais acessíveis, com capacidade para gravar nesta resolução, é também um forte impulso para a implementação da tecnologia 4K no mercado de consumo.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Nota da Redação: Esta montra foi originalmente publicada em Julho de 2012, sendo agora revista e novamente editada