A história da exploração espacial começou muito antes de os norte-americanos colocarem os primeiros homens no satélite natural da Terra, antes de a antiga União Soviética ter feito de Yuri Gagarin o primeiro humano a completar um voo orbital da Terra, antes de a NASA ter sido criada...
O fascínio pela Lua - aquele "destino planetário" que podemos ver facilmente com os nossos olhos e por isso mais à mão de semear - é ancestral e manifestou-se de várias formas ao longo do tempo. A missão Apollo 11 foi “apenas” uma delas, mas sem dúvida a mais decisiva: foi aí que a "viagem extraterrestre" propriamente dita começou.
Foi com a Apollo 11 e com os seus três tripulantes Neil Armstrong, Edwin "Buzz" Aldrin e Michael Collins que a humanidade conseguiu chegar à Lua pela primeira vez, mas as missões que a antecederam foram determinantes para tornar o sonho realidade. Mais de oito anos de preparativos separam o anúncio de John F. Kennedy e o lançamento a 16 de julho de 1969 da espaçonave Columbia.
O programa Apollo não começou da melhor forma: a primeira de todas as missões, a Apollo 1, resultou numa tragédia, com a morte dos três tripulantes
A estratégia norte-americana para a exploração espacial estava, assumidamente, em curso desde abril de 1959, quando foi apresentado o projeto Mercury, de voo tripulado. Mas tal objetivo só foi cumprido passados dois anos, a 5 de maio de 1961, e não antes dos soviéticos colocarem Yuri Gagarin a orbitar a Terra.
Antes das missões Apollo, iniciadas em 1967, o programa Gemini contribuiu para apurar e testar diferentes aspectos a que seria necessário dar resposta numa viagem do género, como a capacidade dos astronautas fazerem voos de longa duração ou da nave acoplar em órbita em redor da Terra ou da Lua.
Já o conjunto de missões que concretizaram o desígnio não começou da melhor forma: a primeira de todas, a Apollo 1, resultou numa tragédia, com a morte dos três tripulantes durante uma simulação na plataforma de lançamento, quando a cápsula onde permaneciam se incendiou, a 27 de janeiro de 1967. Mas a 16 de julho de 1969 iniciava-se a história com final feliz.
Especialistas do Johnson Space Center da NASA “juntaram” imagens dos locais de pouso das missões Apollo na Lua, criando panorâmicas, para dar uma ideia da experiência visual.
“3… 2… 1… temos descolagem!”
A 16 de julho de 1969, a missão Apollo 11 descolava para uma viagem à Lua e à história mundial. Longe de existir a SpaceX de Elon Musk e o seu Big Fucking Rocket, a “boleia” da espaçonave Columbia ficou a cargo do Saturn V, o maior e mais poderoso foguetão até à altura.
A bordo iam o comandante, Neil Armstrong, o piloto do módulo de comando Columbia, Michael Collins e o piloto do módulo lunar Eagle, Edwin "Buzz" Aldrin.
O módulo de comando Columbia foi desenhado para este programa. Era uma cápsula construída para transportar três astronautas até à Lua e depois trazê-los de volta. Maior que a espaçonave usada nos programas Mercury e Gemini, permitia que os astronautas se movimentassem. A área da tripulação tinha um espaço idêntico ao de um carro ligeiro.
A missão Apollo 11 era ainda constituída pelo módulo lunar Eagle destinado, tal como o nome indica, a pousar no satélite natural da Terra – e depois a regressar à “nave mãe” Columbia. Aqui já só havia lugar para dois tripulantes, que foram Neil Armstrong e Buzz Aldrin e que pisariam a Lua quatro dias depois. Michael Collins aguardou no módulo de comando.
“Houston, daqui Mar da Tranquilidade. O Eagle pousou”
Dia 20 de julho de 1969, às 100 horas e 12 minutos de voo, o Eagle separou-se da Columbia para a aproximação à Lua, mas as cerca de três horas seguintes não foram propriamente fáceis.
Na última fase da descida, a luz de aviso da reserva acendeu-se, indicando que só havia 5% de combustível. Neil Armstrong e Buzz Aldrin tinham 90 segundos para pousar...
Os alarmes soaram a bordo do módulo, primeiro relativamente ao excesso de dados que o computador não estava a conseguir processar, e depois vários sobre o posicionamento do módulo lunar, que teve de ser alterado e que acabou por influenciar o local de “aterragem”. Entretanto, Neil Armstrong teve de assumir o controlo manual do módulo.
Na última fase da descida em direção à Lua, e para rematar o conjunto de “peripécias”, houve direito a mais um momento de suspense, mas este digno de uma produção de Hollywood: a luz de aviso da reserva acendeu-se, indicando que restava apenas 5% de combustível no depósito. Neil Armstrong e Buzz Aldrin só tinham 90 segundos para pousar.
Precisamente às 04:17 PM EDT de 20 de julho de 1969 (21h17 do mesmo dia em Portugal), o sistema do Eagle deu indicação que tinha tocado a superfície da Lua. Foi com alívio que a equipa em Terra ouviu Neil Armstrong responder ao pedido de contacto com as palavras históricas “Houston, daqui Mar da Tranquilidade. O Eagle pousou”.
O comandante da missão foi o primeiro ser humano a pisar “outro mundo”, numa oportunidade que descreveu com as famosas palavras “um pequeno passo para um homem, um salto gigantesco para a humanidade”. Eram perto das quatro da madrugada do dia 21 de julho em Portugal e o momento terá sido visto - e ouvido - na altura, por mais de 600 milhões de pessoas em todo o mundo.
Nas cerca de duas horas e meia em que caminharam no Mar da Tranquilidade, região quase plana e escura onde o Eagle alunou depois de se ter distanciado da zona inicialmente prevista, os dois astronautas norte-americanos falaram com o Presidente dos Estados Unidos Richard Nixon, recolheram amostras de solo e rocha lunar, instalaram instrumentos científicos, como um sismómetro, fixaram, sem conseguirem enterrar, uma bandeira americana e registaram imagens.
Deixaram para trás medalhas em homenagem aos membros da tripulação da Apollo 1, que morreram no teste de lançamento, e uma placa com a inscrição "Viemos em paz em nome de toda a humanidade" entre outras mensagens (e “itens” de outros géneros como contentores de urina…).
Passadas 21 horas e 36 minutos da alunagem, o comandante da Apollo 11 e o responsável pelo módulo de alunagem voltaram para junto de Michael Collins que tinha permanecido na nave-mãe Columbia, em órbita.
A tripulação iniciou o voo de regresso, chegando a Terra a 24 de julho de 1969. Ao todo, a missão durou oito dias, três horas, 18 minutos e 35 segundos, de acordo com os arquivos da NASA.
Meio século depois, há regresso marcado (a pensar em Marte)
Depois da Apollo 11, visitaram a Lua mais seis missões. A Apollo 17, lançada a 7 de dezembro de 1972, foi a última.
Nos anos seguintes esmoreceu o interesse científico (e a sede de competição) e os elevados custos que envolvem novas viagens tripuladas têm mantido os astronautas da NASA - e de outras agencias espaciais - “em Terra”. Até agora.
Cinquenta anos depois da chegada do homem à Lua parte do contexto mudou, com a entrada em cena de empresas privadas e ideias de investimento que passam, por exemplo, pelo turismo espacial. Diz-se que a Lua vai dar jeito. Essencialmente para instalar uma base permanente onde as futuras missões interplanetárias poderão abastecer e, afinal, o destino de sonho Marte está ao “virar da esquina”.
O regresso ao satélite natural da Terra está por isso assegurado de forma a“ aprender mais sobre o que será necessário para apoiar a exploração humana em Marte”, explicava a NASA por ocasião do seu 60º aniversário, garantindo que continuará a tentar responder à pergunta: "Estamos sozinhos?".
Entretanto a nova missão lunar humana já ganhou nome, Ártemis, com a administração de Donald Trump a definir 2024 como ano de regresso.
De acordo com os dados avançados, a futura tripulação alunará no polo sul, onde há gelo nas crateras e, portanto, condições para ter potencialmente água líquida.
A intenção é criar uma estação orbital na Lua, que servirá de plataforma também para Marte, a ser construída numa parceria entre a NASA e as congéneres europeia, russa, canadiana e japonesa e empresas privadas, algumas a apontarem baterias para o turismo espacial e a colonização do Planeta Vermelho.
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