A ESA está a combinar dados dos satélites Sentinel-5P, Sentinel-3 e Sentinel-2 para monitorizar as emissões de metano a partir do espaço, num novo avanço na luta contra as alterações climáticas
O metano é um poderoso gás com efeito de estufa e o segundo maior contribuidor para o aquecimento global, depois do dióxido de carbono. Apesar de uma vida útil mais curta - a rondar os 10 anos na atmosfera - uma tonelada de metano pode reter espantosamente 30 vezes mais calor do que uma tonelada de dióxido de carbono ao longo de um século.
Tem como fontes “normais” desde processos naturais, como zonas húmidas, ou atividades humanas, como a agricultura, mas depois existem os chamados superemissores, que libertam uma quantidade desproporcionalmente grande do gás em comparação com os restantes emissores.
Os superemissores são normalmente encontrados em instalações industriais, como atividades petrolíferas, minas de carvão ou mesmo aterros sanitários, com problemas de equipamentos ou infraestrutura que levam a fugas significativas de metano. São estes que a ESA quer identificar para concentrar esforços.
A deteção de emissões de metano dependeu, até à data, mais do Copernicus Sentinel-5P. O satélite integra o Tropomi um instrumento que produz diariamente um mapa global preciso das concentrações do gás, observando a atmosfera da Terra.
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Agora os investigadores do Netherlands Institute for Space Research (SRON) anunciaram a criação de um novo algoritmo que usa machine learning para identificar automaticamente plumas de superemissores de metano nos dados registados pelo Sentinel-5P e que também calcula automaticamente as emissões associadas com base nas concentrações medidas e nas velocidades simultâneas do vento.
E se a "mancha" for visível do espaço, é porque o assunto “é sério”, refere Bram Maasakkers, um dos coautores do estudo publicado pela Atmospheric Chemistry and Physic, citado pela ESA.
“Pela primeira vez, passámos a ter uma boa imagem de quem são estes superemissores”, sublinha o investigador.
O estudo aponta 2.974 nuvens de gás metano encontradas em 2021. Quarenta e cinco por cento têm origem em instalações de petróleo e gás, mas também há plumas provenientes de áreas urbanas (35%) e de minas de carvão (20%).
De acordo com os investigadores, a informação vai ser usada pelo Observatório Internacional de Emissões de Metano das Nações Unidas para encontrar uma solução em conjunto com as empresas ou autoridades responsáveis.
Os esforços para reduzir as emissões de metano não terminam aqui. A tecnologia dos satélites espaciais está a ser conjugada para, não só detetar a presença do gás, mas também localizar e quantificar as emissões com precisão.
Com uma cobertura global diária, o Sentinel-5P é conhecido identificação precisa da presença de metano em qualquer lugar do mundo, mas peca por uma resolução espacial relativamente “grosseira”, de 7x5,5 km.
Os satélites Sentinel-2, por outro lado, estão equipados com instrumentos multibanda que não são projetados para observar concentrações de metano, mas podem identificar locais precisos de grandes fugas (emissões de mais de uma tonelada por hora) com uma resolução notável de 20 m. Mas não têm cobertura global diária.
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