É num auditório sem público que Mark Cerny, um dos principais responsáveis de engenharia da Sony, acaba de subir ao palco do evento "The Road to PS5" para apresentar as novidades da PlayStation 5, a nova consola que deverá chegar este ano ao mercado, em duas versões, e que promete muitas novidades para os gamers. Esperava-se alguma revelação do design da PS5, ou de jogos, mas a conversa acabou por ser muito técnica, centrada em detalhes de especificações.
"Hoje quero falar dos objetivos para a PlayStation e a forma como influenciou as nossas opções no hardware", afirma Mark Cerny. Desta vez a Sony tomou opções diferentes, em vez de desenvolver tudo em segredo decidiu ouvir os developers, mas também balancear as escolhas de evolução/revolução e, claro, encontrar "novos sonhos".
Nas várias conversas com que teve, em todo o mundo, o engenheiro da Sony revela que principal pedido dos developers foi um disco SSD, o que trouxe alguns problemas de integração que tiveram de ser ultrapassados, mas adianta ainda que a principal dificuldade de adaptação foi a escolha do GPU.
A utilização de um disco SSD já tinha sido revelada, e Mark Cerny diz que esta é uma das principais mudanças da PS5. Com um disco rígido HDD, 1 gigabyte demora 2 a 50 segundos para carregar, o que acontece com a PS4, mas o que poderia trazer de novo um disco SSD? O carregamento, e recarregamento será muito mais rápido, num piscar de olho, mas não é só isso que conta, pelo que o responsável de engenharia da Sony garante que "para mim o mais importante de um disco SSD é que dá ao designer de jogos maior liberdade".
Na parte do "sonho" que a Sony tinha para a PS5, o SSD pode trazer mais jogos no deck, carregamento em 1 segundo de jogos e sem ecrãs de introdução. São 5,5 GB por segundo carregados com o SSD, mas a verdade é que este é apenas 1 das peças de um puzzle de melhoria da performance da PS5. Para resolver os problemas de ligação foram desenvolvidas várias peças de hardware, como um controlador de flash, com um interface de 12 canais, e uma unidade I/O especial.
O engenheiro avança ainda que a nova PS5 vai suportar drives externas de SSD, mas têm de ser tão rápidas como a que está integrada na versão com a Solid State Drive, por causa da compatibilidade, explica Mark Cerny. E ainda vão ser precisos testes para perceber quais serão suportadas, que podem não estar prontos à data de lançamento.
Duplicar a performance e manter a retrocompatibilidade?
Este é um dos desafios que a Sony tem de enfrentar com o novo GPU da AMD, mas Mark Cerny garante que para já é uma aposta ganha, e que pela análise que foi feita, os 100 principais jogos de PS4 vão ser compatíveis com a PS5 quando a nova consola chegar ao mercado. A retocompatibilidade é garantida através do GPU que emula o chip gráfico da PS4/ PS4 Pro.
A PS5 traz um novo motor de geometrias com o novo GPU, que permite utilizações mais complexas de "primitive shappers" com mais detalhes nos objetos e outras melhorias visuais, e um sistema de ray tracing que é apresentado como "uma oportunidade" para melhorar a qualidade dos jogos, em termos de iluminação, sombras e reflexos.
A performace é um elemento importante, por isso o novo CPU da PS5 vai correr a 3,5 GHz, pelo menos na maioria do tempo, mas em alguns casos pode correr a uma frequência mais baixa, numa aproximação de variação que pode trazer grandes mudanças.
Como era esperado, as mudanças de áudio foram também abordadas, com as melhorias na renderização. Até porque Mark Cerny admite que a experiência na PS4 não foi muito melhorada face à PS3, por isso foram estabelecidas metas ambiciosas, com a melhoria de "presença" e "localização". "Falamos na sensação de que estamos mesmo lá, que entrámos na Matrix e o cérebro sente que entrámos no mundo virtual", explica.
A Sony demorou-se muito neste tema, com vários testes e a consideração de muitas variáveis, como o tipo de utilização com headphones, TVs e ecrãs e também com outro tipo de equipamentos, como colunas de som.
Depois de tantos detalhes técnicos, Mark Cerny admite que a parte divertida vai ser perceber como é que a comunidade de desenvolvimento de jogos vai tirar partido destas melhorias de performance, mas isso ainda vai demorar algum tempo.
Nota da Redação: A notícia foi atualizada durante a conferência. Veja abaixo o que já se sabia antes do evento de hoje
O que já se sabe sobre a nova PlayStation 5 da Sony
A expectativa em relação à PlayStation 5 era grande e os fãs aguardavam ansiosamente por mais detalhes em relação à consola desde abril, em especial, no que toca ao seu aspecto. Perante a pandemia de COVID-19 que está a assolar o mundo, a Sony optou por uma apresentação virtual, liderada por Mark Cerny, um dos principais responsáveis de engenharia da fabricante, que podia ser acompanhada em direto. No ar ficava a promessa de uma renovação profunda da arquitetura da nova consola e da forma como esta pode mudar o futuro do mundo dos videojogos.
PS5: O que já se conhece sobre a consola
Na edição de 2020 da CES, no início de janeiro, Jim Ryan, Presidente e CEO da Sony Interactive Entertainment, deu a conhecer em exclusivo o logótipo da PlayStation 5. A Sony decidiu seguir a abordagem tomada nas suas outras consolas, mantendo o design e estilo de letra. Embora não tenha saciado a curiosidade dos fãs que estavam à espera de ver o aspeto da PS5, o responsável confirmou algumas das suas funcionalidades já conhecidas.
Em 2019, a Sony tinha já feito algumas revelações sobre as funcionalidades da sua nova consola, incluindo a utilização de um disco SSD em vez de um HDD para velocidades superiores de gravação e leitura de dados, gráficos 4K a uma taxa de atualização de imagem de 120Hz e ainda um sistema de retrocompatibilidade com jogos da PlayStation 4. Em outubro desse ano, a fabricante japonesa revelou que a consola tem uma data de chegada prevista para o final de 2020.
Além de áudio 3D e Blu-Ray Ultra HD, confirma-se também a chegada de um novo comando com funcionalidades hápticas e gatilhos sensíveis à pressão, as quais pretendem substituir o atual sistema de rumble, presente nos diferentes comandos desde a quinta geração de consolas. Já os “adaptive triggers”, incorporados nos gatilhos L2/R2 poderão permitir aos produtores de videojogos programar a sua resistência para que os jogadores sintam nos dedos a sensação tátil de puxar a corda de um arco e flechas, ou acelerar um veículo todo-o-terreno num solo irregular.
No âmbito das possibilidades, surgiu recentemente o rumor de que a Sony vai dar início à nova geração de consolas com dois sistemas, sendo que se espera que no final do ano haja duas PS5 no mercado. O rumor avançado indica que a fabricante vai lançar o modelo Pro pouco depois do lançamento da versão padrão, o qual tem como objetivo competir com a Xbox Series X da Microsoft.
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