Os Estados Unidos estão a esconder informação sobre fenómenos aéreos anómalos ou não identificados (UAP na sigla em inglês)? É o que alegam três ex-membros das forças armadas que testemunharam ontem numa subcomissão do Congresso dos Estados Unidos dedicada à investigação de UAPs.
Ao longo de duas horas, os ex-militares partilharam testemunhos sobre a existência de alegados programas militares secretos, assim como de encontros com objetos não identificados que aparentavam ser de origem "não-humana".
Uma das testemunhas, David Charles Grusch, antigo membro dos serviços de informação da Força Aérea dos Estados Unidos, alega que os Estados Unidos têm na sua posse naves de origem “não-humana”, além de um programa para estudar esta tecnologia e para tentar replicá-la através de engenharia reversa.
O ex-agente dos serviços de informação da Força Aérea afirma que, em 2019, foi informado que este programa estaria, ou ainda está, a operar sem qualquer tipo de escrutínio por parte do Congresso dos Estados Unidos.
Embora tenha negado a responder aos pedidos por informação mais detalhada feitos pelos congressistas, afirmando que os dados eram confidenciais, David Charles Grusch alega que além de naves, os Estados Unidos estarão também na posse de restos dos seus ocupantes.
“Tomei a decisão de, tendo em conta os dados que recolhi, reportar esta informação aos meus superiores”, afirma David Charles Grusch, citado pela Euronews, acrescentando que sofreu retaliação por ter tomado esta decisão. “No entanto, espero que as minhas ações acabem, em última análise, por levar a uma maior transparência”, realça.
Já David Fravor, antigo comandante na Marinha dos Estados Unidos, recorda um episódio que afirma ter ocorrido em 2004 onde ele e outros pilotos se terão deparado com um UAP ao sobrevoarem o Golfo Pérsico.
Imagens destes UAPs em formato de “tic-tac” foram mais tarde publicadas em 2017 pelo The New York Times. Em 2020, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos autorizou o lançamento dos vídeos em questão.
Recorde um dos vídeos
“A tecnologia com que nos deparámos era bem mais superior a qualquer uma que tínhamos na altura, que temos hoje ou que desenvolveremos nos próximos 10 anos”, detalha David Fravor, citado pela BBC.
Ryan Graves, também ex-piloto da Marinha dos Estados Unidos, realça a falta de informação em relação a UAPs, afirmando que os pilotos, sejam militares ou de companhias aéreas, não estão preparados para responder adequadamente a encontros com este tipo de fenómenos, avança a NBC News.
Em linha com as opiniões das outras testemunhas e de alguns congressistas, o ex-piloto indica também que há um estigma associado aos relatos de observações de UAPs, que estará a prejudicar os esforços reunidos para determinar as suas origens. Para Ryan Graves, este estigma acaba por silenciar os pilotos, uma vez que existem receios quanto às represálias que podem receber.
Nas palavras do congressista Robert Garcia, esta audição “não deverá ser o fim da discussão” em torno dos UAPs, mas sim “um novo capítulo e um novo começo”, acrescentando que o estudo destes fenómenos deveria ser encorajado. “Quanto mais entendermos, mais seguros estaremos”, enfatiza.
Recorde-se que, no final de maio, a equipa de especialistas reunida pela NASA para estudar o fenómeno dos UAPs discutiu pela primeira vez em público algumas das conclusões da investigação, em preparação para a publicação oficial do seu estudo.
A equipa realçou a necessidade de mais dados públicos e de melhor qualidade para poder avançar nas investigações. Como detalhado por Sean Kirkpatrick, diretor do AARO (All-domain Anomaly Resolution Office), a falta de informação é um dos motivos pelos quais não é possível encontrar uma solução para muitas observações de UAPs.
Segundo o responsável, o AARO detetou mais de 800 casos de UAPs, identificados por via aérea. Todos os meses, a agência governamental recebe entre 50 a 100 novos relatos deste tipo, no entanto, deste conjunto, os casos considerados realmente anómalos perfazem entre 2% a 5% do total.
É certo que a questão dos extraterrestres não ficou esquecida durante a discussão e, em resposta a uma questão sobre se a NASA já tinha encontrado algum sinal deste tipo e sobre o que faria caso algum fosse descoberto, David Spergel, presidente da equipa de especialistas, afirmou que ainda não foi encontrada vida fora da Terra, mas a agência continua a sua procura.
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