Não falta quem já tenha sugerido que a CES mudasse de nome, e de identidade, para ser a feira da tecnologia da indústria automóvel, o que se justifica pelo impacto e presença das principais marcas e pela mobilização e investimento colocado nos stands que dominam a ala norte do Centro de Convenções de Las Vegas. E não faltam pontos de interesse, entre as propostas inovadoras de tecnologia, test drives e experiências dentro dos carros do futuro, que em muitos casos parecem saídos dos filmes de ficção científica.
Apesar do mercado automóvel ser um dos novos focos da IFA, e de estar bem presente no MWC de Barcelona, em nenhuma outra feira de tecnologia esta presença é tão evidente. A tecnologia de condução autónoma, mas também a integração de funcionalidades novas e de interfaces tipo smartphone nos carros são igualmente uma das grandes tendências. Tal como os serviços de mobilidade.
“Estamos a ver que a indústria automóvel está a mudar. Começou por ser dinamizada por hardware, e nos anos 80 começou por ter algum software, com os airbags, e nos anos 90 com o controle de velocidade e a unidade de controle eletrónico, mas ainda sem grande peso. Mas agora à medida que avançamos na condução autónoma o software é essencial e é chave para a forma como o veículo se comporta. O software vai tornar-se predominante no look and feel do veículo, determina se é atraente para o cliente e se fornece os serviços, muito mais semelhante à experiência do smartphone. E em cima disso temos a conetividade e a forma como o carro comunica com outras coisas”, explica Michael Fausten da Bosch, em entrevista ao SAPO TEK.
Grande parte da transformação da mobilidade está ligada à maior inteligência do carro, com a possibilidade de decidir sozinho o percurso e “conduzir” sem intervenção humana, pelo menos em grande parte das situações, mas até lá a possibilidade de receber e enviar informação útil, comunicando com outros veículos e com o “ambiente” – como os semáforos, autoridades e outros “sinalizadores” – é uma das evoluções que vai chegar mais rapidamente ao mercado com a tecnologia V2X (Vehicle to Everything).
A Bosch é uma das empresas que está a trabalhar nas duas frentes, desenvolvendo tecnologia de condução autónoma e shuttles que conduzem os passageiros em rotas pré-determinadas, mas assumindo que o V2X chegará mais rapidamente ao mercado e é mais barato de implementar. E tem já desenvolvimentos para mostrar com a portuguesa Veniam.
Curiosamente a Qualcomm é uma das empresas que na CES mostrou mais investimento na área automóvel, abarcando também os carros inteligentes, veículos autónomos e o entretenimento dentro do carro. A segurança foi uma das questões mais sublinhadas na conferência de imprensa, mas Patrick Littke, Senior Vice Presidente da área automóvel, destacou a importância de ocupar o tempo dos passageiros durante as deslocações. “O que acontece dentro do carro durante as deslocações? Como vai ser a experiência indoor?” questionou, garantindo que o interface mais natural será a voz, com uma experiência mais personalizada e intuitiva, mas oferecendo também diferentes ambientes para quem quer transformar o cockpit num escritório ou num espaço de lazer.
Don Butler, diretor executivo da Ford, anunciou que a marca vai integrar a tecnologia C-V2X (Celular Vehicle to Everything) em todos os modelos Ford no início de 2022 mas lembrou que é preciso regulamentação. “A tecnologia só vai viver o seu potencial se os carros poderem tirara partido dela”, explica, garantindo que tem de haver um esforço conjunto de todos os fabricantes, autoridades e cidades para criar o ecossistema e as plataformas que possam interligar-se.
Motas que conduzem sozinhas e carros voadores
A Tesla foi uma das grandes ausentes do espaço da exposição, embora estivesse bem presente na feira, até envolvida numa das noticias mais mediáticas (ou manobra de marketing) quando um dos seus carros em piloto automático atropelou um robot.
Entre as propostas que a BMW levou à CES uma das mais espetaculares foi a do BMW Vision iNEXT, que materializa a experiência de condução no futuro, mas a mota autónoma BMW R 1200 GS acabou por ser o foco do interesse, mostrando ser capaz de se ligar, acelerar, realizar manobras de curva, diminuir a velocidade e parar, sem intervenção humana.
Para além dos stands das grandes marcas a tecnologia de condução autónoma e propostas de mobilidade estavam um pouco por todo o lado e também nos pavilhões das startups, no Eureka Park, onde a ElectraFly mostrou a sua proposta de veículo pessoal voador.
Mais carro e menos “helicóptero” pessoal, o Liberty proposto pela startup holandesa PAL-V estava também em exposição na CES, mas só podia ser experimentado num simulador, apesar da empresa garantir que é uma proposta exequível assim que houver regulação.
Veja algumas das principais propostas de mobilidade na CES na galeria nestas páginas e comece já a planear as suas deslocações, porque este é um futuro que está cada vez mais próximo.
O SAPO TEK esteve a explorar todos os espaços da CES 2019 e trouxe já as principais novidades e tendências, assim como anúncios de produtos, mas ainda tens mais para contar e pode continuar a acompanhar tudo aqui.
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