No futuro os aeroportos podem contar, para além de cães polícia, com sensores à base de células vivas, para ajudarem na identificação de produtos químicos perigosos e explosivos. Através de uma parceria com a startup americana Koniku, a empresa europeia Airbus prevê instalar o equipamento a partir dos últimos três meses do ano. A tecnologia poderá também ajudar na deteção de casos COVID-19.

Em declarações ao Financial Times, Julien Touzeau, head de segurança de produto na América da Airbus, garante que a tecnologia apresenta um "tempo de resposta muito rápido", conseguindo, na melhor das hipóteses, fazer a identificação em menos de 10 segundos. Mas o especialista explica que o objetivo é que esse período melhore no futuro.

Protótipo de deteção de cheiros desenvolvido para a Airbus
Fonte: Financial Times

De que forma é que isto é possível? De acordo com a Airbus, a tecnologia desenvolvida pela startup norte-americana destaca-se pelo facto de construir "processadores de silícios com células vivas". Os sensores, roxos, e atualmente em fase de protótipo, pretendem imitar os processos encontrados na natureza.

O sistema é capaz de detetar o cheiro, respirando o ar e depois transmitir as informações que está a recolher. "O que fazemos é pegar em células biológicas ou células cerebrais e modificá-las geneticamente para terem recetores olfativos”, explica Oshiorenoya Osh Agabi, fundador da empresa americana.

Estando a ser desenvolvida desde 2017, o objetivo é que a tecnologia possa ajudar também no combate à COVID-19. O que se pretende é que seja capaz de detetar pessoas infetadas com o vírus, e, para isso, o sistema terá de incluir uma análise de "riscos biológicos". Ainda assim, é improvável que esteja finalizado antes do desenvolvimento de uma vacina.

Em tempos considerados normais são inúmeras as pessoas que circulam nos aeroportos e têm sido várias as apostas para assegurarem mecanismos de resposta mais rápidos e eficazes. Em fevereiro deste ano, por exemplo, foi inaugurada uma nova área de controlo no aeroporto de Lisboa para processar voos oriundos sobretudo do Reino Unido, Estados Unidos, Canadá e Croácia, países fora do Espaço Schengen. Estima-se que o novo sistema vai permitir processar 700 passageiros por hora e cerca de 30 voos por dia.