Depois de vários meses de muita antecipação, a Microsoft lançou nas lojas a sua nova geração de consolas. Os dois modelos visam um posicionamento mais abrangente, oferecendo uma versão mais acessível e totalmente digital, porém menos apetrechada que a joia da coroa Xbox Series X, aquela que tecnicamente é considerada a mais poderosa consola do mercado.

Para tal a consola conta com a arquitetura Xbox Velocity, que conjuga um processador personalizado baseado nas novas arquiteturas RDNA 2 e Zen 2 da AMD, assim como 12 TFLOPs de GPU e 16 GB de RAM GDDR6. Segundo a Microsoft, a consola tem cerca de quatro vezes mais capacidade de processamento que a anterior Xbox One X, mas o seu hardware funciona como o “coração” da consola.

A “alma” da arquitetura é o resultado da integração do software com o hardware para novas experiências de jogo. E para isso oferece um SSD NVMe de 1 TB e um novo sistema de descompressão dos pacotes dos ficheiros do jogo para diminuir o tempo de carregamento. Na prática, isso significa carregamentos bem mais rápidos do que nunca. Dependendo dos jogos, estes podem diminuir drasticamente o tempo de carregamento em mais de 50%, no que diz respeito aos títulos de geração anterior. Porque os mais recentes, já criados com a nova consola em mente demoram muito pouco. Exemplo disso foi o DiRT 5 que testámos, que não demora mais que uns 8 segundos a carregar uma pista.

Embora o carregamento rápido seja muito importante, a prioridade vai para a tecnologia Quick Resume, e isso sim é um dos grandes trunfos da consola. É fácil descrever a funcionalidade quando comparada com o Windows 10: se estiver a trabalhar em diferentes aplicações, fazendo ALT+Tab pode alternar entre elas. O mesmo com os jogos (obviamente suportados) da Xbox Series X. Pode alternar entre os jogos num “piscar de olhos”, como por exemplo estar a jogar Forza Horizon 4, correr em paralelo um Assassin’s Creed: Valhalla e outros títulos, sem a necessidade de os carregar novamente. O melhor é que pode continuar a jogar onde pausou a sessão, sem qualquer carregamento adicional.

Na Xbox One apenas alguns jogos suportavam a funcionalidade e muitas das vezes havia bugs e falhavam. A nova consola refinou o sistema, apelando às produtoras para introduzirem essa funcionalidade nativamente nos seus títulos. Uma coisa é certa, mais que uma comodidade, o sistema permite-nos passar mais tempo a jogar do que a ver ecrãs de loading. E mesmo que desligue a consola, os jogos mantêm-se acessíveis quando volta a ligar o sistema.

Obviamente que para usufruir das novas consolas de jogos deverá apetrechar o resto do setup, ou seja, deverá ter uma televisão 4K com suporte a HDR, e se quiser mesmo o topo, deverá ser compatível com taxas de atualização de 120 Hz. Sim, jogos como Call of Duty: Black Ops Cold War vão permitir jogar a 4K a 120 FPS, num dos primeiros exemplos, que inclui ainda Ori and the Will of Wisps. Outros, como o Devil May Cry 5: Special Edition e Metal: Hellsinger oferecem 120 FPS a 1080p. E no futuro serão adicionados mais jogos a correr a esta resolução e framerate.

Isto significa também que os jogadores vão poder optar entre o modo performance ou fidelidade. Ou seja, é possível obter melhores resultados de framerate, em detrimento de alguns visuais, nomeadamente jogar a 4K com mais frames por segundo.

Quais são os principais títulos de lançamento?

Infelizmente as más notícias é que a Microsoft não conseguiu garantir nenhum jogo exclusivo dos seus estúdios internos para o lançamento da consola. O chamado “killer app”, aquele jogo que vende consolas seria Halo Infinite, mas este foi adiado pouco tempo depois de ter sido revelado o primeiro gameplay. Foram consideradas as críticas de que o novo capítulo de Master Chief não era representativo daquilo que a Xbox Series X|S tem para oferecer.

Isto quer dizer que a Microsoft fica assim dependente das editoras third party para lançar os primeiros jogos da consola, no que diz respeito a novidades, até os seus estúdios adquiridos nos últimos anos começarem a dar os primeiros frutos.

A oferta de jogos first party da nova consola assenta nas versões melhoradas de alguns dos seus títulos mais recentes, como Forza Horizon 4, Gears 5, Sea of Thieves ou Gears Tactics, para referir alguns. Mas por outro lado, apresenta um vastíssimo catálogo de jogos disponível no seu serviço Game Pass, incluindo os referidos, por isso não vão faltar jogos para testar a consola. O serviço inclui também outros títulos de várias editoras e está constantemente a ser alimentado com novidades, sobretudo jogos indie de grande qualidade.

E a partir de hoje pode contar também com o catálogo EA Play, que apesar de não contemplar novos títulos, como FIFA 21 ou Star Wars Squadrons, o serviço oferece mais de 60 títulos do catálogo da Electronic Arts, tais como Need For Speed Heat, Plants Vs Zombies: Battle For Neighborville, os jogos de desporto de 2020, como FIFA 20, Madden 20 e NHL 20. Para quem gosta de ação há Anthem, Battlefield V, Unreavel Two, A Way Out e UFC 3, para referir alguns. Pode ver a lista completa dos jogos Xbox oferecidos no serviço.

Não faltaram memes na revelação da Series S

Além disso, a Microsoft afirma que o catálogo da Xbox Series S|X será complementado por cerca de 1.000 jogos lançados originalmente nas suas anteriores gerações. E apresenta um discurso a salientar a paixão dos jogadores e a importância de não só manter os jogos compatíveis, como também a respetiva progressão e a lista de achievements. E da mesma forma, as mesmas comunidades e lista de amigos será a mesma, não só entre as gerações como entre plataformas, abraçando o PC e dispositivos móveis.

Está também confirmado que os acessórios de jogos da Xbox One também funcionarão nas novas consolas. A Xbox refere que o programa de retrocompatibilidade começou em 2015, com a Xbox 360, tendo a equipa acumulado 500 mil horas de jogo para afinar o seu catálogo e garantir que os títulos funcionam bem na nova consola.

Mas não é tudo. Uma das tecnologias mais importantes da nova consola é o Smart Delivery. E o que é isto? Trata-se de uma espécie de “protocolo” de fidelização na transição entre as gerações das consolas da Microsoft. Isto significa que os jogos que tenham o selo Smart Delivery apenas necessitam de ser comprados uma vez para jogar em todo o ecossistema Xbox. Ou seja, imagine que é lançado um novo título e decide comprá-lo para a Xbox One, porque apenas vai comprar a Series S|X daqui a algum tempo. Esta certificação garante que a sua mesma cópia, física ou digital, do jogo vai funcionar na nova consola.

Mais importante é que não se trata de funcionar em retrocompatível, mas sim a melhor versão do jogo. Ou seja, se comprou para a Xbox One, quando o voltar a jogar na Series X será a respetiva versão, totalmente concebida para a nova geração. Esta política, igualmente aplicada a diversos jogos da PS5, garante uma transição mais ponderada de consolas, com a garantia de que vai usufruir o melhor que os títulos têm para oferecer no melhor sistema sem valores acrescidos.

No entanto, a oferta de Smart Delivery depende de editora para editora, mas a Microsoft garantiu que todo os seus jogos, produzidos pelos estúdios internos vão oferecer esse suporte. Essas melhorias são feitas através de atualizações, como é o caso de Gears 5 e Forza Horizon 4 disponíveis no lançamento em Smart Delivery. A lista tem ainda Halo Infinite, Cyberpunk 2077, Assassin’s Creed Valhalla, Destiny 2, DiRT 5, Yakuza: Like a Dragon, entre outros. Esperamos que a funcionalidade Smart Delivery seja padrão em todos os jogos cross-gen da Xbox.

Mas os jogos não são tudo o que pode usar para desfrutar da consola. Os serviços de streaming de séries e vídeo estão integrados na nova Xbox, incluindo a Apple TV, Netflix, Disney Plus, HBO Max, Spotify, YouTube, YouTube TV, Amazon Prime Video, Twitch, entre outras. A empresa garante que, ao longo das próximas semanas, serão adicionadas novas aplicações. Estes serviços de entretenimento por streaming vão poder entregar uma qualidade de vídeo e som potenciada pelas tecnologias Dolby Vision e Dolby Atmos.

E se há algo que tem deixado a comunidade de gaming bastante “excitada” foi o rumor de que a Microsoft iria integrar o Disney+ no serviço Game Pass. A parceria foi oficializada, mas apenas com uma oferta de 30 dias do serviço. Mais que suficiente para experimentar o serviço, sobretudo quando se pode ver o The Mandalorian. E isto pode ser apenas um teste, porque ter acesso a um vasto catálogo de jogos e ainda séries televisivas, para nós é caso para dizer à Microsoft: “This is the way”…