A Parker Solar Probe completou esta quarta-feira a sua última manobra gravitacional com Vénus, um passo essencial na sua missão histórica de "tocar o Sol". Durante esta aproximação, a sonda ficou a apenas 376 km da superfície de Vénus, o que ajustará a sua trajetória para a fase final da missão.

Este ajuste permitirá que a Parker chegue até 6,2 milhões de quilómetros da superfície solar, a distância mais próxima alguma vez atingida por um objeto feito pelo ser humano. Esta aproximação extrema acontecerá no dia 24 de dezembro de 2024, marcando um momento crucial na missão concebida há mais de 65 anos.

A missão Parker Solar Probe tem enfrentado condições extremas, como temperatura e radiação intensas, de modo a obter dados sem precedentes sobre o Astro-Rei.

Desde que foi lançada, tem feito múltiplos voos orbitais e tem usado a força gravitacional de Vénus para ajustar a sua trajetória e alcançar o Sol de forma gradual. Com o objetivo de chegar à coroa solar - a atmosfera superior do Sol -, recolhe observações valiosas sobre o vento solar e outros fenómenos que têm impacto direto na Terra.

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Uma descoberta notável surgiu das manobras da Parker com Vénus, graças ao Wide-Field Imager for Parker Solar Probe (WISPR). Durante um sobrevoo a 11 de julho de 2020, o WISPR captou imagens de Vénus que mostraram algo inesperado: o instrumento conseguiu ver através da densa camada de nuvens da atmosfera do planeta, revelando o seu solo, que brilha no infravermelho devido ao intenso calor, de cerca de 465 °C.

A descoberta deu origem a novas perguntas sobre a superfície e as condições químicas de Vénus, questões que a passagem de 6 de novembro pode ajudar a responder.

"Os sensores WISPR conseguiram ver a superfície de Vénus no infravermelho, o que nos deu uma nova perspetiva deste planeta infernal", explicou Noam Izenberg, cientista da Universidade Johns Hopkins, citado pela NASA.

As imagens captadas alinhavam-se com os dados da missão Magellan, que mapeou Vénus com radar nos anos 90. No entanto, algumas regiões revelaram-se mais brilhantes do que o esperado, levantando hipóteses sobre diferenças químicas ou formações geológicas recentes, como fluxos de lava.

Após este voo crucial sobre Vénus, a Parker Solar Probe seguirá para o seu destino final: a coroa solar. A passagem mais próxima, conhecida como periélio, acontecerá a 24 de dezembro, numa fase em que a sonda perderá o contacto com a equipa de controlo em Terra devido às condições extremas. A confirmação do sucesso e da resistência plena da Parker só chegará a 27 de dezembro, que está programada para enviar um "sinal de saúde".

A missão Parker Solar Probe promete revolucionar o conhecimento humano sobre o Sol, explorando a origem do vento solar e os mecanismos que aquecem a coroa a temperaturas misteriosamente mais elevadas que a superfície solar.

A sonda, que orbitará o Sol 24 vezes durante a missão, ajudará a antecipar fenómenos de meteorologia espacial que podem afetar as telecomunicações e a infraestrutura tecnológica na Terra.