O ambiente da Faculdade de Engenharia da Universidade Católica raramente terá reunido tantas crianças interessadas em ciência e tecnologia a um sábado como na última edição da FIRST Lego League, acolhida pela segunda vez por aquela instituição universitária, no pólo do Tagus Park, em Porto Salvo.

O torneio reuniu 12 equipas vindas de várias escolas do país, totalizando quase 90 jovens, participantes com idades compreendidas entre os 9 e os 16 anos, e dividiu-se em duas partes: competição robótica propriamente dita e apresentação de projetos científicos inovadores que resolvessem um problema do mundo real relacionado com a segurança alimentar.

Na competição de robótica uma das equipas mais enérgicas foi a dos "Godzillas", cuja prestação foi seguramente uma das mais celebradas pelos próprios elementos do grupo e uma das mais apoiadas pelo público, acabando por ser distinguida com o primeiro prémio na categoria de Espírito de Equipa e valores da FLL. Outra equipa em grande destaque foi a "Robô dos Bosques", campeã do torneio, distinguida ainda com o prémio de melhor prestação robótica.

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Os robôs utilizados pelos participantes foram construídos a partir da gama Lego Mindstorms, uma tarefa (programação dos autómatos), que como sublinharam alguns participantes pode até levar meses dependendo do objetivo, já que é um processo de tentativa e erro.

Mas a FLL não é apenas um campeonato de robótica para os mais novos. O inventor Dean Karmen, um dos fundadores do evento, admite que "a robótica é apenas o veículo" para tentar trazer cada vez mais jovens para a indústria da engenharia, uma área que procura sempre novas soluções e novos talentos.

No capítulo das apresentações uma das ideias originais que o TeK pode acompanhar foi a que propunha resolver o problema do transporte e preservação de produtos desde o produtor até à superfície de venda.

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Uma solução que faz uso de um dispositivo batizado pela equipa "Anonymous" como MACACO (Micro Ambiente Controlado Assistência Conservação Orgânica). Trata-se de uma espécie de incubadora de ambiente controlado (temperatura e outras variáveis) onde, por exemplo, um vegetal pode ser colocado ainda com raiz e preservado nas melhores condições, desde o produtor até ao consumidor. Uma solução cujo custo os participantes estimaram em 20 euros, por cada unidade MACACO produzida.



Outra pérola deste projeto é a possibilidade de monitorizar os alimentos (vegetais, fruta, entre outros) transportados dentro do MACACO através de um software também desenvolvido pela equipa (fazendo uso de programação em Java e Visual Basic, como explicou o porta voz do grupo). O sistema pode funcionar através de uma aplicação para tablets, smartphones ou computadores pessoais a partir dos quais poderia ser feita a monitorização dos alimentos: onde se encontram e em que condições estão, antecipa a equipa.

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Falta aos participantes do torneio portuguesa darem o salto para a competição internacional, onde poderão entrar em contacto direto com agentes da indústria "como a NASA e a Boeing", refere Noah Revoy, da Evoluir21, associação sem fins lucrativos responsável pela FLL em Portugal desde a primeira edição.

De acordo com o organizador, "ainda falta financiamento" para os concorrentes portugueses poderem ir à FIRST Lego League internacional.

O organizador lembra-se de pelo menos duas inovações apresentadas no FLL internacional adotadas por dois gigantes da indústria. Uma consistiu numa cadeira de rodas cujo sistema inovador permitia que o equipamento subisse escadas sem auxílio de outros sistemas de elevação. A outra inovação, conta, "foi comprada pela Sony" e consistia num "sistema [de domótica] de proteção de incêndios que enviava alertas para telemóvel em caso de deflagração."

Para 2013 a FLL internacional já adiantou que o tema será o dos cuidados aos cidadãos idosos.

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Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Tiago Valente