A ideia de aumentar a capacidade de computação europeia já é antiga e está integrada com a estratégia digital, sendo o objetivo aplicar os supercomputadores ao desenvolvimento científico nas áreas da Saúde, Segurança e Ambiente, entre outras.

Para implementar a estratégia vai ser criada a EuroHPC, uma joint venture que materializa uma nova estrutura jurídica e de financiamento a quem caberá a função de adquirir, desenvolver e implantar em toda a Europa uma infraestrutura de computação de alto desempenho (HPC) e de craveira mundial, segundo um comunicado hoje divulgado.

Para além disso, apoiará um programa de investigação e inovação para o desenvolvimento de tecnologias e máquinas (equipamento informático), bem como de aplicações (suporte lógico) que possam funcionar nesses supercomputadores.

Supercomputador cedido pelos Estados Unidos “a caminho” de Portugal
Supercomputador cedido pelos Estados Unidos “a caminho” de Portugal
Ver artigo

A Comissão justifica este plano com o facto de, atualmente, a capacidade de computação disponível na União Europeia (UE) não ser suficiente para satisfazer as suas necessidades de cálculo e, por isso, o tratamento de dados é feito fora da UE, comprometendo a privacidade, a proteção e propriedade dos dados e os segredos comerciais.

"Nenhum país, nenhuma universidade, nenhuma empresa, conseguiriam sozinhos o que nós hoje estamos a fazer", disse, em conferência de imprensa, o comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, Carlos Moedas, defendendo que “os supercomputadores vão revolucionar a aprendizagem automática, o dito 'machine learning', e essa aprendizagem vai revolucionar a própria ciência”.

No âmbito do atual Quadro Financeiro Plurianual, a contribuição da UE para a EuroHPC será de cerca de 486 milhões de euros, valor ao qual serão somadas as contribuições dos Estados-membros e de países associados, num montante total semelhante.

No total e até 2020, o investimento público será de cerca de mil milhões de euros, juntando-se contribuições em espécie das entidades privadas participantes na iniciativa.

O investimento será feito na aquisição e utilização de duas máquinas com desempenhos pré-exaescala (100 mil biliões de operações por segundo) de craveira mundial e de, pelo menos, duas máquinas de supercomputação intermédias (capazes de efetuar cerca de 1016 operações por segundo), assim como na concessão e gestão do acesso de um largo espetro de utilizadores públicos e privados a estes supercomputadores a partir de 2020.

A empresa EuroHPC, que estará ativa de 2019 a 2026, também irá apoiar o desenvolvimento de tecnologias europeias de supercomputação, incluindo a primeira geração europeia de tecnologia de microprocessadores de baixo consumo energético, a conceção colaborativa de máquinas à exaescala (um trilião de operações por segundo) europeias, e o desenvolvimento de competências e de uma utilização mais ampla da HPC.

A EuroHPC é propriedade conjunta dos seus membros que, numa primeira fase são os países signatários da Declaração EuroHPC, uma lista que inclui Portugal, e os membros privados das universidades e da indústria, sendo por estes gerida.

A qualquer momento poderão aderir a esta iniciativa outros membros, mediante contribuição financeira.