A experiência do confinamento em 2020 com as aulas à distância, por modelo online ou na telescola, vai voltar a ser repetida depois das escolas terem fechado devido ao agravamento da pandemia da COVID-19. Primeiro o Governo tentou uma suspensão das aulas por 15 dias mas acabou por admitir que tinha de avançar com as aulas online, já que não havia condições para reabrir as escolas.
O modelo é conhecido de alunos, professores e encarregados de educação, e mesmo com as falhas que são apontadas ao ensino à distância, com lacunas na capacidade de desenvolvimento das aprendizagens e da concentração das crianças e dos jovens, as escolas garantem estar preparadas para dar aulas online.
Poucos dias antes de se conhecer a decisão de regressar às aulas online, Manuel António Pereira, presidente da ANDE - Associação Nacional de Dirigentes Escolares, afirmava ao SAPO TEK que “desde o início do ano letivo que todas as escolas estão preparadas para várias possibilidades de trabalho. Todas as escolas prepararam durante o período de Verão planos de Contingência para dar resposta a todas as situações possíveis. Para avançar com ensino presencial; Ensino Misto ou Ensino à distância. Portanto todas as escolas, desde setembro passado, estão preparadas para qualquer uma dessas três possibilidades”. Mas avisa também que “sobram problemas que nunca foram totalmente resolvidos”, entre os quais os computadores prometidos, apenas chegaram para alunos do Ensino Secundário apoiados pela ASE (Ação Social Escolar).
100 mil computadores do programa Escola Digital já começaram a chegar aos alunos, um primeiro lote de equipamentos que se destina aos alunos do secundário com mais carências, mas não são suficientes. O Governo já encomendou mais 335 mil, a que se juntam mais 15 mil PCs que vão ser comprados, numa autorização de despesa especial aprovada no último Conselho de Ministros, mas não se sabe quando podem estar disponíveis, até porque existem dificuldades de entrega a nível global por falta de componentes relevantes, como ecrãs.
Orientações para as escolas e educadores
O Ministério da Educação tem enviado orientações às escolas e indica que "deverá haver um equilíbrio entre atividades síncronas e assíncronas que proporcione tempos de atenção dispensada em ecrã e tempos de trabalho assíncrono, em função dos diferentes níveis de ensino e das condições específicas de cada turma, o que se encontra contemplado nos documentos de apoio ao E@D".
No site de apoio às escolas há vários recursos disponíveis, com orientação para a implementação do regime não presencial e metodologias de ensino à distância, assim como recursos didáticos digitais disponibilizados e organizados por área disciplinar e por ciclo e nível de ensino, incluindo a educação pré-escolar. Entre os conteúdos criados estão os do Plano Nacional de Leitura e das Associações Profissionais e Sociedades Científicas.
Os conteúdos do #EstudoEmCasa estão disponíveis na RTP Memória e no RTP Play, assim como na app, com os materiais e planificações integrados na página da Direção-Geral da Educação. O Ministério da Educação relembra que este ano têm vindo a ser produzidos blocos de conteúdos específicos para o 1.º ano do ensino básico, assim como para o ensino secundário, incluindo a componente sociocultural e técnica dos cursos de dupla certificação. Mas as últimas notícias dão conta de problemas de contratação, com os operadores à espera de assinar contrato para avançarem com os conteúdos para o ensino secundário.
Em comunicado enviado às redações, o Ministério afirma que as “aulas” do #EstudoEmCasa para o Ensino Secundário chegam também à televisão, já a partir desta segunda-feira, dia 8 de fevereiro.
"Os 75 blocos pedagógicos temáticos semanais produzidos para o Ensino Secundário, que desde o início do ano letivo têm vindo a ser disponibilizados na RTP Play, vão passar a estar acessíveis na posição 8 (posição 9 nos Açores e na Madeira) da televisão digital terrestre (TDT), num espaço ainda sem programação, que será utilizado temporariamente, e na posição 444 das operadoras de cabo", indica o mesmo documento.
Estes são os horários para as aulas da Telescola para o ensino básico
Estes são os horários das aulas para o ensino secundário
10 recomendações para proteger “miúdos e graúdos” contra ameaças nas plataformas de aulas à distância
O projeto SeguraNet tem uma série de recomendações ligadas à segurança, privacidade e contactos de risco online que podem ser revisitados na brochura online e no site com conteúdos em vídeo para os mais novos.
Clique na galeria e fique a conhecer 10 conselhos para aulas à distância mais seguras
O bê-a-bá da partilha de informação em segurança
- É verdade que algumas plataformas digitais têm opções que permitem utilizar encriptação ponta-a-ponta, no entanto, a proteção de informações sensíveis não deixa de ser importante. Os dados pessoais como a morada, contactos e fotografias não devem ser partilhados, pois podem ser facilmente encontrados por cibercriminosos e utilizados de forma maliciosa. Recorde-se que, recentemente, mais de 500 mil contas Zoom estão à venda em fóruns de hackers na Dark Web.
- Por vezes, as sessões nas plataformas digitais são gravadas e os utilizadores deixam de ter controlo sobre a privacidade dos seus dados, incluindo o som e a imagem que partilham através do microfone e da webcam. Os equipamentos devem ser utilizados apenas quando for estritamente necessário e, uma vez que podem ser acedidos remotamente por atacantes, devem também ser desligados após cada uso.
- O administrador da reunião pode configurar a plataforma de modo a reduzir o risco de as sessões serem gravadas por terceiros. No entanto, as entidades responsáveis pela iniciativa indicam que, mesmo nestes casos, o controlo total da privacidade não é garantido, pois existe a possibilidade de gravar o que se está a passar nas reuniões através de software externo.
- A funcionalidade de envio de ficheiros no serviço de mensagens deve ser desativada para evitar a partilha de conteúdo malicioso. As recomendações estendem-se também à partilha de ecrã. O anfitrião da reunião pode configurar as opções da plataforma para evitar que qualquer pessoa partilhe o que está a ver no seu ecrã. Além disso, a utilização de uma marca de água no conteúdo transmitido é uma forma de proteger a propriedade intelectual do utilizador que o criou.
Quem pode entrar?
- As plataformas disponibilizam diferentes formas de convidar participantes para as sessões. Embora a partilha do URL da chamada com contacto direto pareça mais prática, o envio de um identificador e de uma palavra-passe é uma opção mais segura. Para adicionar mais uma camada de segurança, é possível exigir que os utilizadores se autentiquem na plataforma através de um login antes de entrarem na sessão.
- Os anfitriões devem ainda “trancar” a porta das reuniões virtuais, de forma a evitar que estranhos que tenham conseguido aceder ao link de entrada ou à palavra-passe entrem na sessão.
- Algumas plataformas digitais oferecem a possibilidade de criar uma “sala de espera” virtual antes das sessões começarem. A funcionalidade pode ajudar os anfitriões a monitorizar os quem chega e escolher quem pode participar.
A ciber-higiene é essencial
- É também importante manter algumas regras de ciber-higiene na utilização das plataformas. Assim, é necessário manter o software atualizado e assegurar que as palavras-passe usadas são fortes, não esquecendo de alterá-las com frequência e de utilizar credenciais diferentes para cada plataforma. Além disso, é recomendável fazer backups regulares, assim como não clicar em endereços desconhecidos ou abrir anexos suspeitos e evitar trabalhar em redes WiFi públicas.
As plataformas digitais são um útil recurso para inúmeros alunos e professores, mas a sua configuração nem sempre é assim tão fácil. Além das recomendações, a Direção-Geral da Educação disponibiliza alguns manuais práticos para plataformas como a Zoom, a Moodle e a Microsoft Teams.
Recorde-se que a CNPD já tinha alertado para os riscos de privacidade do ensino à distância. No mesmo dia em que as medidas excecionais para as escolas foram comunicadas pelo Governo, o organismo que tem como função controlar e fiscalizar o processamento de dados pessoais publicou um documento com orientações para os diferentes intervenientes nos tratamentos de dados pessoais efetuados na utilização de tecnologias de suporte ao ensino à distância.
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