Há 20 anos, os rovers Spirit e Opportunity pousaram em lados opostos de Marte, dando início a uma nova era de exploração robótica interplanetária. Chegaram em janeiro de 2004 com grande aparato, o primeiro no dia 3 e o segundo no dia 24, cada um envolvido num conjunto de airbags que saltaram pela superfície cerca de 30 vezes antes de parar e esvaziar.

Tinham como grande objetivo procurar evidências de que a água já tinha fluído na superfície do Planeta Vermelho, e cumpriram-no. O Opportunity, por exemplo, encontrou as famosas "amoras": esferas de hematita formadas em água ácida.

Antes dessas missões, a suspeita de que Marte já fora significativamente diferente era baseada em imagens orbitais de canais esculpidos pela água, mas não havia evidências concretas. Os rovers foram os primeiros a provar que o planeta vermelho teve um passado húmido e ancestral.

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Projetados para durarem apenas 90 dias, os veículos robóticos do tamanho de um carrinho de golfe superaram todas as expectativas, com o Opportunity, por exemplo, a aguentar quase 15 anos até ser afetado por uma tempestade de poeira, em 2018.

A duração da missão permitiu uma exploração extensa, com o Opportunity a cobrir um recorde de cerca de 48 quilómetros em Marte, revelando diferentes ambientes aquosos ao longo da história do planeta. A distância superou os sonhos mais ambiciosos de cientistas e engenheiros, que tinham estimado uma capacidade de exploração nunca maior do que 600 metros.

Os seus sucessos inspiraram missões posteriores, como o rover Curiosity, que confirmou a presença de ingredientes químicos essenciais para a vida no passado marciano, e o Perseverance, que continua nas suas buscas por sinais de vida microbiana antiga.

A NASA produziu um vídeo comemorativo que ilustra a chegada dos rovers a Marte há 20 anos que pode ver a seguir.

Além das contribuições científicas, Spirit e Opportunity influenciaram igualmente a engenharia espacial. As práticas desenvolvidas para explorar a superfície marciana, incluindo o uso de software especializado e visão 3D, continuam a ser fundamentais. Com a experiência adquirida com os rovers gémeos, é atualmente possível planear trajetos mais seguros e complexos para operar missões mais recentes.

O legado do Spirit e do Opportunity perdura nas descobertas científicas, nas lições aprendidas na área da engenharia espacial e também na inspiração para missões futuras, consolidando-os como pioneiros na exploração de Marte, destaca a NASA.