Esta semana foram apresentados os resultados do estudo TALIS (Teaching and Learning International Survey) 2024, que mostram que os professores portugueses estão entre os que mais se queixam de indisciplina dentro da sala de aula.

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Na visão de Fernando Alexandre, ministro da Educação, Ciência e Inovação (MECI), medidas como a proibição de smartphones, que avançou este ano letivo para os alunos do 1.º e 2.º ciclos, vão reduzir a indisciplina. Citado pela Agência Lusa, o ministro afirma que o Ministério está a par deste problema tendo avançado com medidas concebidas para o mitigar.

Em relação à proibição de smartphones, Fernando Alexandre lembra que a restrição foi tomada tendo em conta um estudo nacional que já tinha revelado que nas escolas onde já estava a ser aplicada a medida "a socialização e bons comportamentos melhoraram face a comportamentos menos adequados".

Recorde-se que, de acordo com as orientações detalhadas pelo MECI, a proibição do uso de telemóveis aplica-se aos alunos até ao 6.º ano de escolaridade em estabelecimentos de ensino públicos e privados.

Embora não exista uma proibição para o 3.º ciclo e Secundário, há recomendações para os alunos destes ciclos escolares. No caso do 3.º ciclo, a recomendação é da implementação de medidas que limitem e desincentivem o uso de telemóveis no espaço escolar.

Explicador rápido: Afinal, onde é que os alunos vão poder usar telemóveis nas escolas?
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Para o Secundário, a recomendação é semelhante, mas envolve a participação dos alunos para o desenvolvimento de regras em conjunto que permitam uma utilização mais responsável da tecnologia.

Note-se que existem também algumas excepções à proibição, nas quais se incluem os alunos com baixo domínio da língua portuguesa, que podem precisar do smartphone para comunicar, assim como os estudantes que, por questões de saúde comprovadas, precisam do acesso aos equipamentos.

Outra das excepções é o uso de "dumb phones", ou seja, telemóveis mais simples que não têm capacidade de acesso a serviços online, mas que permitem que os estudantes contactem as suas famílias. Os smartphones podem ser permitidos em contexto de sala de aula ou em visitas de estudo, desde que estas atividades sejam devidamente enquadradas pelos professores.

Além da proibição de smartphones, o Fernando Alexandre afirma que outras medidas poderão ajudar no combate à indisciplina, incluindo o reforço de técnicos especializados. "Vamos passar a ter um psicólogo por cada 700 alunos, é quase uma duplicação do que tínhamos", afirma o ministro.

"Os maus comportamentos nas aulas são muitas vezes gerados fora da sala", defende Fernando Alexandre. Por esse motivo, a tutela está a desenvolver um projeto de reforma dos recreios, que será anunciado formalmente depois das eleições autárquicas, devendo avançar no próximo ano.

Professores perdem cada vez mais tempo com indisciplina

Segundo os dados do TALIS 2024, descrito como o maior estudo internacional realizado a docentes, 35,8% dos professores portugueses queixam-se do ruído e desordem nas salas de aula. 

O estudo mostra que os professores estão agora a perder mais tempo a tentar manter a disciplina do que em 2018, altura em que foi realizada a edição anterior. Nos países da OCDE, um em cada cinco professores admitiu a existência de problemas nas suas aulas durante o ano passado. 

Entre os países com mais desafios relatados destaca-se o Brasil, onde metade dos docentes admitem problemas de indisciplina nas aulas. Além de Portugal, em países como Chile, Finlândia e África do Sul, mais de 33% dos professores queixam-se de situações semelhantes.

Segundo os dados, 35,8% dos professores em Portugal afirmam perder muito tempo das aulas com interrupções por parte dos alunos, numa tendência que se agrava no caso dos docentes que estão há menos tempo a seguir esta carreira. 

O estudo detalha que, habitualmente, os estudantes mais problemáticos, mal comportados ou com mais dificuldades de aprendizagem e linguagem, costumam calhar ao professores com menos experiência. Nesse sentido, surge o alerta destas situações levarem os docentes mais jovens a desistir da profissão. Só em Portugal, 27% dos professores com menos de 30 anos admitem deixar a sua profissão nos próximos cinco anos. 

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