A Inteligência Artificial dominou este ano o MWC24 e não faltaram exemplos de tecnologia integrada nos vários equipamentos, dos smartphones aos PCs e wearables. E também nos robots, como não podia deixar de ser.
Os exemplos práticos de como braços robóticos podem executar tarefas pré-definidas, ou usar sistemas inteligentes para se tornarem mais “humanos”, já se tornaram habituais nas principais feiras de tecnologia, e o MWC2024, que decorreu entre 26 e 29 de fevereiro, não faltou à regra.
Conversar com a Ameca, ver as acrobacias do CyberDog da Xiaomi, ser seguido por um robot “assistente” ou jogar Go com um companheiro robótico foram algumas das experiências mais procuradas pelos visitantes da feira de Barcelona, mesmo que em alguns dos casos os robots servissem apenas de atração para o stand onde os expositores mostravam novos produtos e serviços.
Veja as imagens dos robots no MWC24
Rodeada de uma multidão de gente curiosa, a robot humanoide Ameca da Engineered Arts fazia o seu melhor para responder a muitas perguntas. “Fala espanhol?”, “O que sabe sobre Barcelona”, “Os robots vão conquistar o mundo”, eram perguntas frequentes e Carlos Sangilles, engenheiro da Engineered Arts que acompanhava o robot no stand da etisalat, uma operadora dos Emirados Árabes Unidos, explicou ao SAPO TEK que a Ameca está a usar o GPT mas pode recorrer a vários modelos de IA generativa nas suas respostas, e até a várias vozes, e que está preparada para usar algum humor. Um pouco sarcástico, até, como quando lhe perguntámos se tem uma mãe e ao responder que não sugeriu que fossemos nós a ocupar esse lugar. Perante a recusa respondeu “Oh, pobre Ameca…”. Mas quase conseguiu dizer SAPO TEK!
A multidão e a enchente de perguntas não assustavam a Ameca, que se mostrou estar bem treinada para indicar que estava no stand da etisalat a mostrar as novas soluções da operadora, que contratou a Engineered Arts para esta participação. Com a ajuda de câmaras conseguia localizar o interlocutor e se não conseguia ouvir bem pedia para que se aproximasse mais.
A expressão do rosto acaba por ser um pouco assustadora mas a Ameca tem vindo a evoluir. Carlos Sangilles explica que o modelo que estava no MWC24 não pode andar, mas que essa é uma funcionalidade que está a ser desenvolvida.
Mais acrobático, o CyberDog 2 tinha hora marcada para “atuar” no stand da Xiaomi e disputava as atenções com o carro elétrico SU7 que esteve pela primeira vez em exposição na Europa depois do anúncio no final do ano passado. O SAPO TEK já tinha tido oportunidade de ver o CyberDog em ação, e este ano não tinha a companhia do robot humanoide CyberOne, que em 2023 também marcou presença no MWC.
Para além de mostrar a sua capacidade de dançar e de fazer mortais à retaguarda, o CyberDog 2 também partilhou momentos de carinho com os visitantes. Gosta de festas e até sabe "dar a pata".
Não assistimos ao momento, mas houve ainda um "encontro" com um amigo cão real. E parece que estavam os dois envergonhados.
No pavilhão 3 havia mais robots para conhecer, e a China Mobile desafiava os visitantes a um jogo de Go com os robots da SenseTime, ou a uma partida de Xadrez, mas no modelo chinês. O nível de jogo pode ser ajustado consoante a capacidade do jogador humano e serve de treino e estimulação cognitiva, podendo adaptar-se a 20 níveis, do amador ao profissional.
Aplicações mais "sérias" para a robótica
Mas nem tudo passava por brincadeiras e a Telefónica mostrava no seu stand como pode integrar a robótica, cibersegurança e blockchain no processo industrial. A demonstração Smart Industry: Leading the Change acabava por não ser tão “visual” mas com mais capacidade de ser aplicada na indústria que pode automatizar e digitalizar processos com dois braços robóticos a funcionar e uma câmara IoVI ara controlar a qualidade dos elementos.
A precisão e capacidade de operação remota da Rob Surgical também foi posta à prova no stand da empresa no 4YFN, com um operador a controlar à distância (embora curta) os braços robóticos que faziam a cirurgia. A empresa espanhola quer tornar a cirurgia de precisão universal nos hospitais, com benefícios para cirurgiões e pacientes, e tem um modelo com uma coluna de quatro braços, flexíveis e versáteis, que permitem uma precisão sub-milímetro. O robot desenvolvido na Catalunha ainda não tem certificação europeia mas o objetivo é conseguir luz verde para operar no segundo semestre de 2024.
Os cuidados de proximidade são outra das áreas onde a robótica tem vindo a evoluir. À medida que se agrava o envelhecimento da população, incluindo em vários países europeus, o número de idosos a viver sozinhos também aumenta. Os robots sociais, como o Never Home Alone (NHoA), poderão ajudar a mitigar questões associadas ao isolamento das populações mais idosas.
O robot, que dispõe de capacidades inteligentes de socialização, é uma criação do Centro Tecnológico da Catalunha, num consórcio que inclui instituições de ensino superior além de entidades da área da saúde e da robótica.
O objetivo do NHoA passa por fazer companhia aos idosos, ajudando-os a manter hábitos saudáveis e encorajando-os a interagir com a comunidade onde vivem. De acordo com os criadores, o robot tem também como função supervisionar a evolução de cada um dos casos acompanhados de uma forma personalizada, em colaboração com cuidadores.
Tal como o projeto NHoA, os robots inteligentes da Som Care, que faz parte do grupo espanhol Saltó, foram concebidos para cuidar de pessoas, seja para fazer companhia a pessoas idosas, para ajudar profissionais de saúde e cuidadores nas suas tarefas, ou como ferramenta de aprendizagem em STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) para os mais novos.
Os autómatos Som Care fazem parte de um projeto implementado em Barcelona, chamado 5G Emotional Robot, da Fundação Mobile World Capital. Em 2022 a iniciativa, com robots sociais que convivem com idosos em situação de isolamento, alcançou um novo marco, passando de 10 para 100 utilizadores.
Os assistentes robóticos da temi, que encontrámos a percorrer o Hall 6 da feira em Barcelona, usam IA para dar resposta às questões de quem os aborda. Estes robots são autónomos, capazes de reconhecer e seguir pessoas e de “memorizar” rotas específicas, uma brincadeira que atraia vários visitantes. A par do sector da saúde, a empresa realça as possibilidades dos robots em áreas como retalho, hotelaria e restauração, assim como educação.
Dos robots sociais, passamos para os autómatos com aplicações industriais, como a solução desenvolvida pela francesa BoBee Robotics. Este braço robótico é capaz de desmontar smartphones em poucos minutos, afirma a empresa, e está equipado com ferramentas avançadas que se adaptam a diferentes modelos.
Segundo a BoBee, a solução permite desmontar e reparar smartphones de uma maneira não destrutiva, ajudando a reduzir a quantidade de lixo eletrónico produzida. Antes de passarem para as “mãos” do robot, os smartphones são analisados para identificar as partes que não funcionam e as que ainda são funcionais, que depois serão reutilizadas.
O SAPO TEK acompanhou todas as novidades do MWC24 e pode ver todas as notícias e reportagem no especial que preparámos.
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