Está tudo a postos para o primeiro teste de defesa planetária contra asteroides em rota de colisão com a Terra. A NASA tem tudo planeado para que a sonda Double Asteroid Redirection Test (DART) colida com Dimorphos, o corpo celeste de menor dimensão no sistema binário composto também pelo asteroide Didymos, quando passarem exatamente 14 minutos da meia noite desta terça feira, dia 27 de setembro, em Portugal Continental.

Conduzida pelo Johns Hopkins Applied Physics Laboratory (APL), o centro de investigação da agência espacial norte-americana em Maryland, nos EUA, a aproximação acontecerá a cerca de 24.000 km/h, com o objetivo de alterar a trajetória do corpo celeste e não de o destruir.

A colisão vai transferir a energia cinética da nave para a rocha, empurrando-a para mais perto de Didymos e mudando a velocidade da órbita do asteroide secundário em redor do principal em 1%. Recorde-se que os “alvos” desta experiência têm 780 metros de diâmetro, no caso do asteroide principal, e 160 metros no caso do asteroide secundário, aproximadamente com a mesma dimensão da Grande Pirâmide de Gizé.

O que pode acontecer se um asteroide atingir a Terra? O tamanho importa, mas não só
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Embora este sistema binário não esteja em rota de colisão com a Terra, a missão é um teste para ver se a tecnologia de impacto cinético funciona para desviar quaisquer potenciais rochas espaciais que ameacem o planeta Terra.

Dimorphos foi escolhido como alvo para esta missão porque o seu tamanho é semelhante ao dos asteroides que podem representar uma ameaça para a Terra. A nave é 100 vezes menor que Dimorphos, e por isso incapaz de destruir o corpo celeste.

Após a colisão planeada, os cientistas vão recorrer a telescópios terrestres para medir os seus efeitos no sistema binário de asteroides e ver se ou quanto mudou o período orbital de Dimorphos, e perceber se a DART foi bem-sucedida. Telescópios espaciais como o Hubble, o Webb e a missão Lucy da NASA também vão estar a postos para observar o embate.

A missão DART foi lançada a 24 de novembro do ano passado, à “boleia” de um foguetão Falcon 9 da SpaceX, a partir da Califórnia, nos EUA.

Clique nas imagens para mais detalhes sobre a partida da missão DART para o Espaço

A cobertura do evento tem hora de início prevista para as 18h00 (EST), ou seja, às 23h00 de segunda-feira em Portugal Continental. O momento da colisão deverá acontecer cerca de uma hora depois - mais precisamente às 00h14.

A missão pode ser vista em tempo real a partir da NASA TV e no site da agência espacial norte-americana. Também pode ser acompanhada nas contas das redes sociais da NASA no FacebookTwitter e YouTube.

HERA com participação portuguesa entra em ação em 2024

Daqui a dois anos vai ser a altura de lançar a missão HERA, aqui já sob a responsabilidade da ESA, que levará cerca de dois anos de viagem. A nave espacial da ESA sai em 2024 para chegar ao destino em 2026 com o objetivo de verificar a cratera do impacto resultante, medir a massa do asteroide e avaliar a sua composição e estrutura interna.

O “contributo” da agência espacial europeia na missão de defesa planetária conjunta com a NASA e o AIDA (Asteroid Impact Deflection Assessment) conta com a participação das portuguesas GMV, Efacec e Synopsis Planet, que serão responsáveis pelo desenvolvimento de alguns dos elementos fundamentais para o sucesso da missão, assim como com a participação de um professor e investigador da Universidade de Évora.

A GMV Portugal será responsável por desenvolver um dos sistemas da sonda, o GNC - Guiamento, Navegação e Controlo, que permite a condução do veículo em trajetórias no complexo e desconhecido ambiente de proximidade do sistema de asteroides.

“A equipa em Portugal, especificamente, ficou com a responsabilidade do desenho das trajetórias, desenho do sistema de controlo de manobra e contribuição para o sistema de deteção e recuperação de falhas da sonda”, referiu fonte da GMV ao SAPO TeK.

“Neste momento, o desenvolvimento está nos seus últimos passos e estamos a entrar na fase de testes e integração do nosso subsistema na sonda final”, acrescentou.

A contribuição da Efacec para a HERA, por sua vez, traduz-se no PALT (Planetary ALTimeter). Para o desenvolver, a empresa lidera um consórcio composto por mais uma empresa portuguesa, a Synopsis Planet, duas empresas romenas (Efacec-Roménia e INOE) e uma empresa da Letónia (Eventech).

A Synopsis Planet, spin-off da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, vai desenvolver o laser microchip do altímetro da Efacec, além de participar na criação do front-end ótico.

As expectativas da GMV é que estas sejam missões de sucesso, tanto a da NASA no desenvolvimento de tecnologias de impacto, como a da ESA, que está a criar tecnologias que permitem manobrar com precisão e autonomamente nas proximidades de asteroides.

“São ambas muito importantes. Consideramos importante que a humanidade aumente o conhecimento sobre asteroides, desenvolvendo e testando soluções tecnológicas para explorá-los e, potencialmente, proteger o planeta de colisões”, sublinha a GMV.

De referir que nenhum asteroide está atualmente em rota de colisão direta com a Terra, mas existem mais de 27.000 asteroides “no radar” do planeta azul, de diferentes formatos e tamanhos.

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