Hoje em dia é muito difícil imaginarmos a nossa vida sem equipamentos eletrónicos como smartphones e computadores. No entanto, o lixo eletrónico é o fluxo de resíduos de maior crescimento na União Europeia (UE) e, para agravar mais a situação, menos de 40% é reciclado.
Numa nova publicação, o Parlamento Europeu (PE) explica alguns factos e números sobre o lixo eletrónico e alerta para a necessidade de se apostar na reciclagem. Recordando dados do Eurostat relativos a 2017, o organismo deixa claro que as práticas de reciclagem variam entre os Estados-membros. De qualquer forma, certo é que a média europeia nesse ano foi de apenas 39,5%.
Entre 27 países, Portugal foi o 16º que mais reciclou lixo eletrónico em 2017: 43,5%. Esta realidade contrasta com a de Malta, a nação que menos aposta na reciclagem (20,8%). Roménia e Chipre também se destacam pela negativa.
Quanto aos países que mais adotam esta prática, a Croácia surge na primeira posição, ao reciclar 81,3% do lixo eletrónico. Estónia e Bulgária também se encontram no pódio.
A urgência de reciclar equipamentos eletrónicos e elétricos
Os resíduos que os equipamentos eletrónicos e elétricos geram tornaram-se um obstáculo aos esforços da UE para reduzir a sua pegada ecológica. Mas o que é que estes resíduos incluem? "Uma vasta gama de produtos diferentes que são deitados fora após serem utilizados", explica o Parlamento.
Os grandes eletrodomésticos, como máquinas de lavar roupa e fogões elétricos, são os mais recolhidos, constituindo mais de metade de todos os resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos. Só depois surgem os equipamentos informáticos e de telecomunicações (portáteis, impressoras), equipamentos de consumo e os painéis fotovoltaicos (câmaras de vídeo, lâmpadas fluorescentes) e os pequenos eletrodomésticos (aspiradores, torradeiras).
As restantes categorias, como as ferramentas elétricas e os dispositivos médicos, representam, no total, apenas 7,2% dos resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos recolhidos.
A estratégia europeia na hora de promover a reciclagem de lixo eletrónico
Este tipo de equipamentos descartados contêm materiais potencialmente nocivos que poluem o ambiente e aumentam os riscos para as pessoas envolvidas na reciclagem de resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos. De forma a resolver este problema, a UE adotou uma legislação específica para impedir a utilização de alguns produtos químicos, como o chumbo.
O Parlamento destaca ainda outra questão: "muitos minerais raros que são necessários nas tecnologias modernas são oriundos de países que não respeitam os direitos humanos". Por isso, para evitar apoiar inadvertidamente conflitos armados e violações de direitos humanos, os deputados europeus adotaram regras que exigem que os importadores europeus de minerais raros verifiquem antecedentes dos seus fornecedores.
Já em março deste ano, a Comissão Europeia aprovou um novo plano de ação para a economia circular onde apresenta uma série de medidas que querem tornar mais sustentável a forma como fabricantes e os utilizadores lidam com os aparelhos eletrónicos. Entre elas está a implementação de um direito à reparação, tendo em vista o prolongamento da vida útil dos equipamentos e a evitar a acumulação de dispositivos e materiais funcionais em lixeiras.
Entretanto, o Parlamento vai votar um relatório de iniciativa sobre este plano em fevereiro de 2021. No documento, o organismo referiu que "para que a economia circular seja um sucesso, é necessário aplicar os princípios da circularidade em todas as fases da cadeia de valor".
Quais são os hábitos dos portugueses em relação ao lixo eletrónico?
No que diz respeito à realidade nacional, um estudo recente deu conta que mais de 20% dos portugueses ainda não sabem onde deixar equipamentos eletrónicos e elétricos em fim de vida. Ainda assim, mais de metade dos inquiridos referiram que 66,2% reciclam estes equipamentos quando se avariam ou se encontram danificados.
Para incentivar a reciclagem do lixo eletrónico surgiu, entretanto, um novo programa de 20 mil euros para projetos nesta área. O e-Waste Open Innovation, uma iniciativa da ERP Portugal, LG e Startup Lisboa, pretendeu incentivar empreendedores a desenvolver soluções ligadas à reciclagem de Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos. O prazo de candidaturas terminou a 7 de novembro.
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