Os dados das principais consultoras já são conhecidos e mostram uma queda de vendas no mercado de computadores de 14%, a nível global, e Portugal não escapou à regra, com quebras de 20%, excluindo a área da educação. José Correia, diretor geral da HP em Portugal, diz que este era um reajuste esperado e mostra-se optimista para 2024.
“2023 foi um ano de ajustar o mercado de computing e impressão à realidade, depois de em 2020 e 2021 terem sido marcados pelas grandes aquisições ligadas ao trabalho remoto, e também com o negócio muito alavancado pelo sector da educação em 2021 e 2022”, explica em entrevista ao SAPO TEK.
De acordo com os dados, no mercado profissional registou-se uma redução de 30% nas unidades de computadores trazidas para Portugal, e uma quebra de 15% nas vendas de retalho, e José Correia aponta o desequilíbrio entre a oferta e a procura. “Com a redução do rendimento disponível a prioridade das famílias não era comprar computadores”, lembra o diretor geral da HP.
A acumulação de stocks no final de 2022 obrigou também a ajustes em 2023, um ano de grande instabilidade com o prolongamento da guerra na Ucrânia, a subida das taxas de juro e uma inflação galopante. “Isto fez com que muitas empresas sentissem menos confiança para fazer investimentos”.
Para José Correia, a crise dos semicondutores, que afetou a disponibilidade de equipamentos em 2022, não provocou constrangimentos significativos, com os tempos de entrega praticamente repostos, embora surja agora uma nova preocupação com os bloqueios no mar vermelho que podem gerar novos estrangulamentos na logística mundial.
Apesar deste balanço, o responsável da HP em Portugal olha para 2024 com optimismo. “A nossa perspetiva é que vamos ter um crescimento mais considerável […] Acreditamos que em 2024 o mercado vai crescer e há dinâmicas que contribuem para maior crescimento”, adianta, sublinhando que espera crescer “um digito forte”, acima de 5%.
Entre os fatores que suportam este optimismo estão argumentos para o mercado de consumo mas também para o mercado profissional. “No mercado de consumo, depois de uma quebra como a do ano passado, só pode crescer”, afirma, referindo indicadores macroeconómicos, com inflação a abrandar, taxas de juro a reajustarem-se, o que indica que pode haver mais rendimento disponível das famílias, aliado a um incremento salarial.
Para o segmento profissional, o efeito do fim do suporte da Microsoft ao Windows 10, e a necessidade de migração para o Windows 11, vai levar as grandes e médias empresas a atualizarem os equipamentos.
José Correia refere ainda o efeito positivo do PRR e dos programas de aquisição de equipamentos. “Em 2023 vimos um maior fluxo de procedimentos públicos associados à renovação dos parques informáticos”, explica, apesar de reconhecer que no segundo semestre esperava uma maior dinâmica.
"Mas não há volta a dar, o PRR tem de começar a acelerar em execução […] Vai ser um ano forte no sector público pelos projetos associados", defende. Mesmo que a mudança de governo, com as eleições em março, possa trazer atraso em alguns procedimentos “não vejo que seja um problema generalizado e não acredito que sejam postas em causa as metas de 2024 e 2025”.
Trabalho mais híbrido com necessidade de mais serviços
A tendência para o trabalho remoto, ou modelos híbridos, veio para ficar e José Correia reconhece as vantagens ao potenciar a produtividade e a satisfação. Para já não há sinais de muitas empresas a voltarem ao modelo de 100% presencial e isso também tem impacto na gestão dos equipamentos, e na necessidade de mais serviços.
“Crescemos bastante nessa área”, explica, dizendo que a banca e as utilities têm projetos muito significativos que já assentam numa gestão diferente do parque instalado, em termos de workplace managemente e com foco na segurança e assistência técnica.
A integração de mais funcionalidades de Inteligência Artificial é também incontornável e a HP já estava a apostar em funcionalidades potenciadas pela tecnologia, como a gestão de som e vídeo em videconferências. “Vamos ver muitos fabricantes de equipamentos com funcionalidades orientadas para potenciar a IA e os equipamentos vão evoluir bastante nesse sentido o que vai trazer mais dinâmica ao sector”, refere, adiantando que é uma pressão para renovação dos computadores mas que ainda vai demorar algum tempo a massificar.
José Correia defende que “a HP está numa situação impar para acompanhar as grandes tendências de mercado e o trabalho híbrido. Ninguém tem esta posição”. A integração da Poly que já começou em 2023 vai estar a funcionar em pleno em 2024 e isso também vai refletir-se em projetos de renovação de escritórios e mudanças de edifícios para o novo paradigma do trabalho híbrido. “Temos projetos nesta área muito interessantes”, refere.
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