Quando foi introduzido o conceito do smartphone modular pelo Projeto ARA, a indústria tecnológica viu-se à beira de uma revolução. De acordo com a equipa responsável, a concretização e a comercialização desta ideia mudaria toda a forma de consumir tecnologia.
Ao contrário do que hoje acontece com a substituição integral dos equipamentos, a lógica modular permite que os componentes se renovem e complementem ao ritmo do utilizador através da comutação de peças individuais. Na prática, o ARA queria dar ao utilizador o poder de criar um smartphone à sua imagem e prolongar-lhe a esperança média de vida com uma tecnologia que isolava e possibilitava a substituição individual da câmara, processador, ecrã, bateria e afins. Consequentemente, o projeto ajudaria também a reduzir o impacto ambiental do desperdício eletrónico, mas, após vários atrasos no seu desenvolvimento, acabou descontinuado sem nunca ver a luz do dia.
Na altura, a ideia pertencia à Google, mas com a venda da unidade móvel da Motorola à Lenovo, o know-how dos modulares fluiu no mesmo sentido. E, de certa forma, ainda bem que assim foi.
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Graças a esta parceria Lenovo-Motorola, o projecto ARA ganhou corpo ainda que de forma adaptada. Em vez de possibilitar a substituição integral de todos os componetes e permitir a articulação entre vários módulos em simultâneo, a Motorola decidiu começar do princípio com dois equipamentos (três desde o início da IFA) que suportam um único módulo de cada vez. A ideia é certamente menos entusiasmante do que aquilo que prometia o ARA, no entanto, a experiência de manusear este gadget e a forma simples e eficaz como foi concebido o esquema de acoplaçao de módulos torna esta família de gadgets num pedaço histórico de inovação para a indústria.
Na IFA, o TeK teve a oportunidade de experimentar os Moto Z e uma mão cheia de módulos: uma coluna, uma bateria que pode acrescentar até 22 horas de duração ao telefone, várias capas, uma câmara fotográfica com zoom ótico até 10x e flash de xenon e um projetor.
O encaixe foi sempre tão simples quanto encostar os dois aparelhos um no outro. Automaticamente, assim que entram em contacto, o smartphone identifica o módulo e passa a utilizá-lo como via prioritária para a concretização da tarefa a que cada um se propõe (a coluna passa a emitir som sempre que o há e a câmara passa a funcionar com a lente do módulo, por exemplo).
A compatibilidade com estes periféricos dá também alguma vantagem à marca no que à concorrência qualitativa diz respeito. Dos módulos que testámos, três deles foram desenvolvidos por empresas especializadas naquele tipo de tecnologia - a coluna era da JBL e a câmara fotográfica da Hasselblad - o que, na teoria, significa que a Motorola pode trazer ao mercado vários módulos específicos com a assinatura de qualidade de qualquer fabricante dedicada, um esforço conjunto que pode aliciar clientes.
Desta articulação modular há também que destacar o poder das baterias que facilmente adicionam até um dia de tempo útil ao Moto com um só carregamento. E tendo em conta que o novo Moto Z Play aguenta até 50 horas de utilização mista com um só carregamento, em conjunto, seria teoricamente como ter um telefone com três dias de bateria. O senão reside na grossura que o smartphone ganha sempre que um módulo é acoplado e no facto de só suportar um módulo de cada vez.
Para além disso, o desempenho de cada um destes periféricos está dependente da capacidade do hardware do smartphone. Mas com o novo Z Play, o leque de possibilidades alarga-se graças ao ecrã AMOLED de 5.5 polegadas com resolução de 1080p, 3GB de RAM, 32GB de armazenamento interno e ao processador Qualcomm Snapdragon 625 octa-core.
De resto, a Motorola parece ter acertado no conceito e parece estar a acertar na sua concretização. Hoje, os seus smartphones só apresentam compatibilidade com um módulo de cada vez, mas como ontem não suportavam nenhum, quem sabe se amanhã não suportarão três ou quatro.
Esta foi apenas uma das novidades apresentadas na IFA 2016. Veja outras aqui.
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