O Game Development Conference (GDC) era para ser o palco escolhido pela Microsoft e Sony para debitar os dados técnicos do hardware que compõem as respetivas Xbox Series X e a PlayStation 5, mas por causa do seu cancelamento, devido ao coronavírus, ambas optaram por revelar online os seus specs. Mark Cerny, o arquiteto da PlayStation 5, realizou uma conferência sem público totalmente focado nas especificações da nova consola, centrando principais atenções no seu SSD, que considera ser uma das coisas mais pedidas pela comunidade de developers. Também a Microsoft revelou os dados técnicos da sua Xbox Series X, reforçado com mais imagens dos componentes e comando.
Fazendo uma comparação entre as duas consolas, ambas são tecnicamente muito semelhantes, num primeiro olhar. É preciso mergulhar nos pormenores para discernir a direção que cada consola quer rumar. A Sony investiu na velocidade do SSD, já a Microsoft salienta a supremacia dos “teraflops” do seu processador gráfico.
Processadores e placas gráficas
Olhando para os processadores das consolas, a PlayStation 5 terá um AMD Zen 2 de oito núcleos, cada um a debitar 3,5 GHz. O mesmo chipset vai ser utilizado pela Microsoft na Xbox Series X, mas cada um será mais rápido, marcando 3,8 GHz. No entanto, este valor é obtido pelo multithreading simultâneo, pelo que cada core é de 3,66 GHz.
Um aspeto técnico onde as consolas se distinguem ligeiramente é na placa gráfica, mais uma vez baseado no mesmo GPU da AMD, mas customizado para as necessidades de cada fabricante. A Sony introduziu na PS5 o GPU baseado na arquitetura RDNA 2, com um total de 10,28 teraflops de potência, com 36 unidades computacionais a correr a 2,23 GHz cada uma. Já a Microsoft recorre à mesma Radeon, mas pisou um pouco mais o acelerador do “overcloacking” para obter os redondos 12 teraflops de computação gráfica, com 52 unidades a 1,825 GHz cada.
Para tentar fazer uma antevisão da diferença entre as placas gráficas, o Kotaku refere que o GPU da PS5 é equivalente a uma Radeon RX 5700, enquanto a Xbox Series X equivale a uma Radeon RX Vega 56, submetendo-as ao comparador de benchmark GPUCheck. Considerando que se trata de um teste em ambiente PC e não em consolas, ainda assim é possível ter uma pequena ideia das diferenças nos frames por segundo que pautam os comparadores. As diferenças existem, mas não são muito definidas, no campo teórico, obviamente.
É ainda salientado pelos especialistas em hardware, que a PS5 é mais maleável no que diz respeito ao ajuste da performance do CPU e GPU pelas necessidades dos produtores.
“O SSD será a chave da próxima geração”
Mas onde a Sony investiu todas as suas fichas foi no SSD, e por isso merecedor da maior parte do tempo que Mark Cerny demorou a falar da consola. O SSD da PS5 será de 825 GB, mas com uma velocidade de 5,5 GB por segundo. Já a Microsoft apresenta um SSD de 1 TB NVME, mas com metade da velocidade do seu rival: 2,4 GB por segundo de velocidade.
Basta olhar para um computador e portátil que tenham um sistema operativo instalado num SSD para notar a diferença “abismal” em relação a uma máquina que tem um disco rígido convencional. Por si, os SSD vão revolucionar as novas consolas no que diz respeito a performance, e neste caso, no papel, a solução da Sony apresenta o dobro da performance da consola da Microsoft. O carregamento dos jogos poderá ser diferente entre as duas máquinas.
A aposta da Sony numa solução produzida pela sua engenharia interna inclui diferentes peças de hardware, um controlador de flash, uma interface de 12 canais e ainda uma unidade I/O especial. Mark Cerny crê que o SSD seja a chave para a nova geração, e a sua solução é fruto de conversas com muitos produtores, pois os jogos eram anteriormente desenhados para consolas com discos lentos. E para isso eram utilizados certos truques, tais como sequências com longas escadarias ou túneis que escondiam os carregamentos no background.
O arquiteto da Sony afirma que a ambição seja carregamentos instantâneos dos jogos, quebrando alguns paradigmas de como os jogos são instalados. Essa introdução vai dar liberdade aos produtores de criarem os seus conceitos sem terem de pensar na barreira dos carregamentos e ecrãs de loading. Com o SSD, ambas as consolas vão beneficiar desse argumento. Ainda assim, Mark Cerny realça que o sistema de compressão dos ficheiros também vai afetar a performance dos jogos, como que a piscar o olho aos produtores “desleixados” que deixem de otimizar o código dos seus jogos, considerando o poder da consola.
De salientar que a Sony tem planos para que os utilizadores de PS5 adquiram unidades SSD PCIe 4.0 NVMe para aumentar facilmente o espaço livre disponível. A Microsoft encarregou a Seagate para desenvolver cartões de expansão de 1 TB. São boas notícias para os jogadores que atualmente se debatem a gerir o espaço nos discos, desinstalando jogos para instalar outros.
Relativamente à memória, ambas as consolas apostam em 16 GB de RAM GDDR6, diferindo na velocidade do bus. A PS5 tem um bus de 256 mb, enquanto a Xbox Series X tem 320 mb de bus. Nesse sentido, a consola da Microsoft tem mais linhas de tráfego de dados, pois divide o total da memória em dois canais de largura de banda: um de 10 GB a 560 GB/s, outro de 6 GB a 336 GB/s.
Quanto à unidade de leitura, as duas consolas apresentam um leitor de Blu-ray 4K UHD.
Até ao lançamento das consolas, previsto para o próximo Natal, caso não haja alterações devido à pandemia de Coronavírus, ainda há várias coisas para revelar. O design e funcionalidades do comando da PS5, o DualShock 5 ainda estão por revelar. E claro, o design da própria consola da Sony. Já a Microsoft tem sido mais aberta, tendo já revelado o design da sua próxima “caixa”.
A próxima geração de consolas PlayStation e Xbox promete debater-se “taco a taco”, ambas com as suas próprias armas técnicas. As duas fabricantes têm os seus estúdios internos a produzir jogos exclusivos para as respetivas consolas. A Microsoft ainda vai lançar o serviço de cloud gaming xCloud para fazer frente ao PlayStation Now. E mesmo o seu catálogo Xbox Game Pass, com a promessa de inclusão da maioria dos seus exclusivos tornam-no essencial para os jogadores terem acesso a novidades ao preço de uma assinatura mensal.
De salientar ainda que as placas gráficas introduzem tecnologia efeitos de ray tracing em ambiente de consolas, além da promessa de gaming a 8K. Há ainda a tecnologia quick resume da Microsoft, que significa que os jogadores podem resumir os jogos mesmo depois de um reboot da máquina.
Mas perante tanta tecnologia há uma pergunta que continua a ecoar na cabeça dos jogadores: quanto vai custar o bilhete para entrar nesta nova geração de consolas?
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