A Madeira tem vindo a implementar o projeto Manuais Digitais, que se transformou numa referência e cujo modelo tem inspirado iniciativas semelhantes noutros países. Este ano letivo a medida passa a cobrir 9.500 alunos e 2 mil docentes que correspondem, respetivamente, a 45% e a 33% dos alunos e professores da região autónoma.

O projeto arrancou em 2018, com uma experiência-piloto que envolveu os alunos do 5º ano de uma escola. No ano seguinte estendeu-se a todos os alunos do mesmo ano da região e nos depois desse continuou a expandir-se até chegar, este ano letivo, a todos os alunos até ao 8º ano e já a algumas turmas entre o 9º e o 11º ano.

O foco está em disponibilizar, progressivamente, a todos os alunos das escolas da região, “recursos tecnológicos promotores de melhores aprendizagens, com potencial de adaptação às necessidades específicas de cada aluno e ao contexto de cada escola”, como explica a secretaria regional da educação, ciência e tecnologia.

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Todos os alunos envolvidos no projeto têm direito a um tablet, uma licença da Escola Virtual; uma capa personalizada compatível com o tablet; uma licença do Knox Manage; uma licença de Cloud firewall e uma licença da versão digital de cada manual escolar adotado.

Os dados recolhidos junto dos professores sustentam um balanço altamente positivo da iniciativa. Aumentou o nível de concentração, interesse, participação e motivação dos alunos graças às mudanças na forma de apresentar conteúdos e à facilidade de acesso aos conteúdos, partilha a secretaria regional.

Os professores apontam também a importância das ferramentas digitais para dinamizar e rentabilizar o trabalho colaborativo entre alunos, agilizar a comunicação entre professores e alunos, promover a criatividade e dar uma resposta mais rápida às necessidades dos alunos.

Melhores notas e uma oportunidade para esbater desigualdades

No fim do primeiro ano de implementação do modelo (2019) um inquérito da secretaria regional da da educação da Madeira concluiu que a média de resultados dos alunos envolvidos melhorou 2,5%, em comparação com os três anos letivos anteriores, com destaque para os resultados de matemática que melhoraram 4,3%.

Além do reflexo nas aulas, o gabinete de Jorge Carvalho sublinha o impacto social do programa, que por ser uma medida universal e gratuita, coloca todos os alunos em pé de igualdade no acesso a um conjunto de ferramentas, independentemente das suas condições sociais, mas também porque tem preocupações de inclusão a outros níveis.

As soluções digitais utilizadas têm funcionalidades que atendem a necessidades especiais específicas e permitem, por exemplo, ampliar as páginas dos Manuais Digitais até 400%, são compatíveis com software de leitura de ecrã (ainda em fase de otimização), têm navegação simples e suportam legendas, a pensar nos alunos com limitações ao nível da visão, da mobilidade ou da audição.

Para acomodar a chegada do projeto às salas de aulas da Região Autónoma da Madeira foi preciso levar a cabo outras mudanças, melhorando as infraestruturas de rede Wi-Fi em todas as escolas, definindo e monitorizando regras de segurança para os acesso a equipamentos e conteúdos dentro e fora da escola e adaptando os processos de formação dos professores.

“Os equipamentos podem ser utilizados dentro e fora da escola. Têm parametrizações de segurança diferenciadas, caso o aluno esteja dentro ou fora da escola, através da aplicação de white lists (lista de sites permitidos) e black lists (lista de sites proibidos), explica Nuno Almeida, IM B2B Manager da Samsung Portugal, que é uma das parceiras do projeto.

“Partimos do princípio que o aluno, quando está em ambiente escolar tem maior supervisão, razão pela qual tem um acesso mais abrangente. Quando se encontra fora da escola e porque a supervisão parental não é sempre assegurada o acesso é mais restrito. Esta gestão de políticas de segurança é assegurada pela plataforma Samsung KNOX”, acrescenta o responsável.

A Samsung é a fabricante que tem fornecido os equipamentos de suporte ao projeto dos Manuais Digitais, que também envolve a Porto Editora e a Altice. Já distribuiu 10 mil equipamentos na região a alunos do 5º ao 10º ano, entre tablets Tab S6 Lite e Chromebooks Go (a partir do 10º ano). No próximo ano letivo, que fecha o ciclo de cinco anos do programa, distribuirá mais 5 mil equipamentos.

O projeto Manuais Digitais insere-se no Plano Estratégico de Inovação Educacional das Escolas da RAM, que também prevê a formação em competências digitais, para docentes e não docentes, a criação de Ambientes Inovadores de Aprendizagem e Núcleos de Inovação Educacional.

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Com os Ambientes Inovadores de Aprendizagem pretende-se reorganizar o desenho das salas de aula, de forma a facilitar novas metodologias de ensino e aprendizagem. Estes “Laboratórios Vivos”, vão servir para demonstrar como as TIC podem ser implementadas na escola, com a colaboração de responsáveis pelas políticas educativas, fabricantes e fornecedores TIC, professores e investigadores.

Os Núcleos de Inovação Educacional serão espaços a que todas as escolas da região vão ter acesso para poder promover atividades de colaboração que estimulem a aprendizagem através da resolução de problemas nas principais áreas de conhecimento. Vão estar equipadas com Kits de Robótica (Pré-Escolar até ao Ensino Secundário); impressoras 3D; Kits de realidade virtual e realidade aumentada; Kits educativos de ciências (experimentais), de física, química e biologia.

Manuais digitais avançam nos Açores

Este ano letivo os Manuais Digitais chegam aos Açores. A Samsung admite que as expectativas são elevadas, tanto pelos bons resultados alcançados na Madeira, como pelo facto desta segunda experiência já poder tirar partido de tudo o que se aprendeu com a primeira.

“O projeto nos Açores teve por base um processo de aprendizagem de todos os parceiros, ao longo dos últimos 3 anos”, o que acabou por tornar a implementação mais rápida e mais eficiente, admite Nuno Almeida. Por outro lado, o “espírito de colaboração, entreajuda e partilha de boas práticas entre os Governos Regionais [das duas regiões autónomas] possibilitou um arranque do ano letivo nos Açores sem problemas, nas turmas que abraçaram este ano o projeto". 

No terreno, Samsung, Porto Editora, Altice e Expert promoveram conetividade Wi-fi nas salas de aula envolvidas no projeto; forneceram Tablets e Chromebooks aos alunos; disponibilizaram Manuais Digitais e acesso à plataforma Escola Virtual; e implementaram políticas de segurança e salvaguarda dos dados dos alunos e professores.

O projeto dos Manuais Digitais nos Açores vai envolver 5 mil alunos de 38 escolas, nos dois próximos anos letivos. Para já chega a alunos dos 5º e 8º anos.

A Samsung está envolvido noutros projetos nacionais ligados ao conceito de escola digital desde 2014, entre parcerias com a Direção-Geral da Educação, com a Fundação Calouste Gulbenkian (implementação de salas de aula digitais em três escolas no Alentejo, como medida de combate ao abandono e insucesso escolar) e com autarquias. Desde 2018, nesta vertente, tem trabalhado com os municípios de Oeiras, Maia, Arruda dos Vinhos, Famalicão ou Olhão.

“Acreditamos que com o processo de transferência de competências para as autarquias locais muitos outros municípios se seguirão”, antecipa Nuno Almeida. A nível global a empresa trabalha esta área da educação em todos os continentes e por isso destaca o facto da Samsung HQ (em Seoul) ter considerado o projeto Manuais Digitais na Madeira um case study internacional.

Muitos dos projetos que estão hoje em dia em implementação na Europa ou na Ásia tiveram como inspiração o projeto desenvolvido na Madeira”, revela o responsável, acrescentando que a subsidiária portuguesa recebe várias solicitações de outras para partilhar detalhes sobre os projetos de educação digital nacionais.

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