A exposição à luz é um fator que influencia o ritmo humano, com a tendência para estarmos acordados durante o dia e dormirmos à noite, uma rotina que pode não ser fácil de cumprir no Espaço.

A Estação Espacial Internacional (ISS) dá a volta à Terra a cada 90 minutos e isso traduz-se em 16 pores e nasceres do sol todos os dias. Para estudar a melhor forma de conviver com esta rotina. Andreas Mogensen está a aproveitar a sua estadia a bordo da “morada cósmica” para conduzir a experiência Circadian Light.

A experiência assenta numa lâmpada especial desenvolvida pela dinamarquesa SAGA Space Architects, projetada para acompanhar o ritmo circadiano dos astronautas no espaço, lâmpada essa que Andreas Mogensen instalou na cabine que ocupa na ISS ao terceiro dia da missão de seis meses.

Circadian Light Circadian Light
Circadian Light | ISS créditos: ESA

A insónia é uma preocupação significativa para os astronautas, com estudos a mostrarem que no espaço se dormem apenas seis horas por noite, em média, bem abaixo das oito horas e meia recomendadas.

Fatores como dormitórios confinados, ruídos mecânicos e efeitos psicológicos do isolamento contribuem para esta privação de sono. No entanto, a ausência de luz natural para regular os seus ritmos circadianos continua a ser uma causa fundamental.

O ritmo circadiano descreve as mudanças físicas, mentais e comportamentais pelas quais o corpo humano passa durante um período de cerca de 24 horas. O relógio interno humano está ligado à temperatura central do corpo, que varia ao longo do dia, e aciona o metabolismo e o ciclo de sono.

O Painel de Luz Circadiana, adaptado para os alojamentos da tripulação da ISS, utiliza sete tipos diferentes de LEDs para emitir um espectro de luz que se assemelha aos ritmos circadianos naturais.

Com três faces emitindo luz em diferentes ângulos e comprimentos de onda, o painel promove o estado de alerta ou induz à sonolência. Ao contrário dos sistemas atuais, ajusta automaticamente a luz de acordo com o horário de sono planeado pelo astronauta.

A lâmpada especial e o painel onde está integrada já tinham sido testada numa missão espacial analógica de 90 dias no norte da Gronelândia. A expedição simulou o nascer do sol natural, ajustando a luz ao longo do dia e terminando com um pôr do sol quente. A abordagem contribuiu para controlar eficazmente os ritmos circadianos da tripulação, aliviou a monotonia e melhorou os padrões de sono.