Os astrónomos ficaram intrigados quando a supergigante vermelha Betelgeuse se "apagou" do céu, mas semanas mais tarde recuperou o seu brilho. Na altura a investigação mostrou que o o fenómeno se deveu a uma projeção de gás que pode ter formado poeira, o que ocultou brevemente parte da luz de Betelgeuse da visão a partir da Terra, criando o efeito de escurecimento.

Agora os olhos estão virados para VY Canis Majoris, uma hipergigante muito maior e mais brilhante do que o nosso Sol, que parece estar a atravessar um processo semelhante. Recorreram ao telescópio espacial Hubble para determinar as velocidades e movimentos dos nós próximos de gás quente e outras características, e detalhar com mais precisão as erupções de gás.

"A VY Canis Majoris parece-se muito com a Betelgeuse em esteroides", explica as astrofísica Roberta Humphreys, da Universidade do Minnesota, em Minneapolis, citada pela NASA.

Com a observação a equipa da astrofísica descobriu que os nós identificados se ligam a episódios múltiplos que aconteceram nos séculos 19 e 20, quando VY Canis Majoris perdeu brilho e ficou com apenas um sexto da sua luz habitual. Agora está demasiado "apagada" para ser vista a olho nu.

"Esta estrela é absolutamente fantástica. É uma das maiores que conhecemos e uma supergigante vermelha muito evoluída. Teve muitas erupções gigantes", explica Roberta Humphreys.

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O hipergigante perde agora 100 vezes mais massa do que Betelgeuse, e em alguns nós a massa é mais do que o dobro da massa de Júpiter. "É incrível que a estrela possa fazer isso", afirma a astrofísica. "A origem desses episódios de elevada perda de massa em VY Canis Majoris e Betelgeuse é provavelmente a atividade de superfície em grande escala, de grandes células convectivas como no Sol. Mas em VY Canis Majoris, as células podem ser tão grandes quanto o nosso Sol, ou maiores".

O facto das ejeções de poeira e gás serem mais complexas do que as de outras supergigantes também captou a atenção dos cientistas. Os responsáveis da investigação estimam que VY Canis Majoris pode estar num estado evolutivo único que o separa das outras estrelas. "Provavelmente está ativo por um período muito curto, talvez apenas alguns milhares de anos. Não veremos muitos daqueles ao redor ", disse Roberta Humphreys.