O projeto português ‘RA3I – Rock Art Analysis With Artificial Intelligence’ é uma iniciativa que pretende desenvolver novos métodos de estudo aplicados à arte rupestre. Dá suporte a arqueólogos e investigadores especializados em arte pré-histórica, ao disponibilizar ferramentas para a interpretação, catalogação e exploração de figuras e pictogramas, dos quais serão extraídos novos dados que podem delimitar processos de influência e de permanência de povos em diferentes partes do mundo. Segundo a informação partilhada, no limite, poderá reconhecer a consciência inicial do ser humano e contribuir para a compreensão da evolução da humanidade.

Especialistas de IA e cientistas sociais, trabalham em conjunto, abrindo portas ao estudo de “milhões de imagens que se encontram ainda por investigar”, explica a Techframe – Sistemas de Informação, que lidera o projeto.

A Equipa do RA3I está a desenvolver ferramentas “para tratar automaticamente milhões de figuras já identificadas, mas não estudadas, ultrapassando a complexidade dos desafios técnicos, o tempo, as dificuldades atuais da conversão de suportes originais para formatos tratáveis, bem como a necessidade de um arqueólogo especializado na interpretação e catalogação”, refere a Techframe, acrescentando que “a tecnologia em desenvolvimento poderá representar uma nova abordagem para conhecermos a arte dos nossos antepassados, permitindo interpretações e cruzamentos de informação impossíveis até ao momento”.

Além desta empresa, o consórcio, apoiado pelo Programa Compete2030, é composto pelo Instituto Politécnico de Tomar e pelo Instituto Terra e Memória. Com um investimento total de mais de 1,7 milhões de euros, o desenvolvimento da solução está em curso há cerca de 17 meses. Atualmente, as equipas já encontraram “resultados muito significativos e provavelmente disruptivos, que começarão brevemente a ser disponibilizados publicamente”.

O consórcio explica que “elevada variabilidade dos elementos arqueológicos desenhados ou gravados nos números suportes encontrados, limita a sua análise em estudos quando comparada com a análise de indústrias líticas ou cerâmicas”. Devido à sua complexidade e diversidade, até agora, a análise informática da arte rupestre ainda estava pouco desenvolvida.

No entanto, os elementos recorrentes em diferentes sítios arqueológicos, distribuídos pelos vários continentes, “sugere que a arte rupestre obedece a padrões comuns de cognição, lógica e comunicação”, explicam os investigadores. Tal “aponta para a possibilidade de desenvolvimento de algoritmos capazes de identificar convergências, correlações e padrões não observados anteriormente”. A Techframe sublinha que “este tipo de análise profunda poderá trazer uma nova perspectiva sobre a interação humana pré-histórica e os seus métodos de comunicação visual”.

Segundo os dados, o RA3I permitirá padronizar e estudar milhões de imagens que constituem o espólio arqueológico mundial da pré-história, e será uma fonte valiosa de dados para o estudo real da evolução cognitiva da humanidade.

A equipa de investigação e desenvolvimento (I&D) é composta por especialistas nacionais com destaque internacional na área da Arqueologia. É o caso de Luíz Osterbeck, do Instituto Politécnico de Tomar e presidente do Instituto Terra e Memória, e da sua equipa, que inclui a arqueóloga investigadora Sara Garcês. Os investigadores do Instituto Politécnico de Tomar são liderados pelos professores especialistas, Sandra Jardim e Carlos Mora, investigadores em IA e em Processamento Avançado de Imagens.

A TechFrame contribui com uma equipa de especialistas em IA e interfaces avançados homem-máquina, que vão combinar os elementos de estudo fornecidos pelas equipas de arqueologia com o tratamento tecnológico.