Com a entrada do país em processo de desconfinamento, algumas das atividades outrora fechadas devido à intensidade da pandemia de COVID-19 começam a abrir aos poucos. O regresso faseado à normalidade requer cuidados adicionais e o início da época balnear não é uma exceção à regra.
As praias reabrem a 6 de junho com novas regras, como, por exemplo, a utilização de sinalética de cores (verde para ocupação baixa, amarelo para elevada e vermelho para cheia) para informar acerca do estado de ocupação, além da implementação do distanciamento social e de medidas redobradas de higiene.
Com o fim-de-semana a aproximar-se a passos largos e com a chegada de dois feriados em breve, como garantir a segurança nas idas à praia? O SAPO TEK reuniu as aplicações que pode usar para estar mais bem informado, assim como algumas soluções e ideias tecnológicas que estão a ser desenvolvidas para ajudar os banhistas a cumprir as novas regras.
A Info Praia é a aplicação oficial e a que vai receber diretamente a informação recolhida nas praias e foi apontada por António Costa como a app que todos devem instalar. A app oficial da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) já foi lançada no ano passado mas agora é possível verificar, através de um código de cores, se a praia está livre, ocupada ou cheia. A mesma informação vai estar disponível no website da APA.
A Info Praia está disponível para smartphones e tablets, podendo ser descarregada gratuitamente da loja de aplicações da Apple para iPhone ou iPad, e da Google Play para equipamentos Android.
Para já ainda não tem informação de todas as praias, e em muitas pesquisas a resposta é "aguarda atualização dos dados de ocupação". Na zona de Lisboa só a praia do Guincho-Santa Cruz já aparece atualizada quando fizemos a pesquisa.
A Associação D3 - Defesa dos Direitos Digitais aavaliou a aplicação e explicou que não aconselhava a sua instalação, alertando para o pedido de permissões excessivas, mas depois disso a APA publicou no seu website um esclarecimento onde garante que a aplicação é segura.
As entidades que fazem a gestão das praias estão também a adaptar as zonas balneares para a utilização da aplicação. O Município de Oeiras, por exemplo, indica em comunicado que, além de estar a tomar medidas de organização dos areais, assim como de limpeza e desinfeção diária dos equipamentos, vão ser instalados sistemas de semáforos e de sinalética.
Tendo em conta as orientações da Direção Geral da Saúde e do Governo, o município adquiriu um total de 12 semáforos, que serão colocados nas entradas das quatro praias locais e que alimentarão a aplicação informativa.
Posso ir à praia?
Além da aplicação recomendada pelo Governo, a Posso Ir?, nascida de uma colaboração entre a Deco Proteste e o movimento Tech4Covid19, tem outra proposta que pretende dar informações aos utilizadores. Os dados sobre o nível de ocupação das praias são fornecidos pela Agência Portuguesa do Ambiente, tendo como base as informações apresentadas pelos respetivos concessionários das praias, por isso enquando estes dados não forem fornecidos tem as mesmas limitações.
Além da informação oficial sobre a taxa de ocupação das praias, a app informa ainda sobre o nível de qualidade da água, o histórico de ocupação, dados sobre a existência de bandeira azul, assim como a respetiva vigilância, entre outras infraestruturas disponíveis. Os utilizadores daltónicos podem beneficiar de indicadores visuais para ajudar na navegação.
A aplicação está disponível gratuitamente tanto para dispositivos iOS, na App Store, como para Android, na Play Store.
Espreitar a praia através de uma BeachCam
Aberto em 1998, o Meo Beachcam é dos websites portugueses mais antigos ainda em atividade, concebido inicialmente para surfistas, desportistas náuticos e outros entusiastas de atividades à beira-mar pudessem manter contacto, ainda que de forma virtual, com a praia. Atualmente o website tem cerca de uma centena de câmaras ativas ao longo da costa portuguesa, permitindo alternar entre as mesmas com um simples clique. E há também algumas praias em Espanha e França.
No entanto, o website é mais que um conjunto de câmaras. Atualmente oferece notícias, vídeos e artigos relacionados sobretudo com o surf, mas também outros desportos náuticos. Além disso, tem uma agenda de atividades e torneios desportivos, ao nível nacional e internacional.
Estão também disponíveis ferramentas relacionadas com as condições meteorológicas, a força do vento, a temperatura do mar, o nível das ondulações e outras informações relevantes fornecidas pelo IPMA.
E se fizer checkin nas praias?
A Proside, a empresa portuguesa responsável pela aplicação Proximo, está a adaptar a sua solução para ajudar os banhistas a cumprir as novas regras de utilização das praias e pode ser mais uma opção
Ao SAPO TEK, Paulo Alves, Managing Partner da Proside, explicou que a empresa adaptou o sistema de check in e check out, já presente na aplicação, à nova situação, utilizando agora uma lógica de “bilhete de grupo” que permitirá reservar um lugar numa das praias disponíveis para até cinco pessoas, a pensar nas deslocações em família.
O responsável detalhou que, para usar a nova versão da Proximo, os utilizadores que estão a planear uma ida à praia, e que querem fazer uma reserva, vão apenas necessitar de abrir a aplicação, escolher um dos locais e marcá-la, indicando quantas pessoas se deslocarão.
Caso esteja a caminho de uma das praias disponíveis na app, o utilizador também vai poder verificar o nível de afluência e tomar uma decisão em relação à sua ida. Ao chegar ao local, apresenta o QR Code da aplicação num dos postos de verificação, fazendo o mesmo procedimento quando pretende voltar para casa. Ao fazê-lo, a Proximo atualiza o sistema de forma a poder dar informação válida a outros utilizadores que queiram ir à praia.
A aplicação é gratuita e pode ser encontrada na Play Store, para Android, na App Store, para iOS, assim como na loja digital da Windows para dispositivos compatíveis com o sistema operativo móvel da Microsoft, mas ainda está em processo de fechar as parcerias necessárias para aplicar o conceito.
De acordo com Paulo Alves, o sistema poderá ainda ser utilizado em outros serviços na zona afetos às praias, como restaurantes ou até estacionamentos. Por exemplo, ao “tirar um bilhete” para uma ida à praia, o utilizador poderá marcar uma reserva para almoçar. O responsável indicou ainda que a Proside está também a trabalhar para aplicar a tecnologia a todos os estabelecimentos que tenham de fazer um controlo mais rigoroso da afluência aos espaços, como museus.
Que soluções tecnológicas estão a ser desenvolvidas para as praias?
Em preparação para uma época balnear mais segura, estão a ser desenvolvidas novas aplicações, como a SandSpace, um projeto que partiu de um grupo de estudantes do 12º ano da Escola Secundária Serafim Leite em São João da Madeira, Aveiro.
Criada em apenas quatro dias, a aplicação gratuita indicará os níveis de ocupação do areal de 580 praias nacionais e já está em processo de avaliação pela Google, requerendo ainda a validação por autoridades nacionais para garantir que é segura e não viola a privacidade dos utilizadores.
Em entrevista à Lusa, Fátima Pais, professora que coordenou o trabalho, indicou que “na base de tudo está o trabalho de pesquisa e georreferenciação de todas as praias marítimas e fluviais do país, com nome, localização por concelho e distrito, indicação de latitude e longitude, temperatura e velocidade do vento”.
O mapa da SandSpace abrange toda a costa continental e a dos arquipélagos dos Açores e Madeira. As restantes funcionalidades da app dependem do contributo dos utilizadores, que darão feedback acerca da ocupação humana. Os dados serão depois convertidos pela solução tecnológica num indicador gráfico informativo.
O semáforo dará informações acerca da média de ocupação das praias nos últimos 120 minutos, demonstrando ainda o número de utilizadores que contribuiu para a disponibilização dos dados.
Ainda no espetro de tecnologias que promovem experiências mais seguras de ida às praias, a Altice Labs, tem vindo a desenvolver um projeto de investigação para deteção de radiações solares UVB que pretendem ajudar a identificar condições nocivas para a saúde, em especial com efeitos no cancro da pele.
Através das pranchas de surf do Solar Keeper, é possível fazer a deteção das radiações solares nocivas, que podem ser partilhadas globalmente para um controle mais eficaz, podendo ser ainda combinadas com outros sensores. Em Portugal, os placares estáticos do projeto “Solar Keeper – SAP” podem ser instalados em praias, incluindo áreas de informação destinadas às precauções a adotar em função da incidência UVB indicada.
Os parceiros do projeto, entre os quais o ISN – Instituto de Socorros a Náufragos e a ABAE – Associação Bandeira Azul da Europa, têm também acesso a um sistema de comunicações eletrónico, dedicado à atualização quinzenal de informação referente à qualidade da água de banhos e da areia.
O projeto ainda está em fase de desenvolvimento, mas a Altice Labs vai ter a responsabilidade da recolha, tratamento e arquivo dos dados da rede/grelha de sensorização UVB, groundlevel, e da sua disponibilização para as entidades interessadas.
Será também responsável pela criação de uma solução a implementar nas “pranchas” para informação ao público dos dados de sensorização UVB da quadrícula correspondente, assim como outras informações relevantes, como as meteorológicas, de marés, de qualidade da água e areia, de risco de incêndios, entre outros.
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