Nos últimos anos houve um aumento no volume de imagens captadas pelo Hubble “estragadas” pelos satélites Starlink da SpaceX e outras empresas têm lançado em cada vez maior número. E o problema só tende a piorar nos próximos anos.
Se entre 2009 e 2020, a hipótese de encontrar o reflexo de um satélite em imagens do Hubble era de 3,7, em 2021 as probabilidades subiram para 5,9%, revela um estudo publicado recentemente na revista Nature Astronomy, assente na análise de mais de 100 mil imagens do Telescópio Espacial Hubble.
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Os investigadores descobriram que 2,7% das imagens do Hubble com um tempo de exposição de 11 minutos foram "atravessadas" pelo reflexo de satélites, linhas longas e brilhantes que acabam por inutilizar essas imagens. A análise compreende dados de 2002 a 2021.
Dado o crescente número de lançamento de satélites artificiais planeados atualmente, é expectável que a percentagem de interferências nas imagens continue a aumentar na próxima década.
Por estes e outros motivos, a comunidade científica não tem visto com bons olhos o impacto da constelação de satélites que a SpaceX está a lançar, e que a Amazon se prepara para fazer.
O lixo espacial é um tema quente, numa altura em que o número de objetos no espaço atingiu níveis sem precedentes, também pela existência do risco de colisão de detritos, com a estação especial ou outros objetos.
O impacto negativo que resulta da exploração comercial do espaço para as atividades de investigação, tem igualmente sido cada vez mais discutido e levou até recentemente a uma parceria entre a SpaceX e a Fundação Nacional das Ciências dos Estados Unidos. Nos termos do acordo, a empresa vai levar a cabo algumas medidas para que a sua constelação de mais de 3.000 satélites interfira menos com a atividade de telescópios e radiotelescópios.
A licença de operação da SpaceX vai permitir-lhe lançar para o espaço mais 7.500 satélites, mas a FCC está a analisar um pedido mais ambicioso. A empresa fundada por Elon Musk quer colocar no espaço 30.000 satélites de segunda geração da Starlink.
Entretanto, a Amazon conseguiu autorização do regulador das comunicações nos Estados Unidos (FCC), para começar a lançar a constelação de satélites que vai dar corpo ao Projeto Kuiper, um serviço de internet por satélite idêntico ao que já oferece a SpaceX, com a Starlink.
A autorização final da operação estava dependente da aprovação de um plano atualizado de mitigação dos detritos espaciais gerados pela atividade. Nos termos deste plano, a Amazon comprometeu-se a apresentar relatórios semestrais sobre o número de satélites lançados e a fiabilidade do processo de eliminação de detritos. A Amazon assumiu também o compromisso de retirar de órbita todos os satélites que lançar, terminado o prazo previsto de missão de cada um, que é de sete anos.
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