"A rede que temos não permite ter um ensino digital a funcionar a 100% porque o plano digital está atrasado e os alunos acabam por ser os prejudicados", disse à Lusa Rui Martins, da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE), onde têm chegado queixas de pais que temem que as falhas na internet deixem os seus filhos para trás nas aulas online.
Segundo Rui Martins, uns não conseguem entrar nas plataformas onde estão a ser dadas as aulas, enquanto outros deixam de repente de ouvir professores e colegas, perdendo o fio condutor da matéria que está a ser ensinada.
A situação também preocupa professores, que acabam por perder muito tempo à espera que todos os alunos "entrem" nas aulas, lembrou por seu turno o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP).
Segundo Filinto Lima, "o problema que antes existia nas escolas passou agora para casa", o problema está em ter muita gente ao mesmo tempo ligada.
Se nas grandes cidades é preciso reforçar a rede de internet para dar resposta a todos, em algumas zonas do interior o problema ainda está em conseguir fazer chegar a ligação, disse Filinto Lima à Lusa.
A ideia é corroborada pelo presidente da Associação Nacional de Diretores Escolares (ANDE), Manuel Pereira, ao afirmar que "o país não é todo igual e há zonas onde a internet é demasiado lenta para as crianças, para os adultos, para toda a gente que precisa de a usar".
As escolas tiveram autonomia para definir a percentagem de aulas síncronas e assíncronas e em alguns estabelecimentos de ensino os alunos passam a maior parte do tempo com aulas online.
Manuel Pereira lembra ainda o problema dos alunos mais novos que não têm autonomia para conseguir usar sozinhos as plataformas nem resolver eventuais problemas que surjam.
No entanto, o presidente da ANDE faz um balanço positivo deste regresso ao ensino à distância: "Está a correr muito melhor, pelo menos é o feedback que temos de alunos e professores".
A experiência adquirida no confinamento de março do ano passado "permitiu que agora todos estivessem muito mais preparados", acrescentou.
"As famílias já estão mais adaptadas às novas tecnologias, até porque muitas adquiriram equipamentos que antes não tinham. Do lado dos professores, também já há uma experiência no uso das plataformas que em março não existia", disse à Lusa.
O programa do Governo de distribuição de computadores continua longe de chegar à maioria dos estudantes. Até ao momento, já foram entregues 100 mil equipamentos estando prevista a distribuição de mais 335 mil.
O Ministério da Educação decidiu que os estudantes que não tinham equipamentos para acompanhar as aulas online deveriam regressar às escolas, onde existe material e uma equipa para os ajudar a acompanhar as aulas que continuam a ser dadas pelos seus professores.
"Foi feito esse levantamento e neste momento todos esses alunos estão nas escolas. Claro que este é um processo que está em constante mutação", disse à Lusa Filinto Lima.
Por exemplo, se o computador de um aluno se avaria ele tem de voltar para a escola, para continuar a ter aulas, assim como quando chegam remessas de equipamentos para distribuir pelos estudantes, estes podem então ter aulas a partir de casa.
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