Marcaram uma era dourada na indústria da exploração do cosmos, mas chegaram ao seu fim. Sem combustível, Kepler e o Dawn foram reformados pela NASA, depois de, em conjunto, terem cumprido mais de 20 anos em missão.

Lançado em 2009, o telescópio Kepler foi maioritariamente utilizado para recolher dados e sinais que permitiram a deteção de milhares de planetas que orbitam nas estrelas que existem para além do nosso sistema solar.

A sonda Dawn tem mais dois anos de experiência, e foi aplicada no estudo aprofundado dos dos maiores objetos que populam a cintura de asteróides. No entanto, apesar de terem começado a trabalhar em anos diferentes, as duas aeronaves partilham várias semelhanças, não apenas por estarem "na reserva", mas sobretudo por terem permitido o desenvolvimento da ciência de forma substancial.

A Dawn foi a primeira sonda a orbitar um corpo celeste entre Marte e Júpiter, e a primeira a orbitar mais do que um destino do espaço profundo. De 2011 a 2012, a nave espacial estudou o asteróide Vesta antes de protagonizar uma manobra sem precedentes ao abandonar a sua órbita para viajar até Ceres. Este último asteróide foi observado ao longo de três anos e meio e permitiu a descoberta de materiais que podem justificar a ideia de que os planetas anões alojaram oceanos durante grande parte da sua história.

O Kepler, por sua vez, ajudou a revelar que, estatisticamente, existe pelo menos um planeta a orbitar cada uma das estrelas presentes na nossa galáxia. Esta descoberta foi alavancada por uma outra, feita ao longo do tempo e de forma ininterrupta: mais de 2.600 planetas identificados a orbitar outras estrelas que não o Sol. Alguns deles chegaram a revelar condições para alojar vida tal como a conhecemos, mas esse estatuto não é transversal às superterras, que apesar de terem sido batizadas com este nome, nem sempre apresentam ambientes propícios à habitabilidade.

A extensão é outra das semelhanças que a NASA destaca no "obituário" destas naves. A missão da Dawn foi alargada por duas vezes (em 2016 e 2017), para que se pudesse aproximar do Ceres até um ponto que lhe permitisse estudar as formações geológicas do asteróide. O Kepler deveria ter sido desligado em 2012, mas o sucesso da sua missão principal garantiu-lhe uma extensão que, mais tarde, teve o seu propósito reajustado por culpa de uma falha técnica que inutilizou um dos giroscópios do aparelho. Em consequência, o telescópio foi reajustado para se manter em linha com determinadas zonas do cosmos. Durante este período, que se iniciou em 2014, o Kepler registou dados de 19 zonas diferentes do espaço.

Os dados recolhidos permitiram centenas de descobertas científicas, mas a NASA acredita que vão permitir muitas mais ao longo das próximas décadas. Pode conhecer mais acerca dos feitos destes importantes observadores espaciais  a partir dos sites oficiais para o Kepler e para a Dawn.