Elon Musk já é dono do Twitter. O negócio que nos últimos meses animou o mercado com vários avanços e recuos está consumado e as primeiras decisões do novo patrão da plataforma anunciadas. A direção do Twitter - diretor executivo, CFO e diretora do departamento jurídico - foi despedida, segundo avançou a Reuters.

28 de outubro tinha sido a data limite concedida pelo tribunal, para que o negócio acontecesse e com isso o processo judicial movido pela plataforma, para obrigar Musk a consumar o negócio que entretanto quis anular, caísse por terra. Bancos e advogados entraram em ação e o prazo foi respeitado. Musk começou a celebrar, e os internautas com jeito para criar memes também.

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Ainda na quinta-feira à noite, Musk usou a conta na rede social para confirmar a compra e explicar, numa mensagem dirigida aos anunciantes da empresa, que avançou com a operação “porque é importante para o futuro da civilização ter uma praça comum da cidade digital, onde uma vasta gama de crenças pode ser debatida de forma saudável, sem recorrer à violência".

Já na madrugada desta sexta-feira voltou à conta do Twitter, onde recentemente decidiu mudar a informação da sua bio para “Cheif Twit” para deixar mais uma confirmação, com a frase “the bird is free”, o pássaro está livre.

O comentário já teve aliás resposta europeia do comissário do mercado interno Thierry Breton, lembrando o multimilionário, que na Europa o pássaro voa segundo as normas da região. Breton aproveitou também para recordar um vídeo que já tinha partilhado em maio, sobre o mesmo tema, durante um encontro entre ambos do Texas. Serve para recordar, o que disse Musk na altura sobre a regulação europeia..

Pelo caminho e até aqui chegar, há uma história de vários meses que começou em março, quando Musk comprou uma participação de 9,2% do Twitter. A operação foi conhecida em abril e fez de imediato as ações dispararem 26%.

Dias depois, o CEO do Twitter anunciou que Musk passaria a integrar o conselho de administração do Twitter, uma decisão que resultaria de semanas de conversas com o gestor.

Passados mais alguns dias, surgiu o primeiro recuo de Elon Musk, que decidiu afinal não aceitar o convite para integrar a administração da empresa. Ainda no mesmo mês, o multimilionário avançou com uma oferta de aquisição sobre o Twitter, que a administração da empresa começou por tentar bloquear.

Depois da administração recuar e passar a recomendar a venda das ações, recuou Musk, que quis cancelar o negócio. Entre os argumentos que foram sendo apontados nos últimos meses, o principal era a existência de um conjunto de informações pouco rigorosas sobre a empresa, nomeadamente, o número de perfis falsos no Twitter. Em maio, a empresa acabou por admitir que tinha, inadvertidamente, partilhado números errados, inflacionando o número de utilizadores, já a história ia longa e já os memes sobre o caso animavam a internet.

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O caso acabou por seguir para a justiça, com a rede social a querer obrigar Musk a consumar a compra. Pelo caminho os acionistas votaram a proposta de aquisição da plataforma por 44 mil milhões de dólares, conforme estava previsto e, sem surpresas, aceitaram-na.

Já no mês previsto para o arranque do julgamento, Musk voltou a mudar de ideias e a regressar à intenção inicial de comprar o Twitter com algumas condições extra, como o fim do processo judicial.

Negócio concretizado, é o início de uma nova fase na vida da rede social, que este ano teve prejuízos de 270 milhões de dólares no segundo trimestre e sobre a qual há muito se questionava a capacidade de crescer e gerar rentabilidade, incluindo por Elon Musk, um crítico da equipa de gestão do Twitter.

A rede social está listada em bolsa há nove anos e só dois apresentou lucros, em 2018 e 2019. A sua principal fonte de receita é a publicidade que tem uma preponderância muito mais baixa aqui que noutras plataformas do género, como o Facebook.

Nos últimos meses, Musk foi fazendo declarações que podem agora concretizar-se em decisões. Uma das que tem sido mais referida pela imprensa é a possibilidade de virem a existir despedimentos em massa. Fala-se em 75% da força de trabalho da empresa, Musk terá dito na visita que fez esta semana à sede da rede social (aquela em que entrou no edifício de lavatório nos braços, que o número é despropositado, garante a Bloomberg.

Sabe-se também que a liberdade de expressão é, na perspetiva de Musk, um dos maiores ativos do Twitter e aquilo que deve ser trabalhado como elemento diferenciador. O regresso de utilizadores banidos, como Donald Trump, é por isso também uma medida possível e até já admitida pelo gestor nos últimos meses. Já consumado está o despedimento da equipa de gestão de topo. Terá tido alguma semelhança com esta interpretação humoristica do momento?