Há novos dados sobre o processo complexo da formação planetária. Uma equipa de astrónomos usou imagens captadas pelo Very Large Telescope (VLT) para fazer um dos maiores rastreios de sempre de discos de formação planetária.
O trabalho de investigação reúne observações de mais de 80 estrelas jovens que podem ter planetas a formar-se em seu redor, fornecendo aos astrónomos uma enorme quantidade de dados e conhecimentos únicos sobre a forma como os planetas surgem em diferentes regiões da Via Láctea.
Até à data, foram descobertos mais de 5.000 planetas em órbita de outras estrelas além do Sol, muitas vezes em sistemas muito diferentes do Sistema Solar, refere a rede de divulgação do ESO.
Para compreender onde e como surge esta diversidade, os astrónomos têm de observar os discos ricos em poeira e gás que envolvem as estrelas jovens - os berços da formação planetária. Estes discos encontram-se mais facilmente nas enormes nuvens de gás onde as próprias estrelas se estão a formar.
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Tal como os sistemas planetários já desenvolvidos, as novas imagens mostram a extraordinária diversidade dos discos de formação de planetas.
"Alguns destes discos apresentam enormes braços em espiral, presumivelmente impulsionados pelo intrincado ballet dos planetas em órbita”, diz Christian Ginski, autor principal de um dos três novos artigos científicos publicados esta terça-feira na revista da especialidade Astronomy & Astrophysics.
Outros discos mostram anéis e grandes cavidades esculpidas pelos planetas em formação, “enquanto outros ainda parecem suaves e quase adormecidos no meio de toda esta azáfama de atividade", acrescenta Antonio Garufi, autor principal de um dos artigos.
Foi estudado um total de 86 estrelas em três regiões diferentes de formação estelar da Via Láctea: Touro e Camaleão I, ambas a cerca de 600 anos-luz de distância da Terra, e Orion, uma nuvem rica em gás a cerca de 1.600 anos-luz, que é conhecida por ser o local de nascimento de várias estrelas mais massivas do que o Sol. As observações foram recolhidas por uma enorme equipa internacional, composta por cientistas de mais de 10 países.
Os investigadores conseguiram retirar várias conclusões importantes do conjunto de dados obtido. Por exemplo, em Orion descobriu-se que as estrelas agrupadas em duas ou mais tinham menos probabilidade de possuir grandes discos de formação planetária. Este é um resultado significativo, dado que, ao contrário do nosso Sol, a maioria das estrelas da Via Láctea têm companheiras.
Além disso, o aspeto irregular dos discos nesta região sugere a possibilidade de existirem planetas massivos no seu seio, o que poderá dar origem à deformação e desalinhamento que observamos nestes discos.
Veja o vídeo preparado pelo ESO
Embora os discos de formação planetária se possam estender por distâncias centenas de vezes superiores à distância entre a Terra e o Sol, a localização a várias centenas de anos-luz faz com que pareçam pequenos pontinhos no céu noturno.
Por enquanto, as imagens obtidas fornecem aos investigadores uma enorme quantidade de dados que ajudarão a desvendar os mistérios da formação planetária.
"É quase poético que os processos que marcam o início da formação de planetas e, em última análise, da vida, tal como aconteceu no nosso próprio Sistema Solar, sejam tão belos", conclui Per-Gunnar Valegård, um estudante de doutoramento da Universidade de Amesterdão, nos Países Baixos, que liderou o estudo da região de Orion.
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