Chama-se WISA Woodsat e trata-se de um nano satélite construído tendo por base caixas standardizadas de 10x10x10cm, mas com painéis de superfície feitos de madeira compensada. As únicas partes externas que não são de madeira são os calhas, em alumínio, usadas no lançamento para o espaço, assim como um pau de selfie, em metal.
A ESA explica que a ideia de construir um satélite de madeira surgiu quando o escritor finlandês Jari Makinen fundou a empresa Arctic Astronautics, que comercializa réplicas totalmente funcionais de CubeSats, para fins educativos ou para hobby.
Jari Makinen começou por testar a sua ideia de “levar” madeira para o espaço com um balão meteorológico. O passo seguinte foi criar uma versão de madeira do KitSat que seguiu a bordo de um foguete Electron da Rocket Lab, na Nova Zelândia.
Agora, são os especialistas em materiais da ESA que estão a contribuir para a missão com um conjunto de sensores experimentais, além da ajuda nos testes de pré-voo.
Um dos sensores em questão permitirá identificar a pressão local nas cavidades a bordo, nas horas e dias seguintes ao lançamento. "Este é um fator importante para a ligação dos sistemas de alta potência e antenas de radiofrequência, porque pequenas quantidades de moléculas podem causar problemas”.
Junto ao sensor de pressão haverá um LED simples com uma foto-resistência que deteta quando o sensor liga, alimentado por um plástico eletricamente condutor, impresso em 3D, chamado PEEK (polyether ether ketone), que vai oferecer a possibilidade de trocar dados diretamente dentro das próprias estruturas, em futuras missões espaciais, sem depender de ligações com fios ou circuitos externos.
O nano satélite de madeira levará também, por parte da ESA, uma microbalança de cristal de quartzo, que serve como uma ferramenta altamente sensível de monitorização de contaminação.
Além disso, o Woodsat inclui ainda um par de câmaras, uma delas extensível num pau de selfiee, e uma carga útil de rádio amador que permitirá transmitir sinais de rádio e imagens em todo o mundo. Para fazer o downlink de dados deste link de rádio “LoRa”, vai ser preciso comprar uma “estação terrestre”, que terá um custo de 10 euros.
“No final das contas, Woodsat é simplesmente um bonito objeto, em termos do tradicional design e simplicidade nórdicos, deve ser muito interessante vê-lo em órbita”, continua Jari. “A nossa intenção é que isso inspire as pessoas e as ajude a ter mais interesse pelos satélites e pelo setor espacial, como algo que já afeta as vidas de todos nós e só vai ficar maior no futuro”, refere Jari Makinen citado pela ESA.
Está previsto que o Woodsat siga viagem ainda este ano.
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